segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

FOLIA DE REIS DE ANÁPOLIS - VILA SÃO JOAQUIM










Mutirão de Fiação




Foi realizado no dia 18 de janeiro de 2009, domingo, na Associação Cultural e Artística de Anápolis, a ACAA, o IV Mutirão de Fiação. O artesanato de tradição é uma arte cultuada pelas fiandeiras de Anápolis, de valor histórico, simbólico, cultural e artístico. Suas cantorias de trabalho revelam um universo singelo da mulher do campo herdeira de um conhecimento milenar.A iniciativa de formar um grupo com as fiandeiras de Anápolis surgiu de vários anseios, tanto por parte das senhoras, detentoras do conhecimento da fiação manual como por parte da pesquisadora e mestre em Arte, Ludmila Machado, interessada em reativar esta antiga atividade na Cidade.




Realização:




ACAA




Rede Comunitária de Comunicação




Prefeitura de Anápolis/Diretoria de Cultura

sábado, 24 de janeiro de 2009

Revista A Rede

Uma câmera na mão do povo

10 de Novembro de 2006
Nas periferias metropolitantas, em cidades pequenas, em áreas remotas, nas várias regiões do país, jovens, índios e artistas independentes estão fazendo filmes.É a semente de uma indústria criativa nacional, e o caminho para a construção de uma identidade cultural para populações à margem da grande mídia.
Verônica Couto
Cinema todo o domingo, no Vale do Cariri O direito ao espelho. O direito à criação e à percepção da sua própria imagem, o direito de comunidades e indíviduos decidirem como querem ser vistos. Na opinião de Célio Turino, secretário de Programas e Projetos Culturais do Ministério da Cultura, assegurar esse direito é a única forma de construir uma sociedade de ampla participação. E também explica o impacto das experiências audiovisuais em áreas marcadas pela exclusão social. São jovens de periferias pobres de grandes metrópoles, povos indígenas, populações de pequenas cidades, detentoras de vasto saber popular, todos de câmera na mão, filmando, editando, montando e tentando descobrir um novo ponto de vista para o mundo e para si mesmos.Pesquisa feita em 152 dos primeiros Pontos de Cultura conveniados no programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura (MinC), mostra que 66% deles trabalham com linguagem audiovisual. Uma surpresa para quem imaginava que a cultura popular se concentrasse no artesanato, como dita o senso comum. Na verdade, o artesanato foi o item menos apontado, segundo o levantamento da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), presente em apenas 33% dos pontos, atrás de música (61%), teatro (56%), dança e fotografia (42%), e artes plásticas (40%).O próximo passo do MinC é encontrar formas de divulgar os filmes e vídeos criados nos Pontos de Cultura ou a partir da articulação com eles. Desde outubro, a Radiobrás, por meio da TV Nacional, da NBR e da TV Nacional Brasil-Canal Integración (em TVs pagas ou via parabólica), está exibindo, aos sábados,12h30, o programa “Rede Comunitária”. Com 25 minutos de duração, é produzido por equipes de Pontos de Cultura, com a coordenação do “Pontão” de Cultura Rede Comunitária de Produção Audiovisual, de Brasília-DF, e do ministério. Mesmo acordo foi firmado com a TV Comunitária de Goiânia (GO), e com a TV Cidade Livre, de Brasília. A partir de fevereiro de 2007, os cineastas dos Pontos de Cultura poderão contar, ainda, com meia hora semanal na TVE (emissora educativa, mantida por uma instituição sem fins lucrativos, em parceria com o Ministério da Educação), que contratou 26 programas.A reconquista da identidade cultural, em aldeias do Acre. “Nosso alvo, agora, é aproximar os pontos das áreas de educação e difusão”, adianta Turino. A Associação Brasileira dos Canais Comunitários (Abcom) propôs ao ministro da Cultura, Gilberto Gil, que cada emissora comunitária se torne um Ponto de Cultura. “Vemos a idéia com bons olhos”, diz o secretário do MinC.Outra oportunidade para expandir e descentralizar o mercado audiovisual anuncia-se com a TV digital. “Esse movimento (dos Pontos de Cultura) vai ter uma repercussão grande com a entrada da TV digital, que já contaria com fontes de produção comunitária de vídeo”, afirma Turino. Além disso, o presidente reeleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou que pretende criar novos canais educativos e públicos. Sem falar nas novas mídias, que envolvem transmissão de imagem pela web, por exemplo, para celulares. Por isso, a política pública para apoiar essa produção, idealizada pelo MinC, trabalha com dois eixos: o político, de apropriação da tecnologia para abrir um espaço de expressão a segmentos sociais excluídos da grande mídia; e o econômico, para ocupação de postos de trabalho e geração de renda.Por