domingo, 6 de junho de 2010

Prática, demagogia e cinismo


Por Pedro César Batista

A melhor forma para educar os mais jovens é o exemplo dos mais velhos e, principalmente, das pessoas que possuem uma vida pública. Mais vale uma greve do que uma dúzia de lições, dizia Lenin, personagem histórico que foi destroçado pela mídia a serviço do lucro e egoísmo dominante.

O que verificamos é uma inversão total dos valores. Costuma-se ouvir certos discursos repletos de mentiras e promessas. Principalmente da mídia que cumpre um papel criminoso, controlando as informações segundo o que pode ou não dar lucros. Modelos distantes da realidade da maioria da população são propagados pela mídia. São falas sem eco, sem sustentação na realidade. Isso se repete em salas de aula, em igrejas e em muitas famílias, mas é na gestão do Estado que se verificam as maiores contradições.

Muitos religiosos falam em nome de Deus e de Jesus, mas praticam a usura e a avareza. Usa-se a bíblia para justificar atos, esquecendo-se que somente a prática pode justificar e educar para a fraternidade e a solidariedade. Na contramão disso a história mostra as guerras, massacres e violências praticadas em nome desses dogmas.

No caso daqueles que exercem cargos públicos, eletivos ou efetivos, a situação é mais assustadora. Primeiro, esquecem-se que são empregados da sociedade. Usam os bens e recursos públicos como se fossem privados. Uns, aproveitam para acumular riquezas, outros, independente da função, buscam qualquer nível de poder.

A violência praticada pelo Estado contra os mais pobres assegura a impunidade da prática cotidiana dos mais poderosos. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, cita como uma de suas principais obras o massacre praticado pela polícia militar carioca. Em um ano mais de 1500 pessoas foram assassinadas pelas balas dos agentes responsáveis pela segurança pública, como se essa fosse a função da PM e dos governantes.

Apesar disso, verifica-se que a sociedade fortaleceu seu controle. Desde a última eleição municipal, em 2008, foram cassados 119 prefeitos e, desde 2003, 2179 servidores perderam o emprego por praticarem a corrupção. Importante conquista que precisa avançar criando as condições para a revogabilidade dos eleitos, antes da realização de uma nova eleição. Pratica realizada na Venezuela com Hugo Chaves, assegurando efetivamente a democracia. Apesar disso, a mídia propaga que nesse país há uma ditadura, enquanto em terras verde-amarelas lutar, como os Sem Terras fazem, torna-se crime nos discursos de jornalistas e políticos inescrupulosos.

Aproximam-se mais uma eleição e veremos discursos demagógicos e cínicos de muitos candidatos. Muitos desses personagens são conhecidos da população, que, por desinformação e alienação política, termina (re)elegendo muito deles. Figuras que poderiam usar óleo de peroba diariamente tamanha a cara-de-pau que possuem, pois o lugar que deveriam estar é na prisão.

É preciso rever a prática em todos os níveis. Construir uma relação verdadeiramente humana, capaz de não achar normal a demagogia e o cinismo que verificamos diariamente em muitos lugares. É preciso praticar a indignação e solidariedade, construindo novas práticas políticas e verdadeiramente humanas.


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