que as oficinas de audiovisual fazem tanto sucesso nos Pontos de Cultura? “Porque os grupos organizados estão buscando o empoderamento da tecnologia na perspectiva de ter voz”, responde Turino. Outro aspecto tem a ver com o envolvimento dos jovens. A pesquisa da UERJ revela que 97% do público atendido pelos pontos têm entre 16 e 24 anos. “O que mais atrai a juventude é o elemento do protagonismo. Além disso, as políticas tradicionais para a juventude não dão mais respostas às aspirações dos jovens de hoje. Sem desmerecer as profissões tradicionais, o jovem contemporâneo convive com outro tipo de informação e desenvolve outra expectativa, para as quais as novas tecnologias abrem espaço”, explica Turino.Começam a surgir, assim, embriões de pólos de produção audiovisual popular e articulações entre eles para furar o bloqueio da programação dominante nas emissoras comerciais de TV. O programa “Rede Comunitária”, exibido aos sábados nas emissoras da Radiobrás, está estruturado em um bloco de quatro minutos e três blocos de sete minutos. Trata de arte, cultura, educação, empreendedorismo e geração de renda.Tv Ovo: programção no ônibuse em telões. O produtor George Duarte integra a Rede Comunitária de Produção Audiovisual, “Pontão” de Cultura em fase de constituição, na cidade de Goiás (GO), e é responsável pela coordenação do programa. Ele explica que, além das pautas que são encomendadas às equipes dos Pontos de Cultura, eles também podem enviar, por e-mail (redecomunitariatv@gmail.com), sugestões de conteúdos a serem exibidos.“A força do projeto é a rede. Parte dela começou a se formar em Goiás, e, agora, chega ao Nordeste”, diz George. A Rede Comunitária de Produção Audiovisual, com sede na cidade de Goiás, é um “Pontão de Cultura” porque se articula com 13 Pontos de Cultura do Centro-Oeste. Mais para cima, em Olinda, Pernambuco, o cineasta Lula Gonzaga também organiza iniciativa semelhante, com base no Ponto de Cultura de Cinema de Animação. A Rede Nordeste de Produção Audiovisual vai integrar vários pontos localizados na região, especialmente em Fortaleza (CE). “Deve ser por causa da luz de lá”, acredita George.De fato, só da capital cearense farão parte da rede o Ponto de Cultura Acartes (Academia de Ciências e Artes) de Pirambu, o Ponto de Cultura Amanda-Associação Mundo Animado das Artes (que atende cerca de 150 jovens em cursos de animação), o No Ar Alpendre (cuja série “Anônimos” traz várias pessoas contando suas histórias), e o Núcleo Sócio-Cultural de Arte Audiovisual-Encine. Todos já com acervos de vídeos assinados por alunos de oficinas ou produtores independentes. Para o média-metragem “Poço da Pedra-a saga de um povo”, a Acartes mobilizou cerca de 150 profissionais, dos quais 103 formados no Ponto de Cultura. O roteiro é baseado em romance de Gerardo Damasceno, um dos coordenadores da entidade, e se passa no extinto distrito cearense Poço da Pedra.Ciclo de CataguasesEm Cataguases, a Fábrica do Futuro segue a trilha de Humberto Mauro. Na década de 20, um pólo importante para o cinema do país foi a cidade de Cataguases, na Zona da Mata mineira, onde o cineasta Humberto Mauro liderou o chamado Ciclo de Cataguases. Hoje, na mesma cidade, o Ponto de Cultura Fábrica do Futuro - Incubadora Cultural do Audiovisual e Novas Tecnologias atua com jovens também com o próposito de fomentar ali um pólo de economia criativa. “A Fábrica trabalha com a perspectiva de arranjo criativo e produtivo local, na produção de animação e conteúdo para os novos meios de telecomunicações e comunicação”, explica Cesar Piva, gestor cultural do projeto. Entre dezembro de 2005 e maio deste ano, o ponto formou 65 jovens bolsistas (Agentes Cultura Viva), dos quais 35 continuam no projeto como voluntários, e 14 foram incorporados ao mercado de trabalho formal.A Fábrica do Futuro é mantida pelo Instituto Francisca de Souza Peixoto, da Cia. Indústria Cataguases. Dá oficinas de audiovisual, roteiros, trilhas sonoras, registro de memória oral, produção de TV local, pesquisa tecnológica e metarreciclagem, e de implantação de telecentros comunitários. Conta com duas ilhas de áudio e vídeo. Localizada no centro de Cataguases, tem, ainda, cinco telecentros em escolas municipais. Em 2007, vai receber aparelhos de projeção para um programa de formação de público, via cineclube e exibições em praças, escolas e centros culturais. A relação de vídeos produzidos na Fábrica é extensa, entre eles o “TV Cineport”, um videoclipe da oficina realizada em Lagos (Portugal), este ano, durante o 2º Cineport-Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa, com a participação de 20 jovens, do Brasil, Portugal e África. Ou o vídeo-documentário da Parada Gay de Juiz de Fora, em conjunto com os ativistas do Ponto de Cultura MGM- Movimento Gay de Juiz de Fora. Afinada com o idéia de construção de redes, a entidade mineira apóia a formação de um “Consórcio Intermunicipal de Cultura e Cidadania”, com prefeituras e fundações de cidades vizinhas. Atualmente, diz Cesar, estão em fase de implantação núcleos da Fábrica do Futuro em Muriaé, Leopoldina e São João Nepomuceno.Ovo no ônibusAs oficinas da Fábrica em ação Noutro extremo do país, no coração do Rio Grande do Sul, na cidade universitária de Santa Maria, o Ponto de Cultura Espelho da Comunidade desenvolve, há dez anos, oficinas com adolescentes — o projeto TV Ovo, da ONG do mesmo nome. Atualmente, são duas ou três oficinas por ano, cada uma com duração de seis meses e uma média de 15 jovens, que criam reportagens, filmes de ficção, videoclipes, documentários. As atividades acontecem em três comunidades da cidade: na Nova Santa Marta, uma ocupação que concentra sete vilas, na Vila Nonoai e na Cohab Fernando Ferrari. De novembro de 2005 a maio deste ano, o curso de capacitação de Agentes Cultura Viva em audiovisual atendeu 105 jovens.Segundo Paulo Roberto Tavares, coordenador do ponto, em cada um desses lugares forma-se, após a oficina, um núcleo de produção de vídeo. Os jovens começam com câmeras SuperVHS, passam para a minDV e concluem os trabalhos numa filmadora profissional (formato DVC Pro). “Muitos já estão no mercado profissional”, garante Paulo. Três dos jovens capacitados pela TV Ovo foram escolhidos, este ano, para a 8ª Oficina de Produção de Vídeo Geração Futura, do Canal Futura (mantido pela Fundação Roberto Marinho).Os vídeos feitos nas oficinas do ponto passam em telões e são formatados para o projeto TV Ovo no Ônibus. Este último, em operação desde 2001, “foi a forma encontrada para que as produções chegassem ao grande público”, diz Paulo. Um ônibus de transporte público da cidade, equipado com videocassete e televisor, circula por diferentes linhas durante o mês, exibindo programa de 30 minutos, com quadros que incluem desde reportagens a videoclipes de bandas locais.Por que TV Ovo? Nada a ver com o ovo, avisa o coordenador do Ponto de Cultura. Apenas, quando iniciaram as primeiras oficinas, na Vila Caramelo, zona oeste da cidade, o projeto se chamava Oficina Vídeo Oeste (OVO). Atualmente, o ponto é referência para muitas ações culturais: co-produtor, por exemplo, do Festival Santa Maria Vídeo e Cinema, realizado pela ONG SMVC e promovido pela prefeitura e pela RBS TV. Mais importante, avalia Paulo, “a comunidade criou o hábito regular de estar produzindo, atuando, gerando pautas e enxergando mais o seu próprio dia-a-dia. Qualquer coisa que acontece, está lá a gurizada da TV Ovo, junto”. André Luis da Cunha Campanhol, de 22 anos, um dos selecionados para a oficina da TV Futura, está fazendo o site do Ponto de Cultura, e pretende, este mês, colocá-lo no ar, inclusive com links para os vídeos.Um espaço público na internet para hospedar a produção audiovisual popular é justamente a reivindicação feita pelo cineasta Flávio Cândido, diretor do longa-metragem “A Terceira Morte de Joaquim Bolívar”, premiado em 98 no Prêmio HBO Brasil de Cinema. Ele é diretor pedagógico da ONG Oficina do Parque, base do Ponto de Cultura Eduardo Abelin, no bairro de Maceió, em Niterói (RJ). No ponto, cujo nome homenageia um pioneiro do cinema de rua, funciona o PADOP - Programa de Inclusão Audiovisual e Digital da Oficina do Parque. A proposta é atuar como uma escola técnica, com cursos que levam, em média, de seis a oito meses. A oficina está na terceira turma, conta com três filmes prontos, mais um institucional da ONG, e três em fase de finalização. Entre os concluídos, o “Maceió é aqui”, de Rafael Moreno, de 24 anos, levou o prêmio de melhor diretor de documentário no II Curta Três Rios. “O Ministério da Cultura poderia prover um espaço de hospedagem online para os filmes. A Net (operadora de TV por assinatura), que tem 40 mil assinantes na região, poderia colocar a produção comunitária no seu cabo. Ou os vídeos poderiam ser incluídos na grade de conteúdos da TV Escola”, sugere Flávio. A TV Escola é um canal do Ministério da Educação, que transmite conteúdos educativos, via antena parabólica, às escolas públicas de ensino fundamental e médio. George Duarte, que atua no MinC e na Rede Comunitária de Produção Audiovisual, em Goiás, diz que futuras negociações com a TV Escola já estão na agenda do projeto.Enquanto essas portas não se abrem, Flávio está negociando uma parceria com a TV Câmara de Niterói. Atualmente, um canal público é destinado, meio a meio, à Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro e à Câmara niteroiense. “Acontece que a Câmara não tem nem pessoal, nem equipamento para manter o canal 12 ou sete horas no ar. Conseguem ocupá-lo por cerca de três horas, e apenas com as sessões dos vereadores”, diz Flávio. A idéia é preencher o espaço ocioso com produção comunitária da Oficina do Parque.
Parcerias com estadosAtualmente, o Programa Cultura Viva mantém uma rede de 480 Pontos de Cultura. De acordo com o secretário de programas e projetos culturais do Ministério da Cultura, Célio Turino, cada unidade recebe, em média, 5 mil pessoas por mês. E o MinC firmou 40 convênios com estados e municípios para apoio à sustentabilidade dos pontos. Já estão nos procedimentos finais da parceria estados como Acre, Piauí, Ceará, Bahia e Mato Grosso; além de Alagoas (ainda a assinar o termo de cooperação). Entre as prefeituras em fase de adesão ao projeto, Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Aracaju (SE), Recife (PE), João Pessoa (PB). Em Campinas (SP), está sendo discutida a criação de 18 pontos novos, financiados pela prefeitura. A seleção dos Pontos de Cultura é feita por meio de editais públicos. Já foram realizados quatro, desde 2004. O MinC fornece kits multímidia (computadores, softwares livres, equipamentos para produção e edição de som e imagem, ou recursos para aquisição dos equipamentos (cerca de R$ 20 mil), e oficinas de capacitação. A entidade escolhida se encarrega da gestão. Também são pagas (em geral com atraso) bolsas para os jovens que participam das oficinas, os agentes Cultura Viva.http://www.cultura.gov.br/
Filmar a cultura. E o que é cultura?Karané, um dos realizadores do filme "Das crianças lkpeng parao mundo", premiado no Brasil e no exterior O impacto do audiovisual nas comunidades é enorme, mas não basta dar os equipamento e ensinar a operá-lo. É preciso aprofundar a capacitação para que surjam, de fato, produtos significativos. Essa é a opinião de Mari Corrêa, coordenadora da ONG Vídeo nas Aldeias, que dá oficinas e apoio logístico à produção de filmes em tribos indígenas. “A linguagem oral é muito democrática, e tem a ver com a tradição indígena. Os mais velhos não lêem, não escrevem, e, assim, apreciam muito o filme como forma de expressão. Além disso, estamos numa época essencialmente visual, e o vídeo é um motor de auto-estima impressionante”, avalia.A ONG Vídeo nas Aldeias existe há 20 anos, trabalhando com audiovisual indígena. É uma escola de formação, além de distribuidora e produtora de vídeos. Tem 60 filmes prontos, sempre com temática indígena e a maioria deles feita pelos próprios integrantes das diversas etnias. Desde 2004, tornou-se Ponto de Cultura, com um projeto focado no atendimento a povos do Acre, com os quais já trabalhavam. “A demanda estava grande, e a gente não dava conta”, diz Mari.A área de atuação da ONG cobre, do Mato Grosso para cima, povos da Amazônia. E os vídeos circulam fundamentalmente entre as aldeias, em mostras e festivais. A equipe da ONG realiza, por ano, quatro oficinas (uma parte de campo e outra de edição) — nas aldeias e no estúdio, localizado em Olinda (PE) —, e vai acompanhando o processo de formação. Quando os índios começam a dominar os instrumentos de filmagem, a Vídeo nas Aldeias entra como produtora, discutindo conteúdos, apoiando a divulgação, numa relação de longo prazo. Nas oficinas, a ONG doa câmera de vídeo digital e acessórios — até hoje, já foram doados 40 equipamentos, inclusive uma ilha de edição, no Xingu.Participam de seis a oito indígenas em cada oficina, em geral os mais jovens, embora o vídeo seja uma forma de expressão muito apreciada pelos mais antigos. “Os jovens se apropriam do equipamento, mas, no processo de produção, voltam-se para os velhos, que conhecem mais a cultura. Retomam um vínculo que, eventualmente, pode estar se enfraquecendo”, conta Mari.O propósito das oficinas não é profissionalizar na direção estrita do mercado de trabalho. “Os índios não querem sair da aldeia e virar profissionais. Acumulam outras atividades. Por exemplo, há um professor Ashaninka que filma maravilhosamente, mas é professor, caça, pesca, faz outras coisas”, afirma Mari. Esses realizadores, em geral, são escolhidos pela comunidade. E a expectativa é a de que eles produzam os filmes que a comunidade espera.Quase sempre, o que a comunidade espera é que o cineasta, membro da aldeia, “filme a cultura”. E filmar a cultura significa, na maioria das vezes, registrar rituais e tradições que eles sabem que estão se perdendo. Mas não é só isso, destaca a coordenadora. Ela questiona, nas oficinas, os próprios limites da idéia de cultura. Apropriar-se da tecnologia para filmar a cultura também é quebrar o paradigma do “índio pelado com pena na cabeça”. Deve envolver um debate na comunidade sobre o ritual, sobre a sua idealização, os valores que representa, as contradições, as reclamações dos jovens contra o rigor dos ritos de passagem, o avesso dos espetáculos. Na verdade, busca-se a construção de uma intimidade entre quem está sendo filmado e aquele que filma, para chegar a uma identidade nova — entender quem é você, hoje —, e a um novo ponto de vista. Por não ter mais suas festas tradicionais, um índio chegou a declarar, numa oficina, que acreditou não ter “nada” para filmar. Em artigo publicado no site da ONG, intitulado “Vídeo das Aldeias”, Mari Corrêa descreve o processo de captura desse “nada”, e do surgimento de uma nova perspectiva cultural: (...) “ao compartilhar com a família o prato de macaxeira cozida com peixe, fluía entre Marú e Kowiri, no ritmo manso do balanço da rede, uma deliciosa conversinha sobre coisas corriqueiras da vida, causos engraçados sobre caçadas, mulheres, aventuras passadas. A câmera, tranqüila e próxima, movia-se do prato de comida investido pelas mãozinhas das crianças para o rosto de Kowiri. No fundo do plano, mulheres enchendo e depois servindo a cuia de caissuma. Assistíamos, entusiasmados, ao início de uma cumplicidade entre eles, de um verdadeiro diálogo, enfim, os primeiros sinais do surgimento de um filme.”Especificamente da parceria com o MinC, já foram produzidos três filmes de autoria indígena. O primeiro conta o dia-a-dia numa aldeia Kaxinauá, no margem do rio Jordão, e um pouco da história do povo: tiveram que trabalhar como escravos, depois como peões de seringalistas que os proibiam de falar o próprio idioma. O “A gente luta”, de origem Ashaninka, trata da conquista do território e de manejo ambiental. O terceiro, em fase de finalização, acompanha a gravação de um CD com cantos tradicionais Kaxinauá, que será lançado com o vídeo e um livro, patrocinados pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). “Os índios se sentem valorizados, frente à sociedade, por poderem criar um produto bonito. A imagem é um fetiche na cultura, capaz de grande afirmação étnica”, destaca Mari.O trabalho da entidade começou em parceria com a Comissão Pró-Índio, com quatro etnias — Ashaninka, Kaxinauá (auto-denominados Huni Kuim), Maxineri e Katukina —, e financiamento da agência norueguesa Norad. Para aumentar o número de tribos e aldeias atendidas, a ONG ingressou no programa dos Pontos de Cultura. O Acre é um estado com pouca via de comunicação terrestre. Os Kaxinauá, por exemplo, estão espalhados entre o Brasil e o Peru. Aqui, concentram-se na região do rio Jordão, onde a demanda dos índios pela produção era mais intensa. “É um rio cheio de voltinhas: da primeira aldeia à última, na cabeceira, leva-se uma semana de canoa”, conta Mari.http://www.videonasaldeias.org.br/ – Vídeo nas Aldeias
www.fotolog.terra.com.br/pcespelho – Ponto de Cultura Espelho da Comunidade (TV Ovo). http://www.fabricadofuturo.org.br/ – Ponto de Cultura Fábrica do Futurohttp://www.oficinadoparque.org.br/ (em manutenção)- Ponto de Cultura Eduardo Abelin/Oficina do Parque – 21 2616.6358 e 21 2611.6832http://www.acartes.com.br/ – Acarteshttp://www.encine.org.br/ (em construção); contato com Ives Albuquerque, em (85) 262.5356 ou 262.5129, e-mail ives@encine.org.brRede Comunitária de Produção Audiovisual/Programa “Rede Comunitária” — e-mail: redeccom@gmail.com http://www.abcom.com.br/ – Associação Brasileira de Canais ComunitáriosAmanda-Associação Mundo Animado das Artes – rua Meton de Alencar 106 - Centro/Fortaleza-Ceará CEP: 60035-160 Fortaleza-CE
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Rede Comunitária de Produção Audiovisual estréia programa na tv
9 de Outubro de 2006 by Redação
Rede que funciona como elo de apoio entre os Pontos de Cultura estréia programa no dia 14 na TV Nacional
A Rede Comunitária de Produção Audiovisual estréia seu programa “Rede Comunitária”, no próximo dia 14, às 12h30m, na TV Nacional. No mesmo dia e horário, Pontos de Cultura de todas as regiões do País realizarão manifestações de cultura popular.
O programa, que faz parte de uma rede de comunicação e articulação, retratará a cultura popular brasileira e apresentará material audiovisual dos Pontos. O primeiro bloco do programa tem três minutos e mais 3 blocos de sete minutos.
A Rede Comunitária de Produção Audiovisual é um elo de apoio entre os Pontos de Cultura. Além de veicular os produtos desses pontos, ministrará oficinas comunitárias de audiovisual. “Essas oficinas capacitarão a comunidade para produzir seu próprio material, com seu olhar, sua identidade”, enfatiza George Duarte, coordenador do projeto.
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Cultura Viva na TV

Notícias
03.02.06 Cultura Viva na TV
Ministério da Cultura e Rede Comunitária produzem Programa de TV que retrata a realidade sócio-cultural brasileira

Nesta sexta-feira, 3 de fevereiro, acontece o lançamento do Programa REDE COMUNITÁRIA. Fruto da parceria entre o Cultura Viva e a Rede Comunitária de Produção Audiovisual, o programa semanal de TV objetiva evidenciar a realidade sócio-cultural brasileira. As ações do Cultura Viva - Pontos de Cultura, Agente Cultura Viva, Cultura Digital – e outras iniciativas de mobilização social e comunitária desenvolvidas pelo governo federal, como os programas Escola Aberta, Juventude Cidadã, Segundo Tempo e Casa Brasil, compõem uma amostra da diversidade brasileira. O programa será veiculado ao meio-dia dos sábados, por canais comunitários e emissoras de caráter cultural e educativo. Já compõem a rede de transmissão a TV Paracatu (MG), O Canal Comunitário de Goiânia (GO) e a TV Sudoeste (MG).Arte, cultura, geração de emprego, renda e alternativas de empreendedorismo permeiam a pauta do REDE COMUNITÁRIA. O programa promove a inclusão social através da cultura, como explica o Ministro Gilberto Gil: “Essas ações têm como foco a cultura como instrumento de construção de identidade e cidadania, meio pedagógico ou como um processo que – vivenciado pela comunidade - fortalece o sentido de pertencimento social, contribuindo para a ampliação das possibilidades de vida e de escolhas”. A primeira edição do Programa REDE COMUNITÁRIA refaz o caminho do ouro pelas trilhas da Estrada Real, da Capital de Província Vila Boa de Goiás até a Vila de Paracatu do Príncipe, nas Minas Gerais, passando pela antiga Meia Ponte, hoje a cidade de Pirenópolis – Goiás. As equipes percorrem o roteiro observando o turismo, a culinária e as manifestações de cultura popular, registrando cantorias, danças, temperos e folias em meio ao ambiente do interior.O documentário Comida de Folia, parte da primeira edição do programa, é uma abordagem bem-humorada da culinária tradicional das Folias de Reis. A produção foi realizada em Junho de 2005, durante as oficinas comunitárias de produção audiovisual na Cidade de Goiás-GO, e teve a participação da comunidade vilaboense, estudantes e agentes de Pontos de Cultura. O produtor Geroge Duarte está a disposição para entrevistas.Lançamento do Programa REDE COMUNITÁRIAProgramação:- Abertura (17 horas)* Apresentação de Folia de Reis * Apresentação da Catira * Apresentação do Programa REDE COMUNITÁRIA – primeira edição- Mesa de comentários:. Célio Turino, Secretário de Programas e Projetos Culturais do MinC (Programa Cultura Viva) . Vera Cortes, Diretora do Canal Comunitário de Goiânia. George Duarte, coordenador do projeto Rede Comunitária de Produção Audiovisual- Jantar típico de Folia de Reis (culinária regional, preparada por cozinheiras da Cidade de Goiás)Serviço:Rede Comunitária de Produção Audiovisual / Programa Cultura VivaEntrevistas: George Duarte Telefone: 3901-3880/ 8456-4281Assessoria de Imprensa: 3901-3899 (Fábia Galvão)Local: Complexo Cultural do Ministério da Cultura Tel: (61) 3316-2226

Rede audiovisual mais forte



Destaques do governo Portal do Governo Federal Portal de Serviços do Governo Portal da Agência de Notícias Em Questão Programa Fome Zero


Notícias
24.11.06 Rede audiovisual mais forte


-->Pontão de Cultura Rede Comunitária de Produção Audiovisual firma parceria com Pontos de Cultura do Nordeste ligados a atividades audiovisuais e com TVs Públicas da região

O Pontão de Cultura Rede Comunitária de Produção Audiovisual firmou parceria com a Rede Nordeste de Audiovisual dos Pontos de Cultura. A reunião do acordo aconteceu nos dias 21 e 22 de novembro, na Universidade Regional do Cariri, localizada no município de Crato, no Ceará. O acordo também foi estabelecido com outras redes audiovisuais do Nordeste, como as TVs públicas CVT/UFPE, CTAV, TVE do Maranhão e TV Ceará. Com o acordo firmado, os Pontos de Cultura do Nordeste ligados à atividades audiovisuais participarão ativamente da pauta do Rede Comunitária, programa que exibe todos os sábados, às 12h30, na TV Nacional (Canal 2 UHF), vídeos dos Pontos de Cultura de todo o Brasil. “Já vínhamos fazendo trabalho em parceria com os Pontos de Cultura do Nordeste. Mas agora, com esse acordo, a produção e exibição de vídeos desses Pontos vai se intensificar e formar unidades comunitárias de produção audiovisual nos Pontos”, conta George Duarte, coordenador do Pontão. Além da parceria com os Pontos do Nordeste, algumas TVs Públicas da região passaram a integrar a Rede. Agora elas exibirão o programa Rede Comunitária em sua grade de programação. São elas: TV Universitária de Natal, CVT/UFPE, TVE/Maranhão e TV Ceará. A partir de sugestão do Pontão, a Rede Nordeste de Audiovisual dos Pontos de Cultura irá redigir uma carta-documento a ser entregue à coordenação do Programa Cultura Viva com o objetivo de propor a formação de uma associação nacional audiovisual dos Pontos de Cultura. A associação terá o objetivo de dar suporte às atividades de integração dos Pontos de Cultura do segmento audiovisual, gerando grades de programação e fomentando a troca de informações e produtos entre os Pontos, além de mobilizar ocupação de espaços nas TVs públicas. Rede Audiovisual Atualmente, o Programa Cultura Viva possui por todo o Brasil cerca de 60 Pontos de Cultura ligados a atividades audiovisuais. O Pontão Rede Comunitária de Produção Audiovisual articula, retrata a cultura popular brasileira e apresenta material audiovisual dos Pontos de Cultura. O projeto é uma parceria entre Programa Cultura Viva e emissoras da Radiobrás – TV Nacional, NBR e TV Nacional Brasil – Canal Integración. O Programa Rede Comunitária deste sábado, 25 de novembro, irá mostrar o trabalho dos Pontos de Cultura No Ar Alpendre – Casa de Cultura e Cidadania, Encine, Escola de Artes - Acartes e Associação Mundo Animado das Artes - Amanda.
(Kennia Rodrigues)Assessoria de Comunicação
Secretaria de Programas e Projetos Culturais(61) 3901 3899

Jovens adquirem conhecimento e oportunidade em comunicação comunitária

Domingo, 12 de Outubro de 2008

Jovens adquirem conhecimento e oportunidade em comunicação comunitária
Trilhas da Juventude
Jovens ganham acesso às tecnologias e ao trabalho na comunicação comunitáriaUm caminho alternativo na formação educativa – e profissional – de jovens de comunidades carentes é proposto por meio da comunicação, no projeto Trilhas da Juventude, da Escola de Comunicação Comunitária em Brasília. O trabalho promove a democratização da comunicação e potencializa meios comunitários com a capacitação e formação de adolescentes entre 16 e 21 anos.O projeto "Trilhas da Juventude" da Rede Comunitária de Comunicação no Distrito Federal é desenvolvido em três unidades, nas cidades-satélites de Itapoã, Riacho Fundo II e Ceilândia. A meta do programa, que traça os caminhos pela democratização da comunicação, é instrumentalizar os jovens de ferramentas e conhecimento (com destaque para a realização em radiodifusão comunitária), preparando-os inclusive para um primeiro emprego nessa área.Administrador da unidade Itapoã do projeto, o advogado e militante pela democratização da comunicação, Joaquim Carlos Carvalho, acredita que o Trilhas da Juventude promove a valorização para os cidadãos dessas comunidades que vivem em situação de carência. “Temos trabalhado muito com a questão da comunicação interpessoal para desenvolver o olhar crítico, com temas atuais da realidade de cada um deles”, diz.Iniciado em abril de 2008, o projeto atende atualmente 90 adolescentes – a maioria cursando o ensino médio e alguns já formados – que participam das atividades no turno inverso ao período escolar. Durante este turno, os jovens são capacitados a utilizar ferrramentas de comunicação multimídia (TV, rádio, internet e jornal), tornando-se comunicadores populares. Carvalho destaca que, com a formação recebida por meio do projeto, esses jovens já estão conseguindo inclusive estágios em alguns movimentos sociais.Um exemplo é o caso de Enos Augusto de Castro, 18 anos, participante do programa, que concluiu o Ensino Médio em 2007 e atualmente desenvolve atividades na Rádio CUT do Distrito Federal. “É um mundo que eu jamais imaginaria estar participando. É também uma oportunidade de entrar no mercado de trabalho, uma alternativa”, comemora.Os adolescentes do projeto Trilhas da Juventude da unidade Itapoã terão, a partir do dia 7 de julho, um espaço diário de 60 minutos na rádio comunitária Itapoã FM para fazerem a programação. "Vamos mostrar na rádio o nosso trabalho, discutir temas do interesse da comunidade e da juventude - saúde, esportes, estágios - sempre dando prioridade aos assuntos locais", revela Enos.A cada 15 dias, um grupo novo (de 4 a 6 adolescentes) do projeto assumirá o comando dessa programação na FM Itapoã. O programa irá ao ar diariamente – de 2ª a 6ª feira –, das 8h às 9h. A Escola de Comunicação Comunitária em Brasília é um projeto que faz parte do Consórcio Social da Juventude do DF / ProJovem Trabalhador, do Ministério do Trabalho e Emprego. “Esse projeto é apenas o embrião, o piloto de uma série de projetos que nós vamos levar para que rádios as comunitárias assumam as multimídias”, aponta Carvalho. Ele revela que, atualmente, sete entidades estão construindo a Rede de Comunitária de Comunicação no DF : Rede-Com, Empreender, Paranoarte, Instituto Solidariedade América - Cooperativa 100 Dimensão, Grupo Cultural Azulin de Ceilândia DF e Coopavi – Cooperativa de Produção Audiovisual.Os jovens comunicadores do Trilhas da Juventude, em ação, já realizaram algumas coberturas de eventos, como, por exemplo, a paralisação dos rodoviários no DF, a Conferência Nacional GLBT, a Plenária da CUT/DF, a XIV Plenária do FNDC e a Conferência Nacional da Juventude. Para divulgar seus trabalhos, os alunos montaram um blog relatando suas experiências.Ana Rita Marini com a colaboração de Fabiana ReinholzFNDC - Fórum Nacional pela Democratização da ComunicaçãoFonte: http://www.fndc.org.br/internas.php?p=noticias&cont_key=265616
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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

“Precisamos criar um novo mercado exibidor popular no Brasil”


Notícias
“Precisamos criar um novo mercado exibidor popular no Brasil”
17/01/2009
Redação
FNDC
Hermínio Nunes
Regionalizar a produção e estimular a produção independente de televisão no Brasil, conforme determina a Constituição: esses são os principais desafios que a cineasta Berenice Mendes tem à frente da Gerência Executiva de Coprodução e Projetos Especiais da TV Brasil, cargo assumido recentemente. Berenice vê na televisão pública a grande oportunidade de mostrar o quanto uma produção cultural regionalizada, independente e livre das pressões comerciais pode ser qualificada, interessante e, principalmente, colaborar para a democratização da comunicação no país e o aperfeiçoamento da sociedade brasileira.
Representante da Associação Nacional das Entidades de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões (Aneate) na Coordenação Executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Berenice milita ativamente por uma comunicação democrática. Para ela a batalha diária dos artistas que vivem à margem da grande mídia une essa categoria ao desejo de uma comunicação com espaço para todos. A identidade dos brasileiros decorre da diversidade cultural e essa diversidade deve estar acessível a todos, sustenta Berenice.
Nesta entrevista ao e-Fórum, Berenice traça seus objetivos e desafios na TV Brasil, analisa o mercado de audiovisual no país e expõe os entraves enfrentados pelos profissionais desse setor.
Qual é a situação da produção audiovisual no país, seus problemas, retrocessos e avanços?
Berenice - Vou falar do ponto de vista da produção, pois quando falamos em audiovisual as pessoas sempre pensam em produção. A produção é um dos elos da cadeia produtiva do audiovisual e melhorou muitíssimo. Nós tivemos crises graves nos anos 90, e em vários outros momentos um crises um pouco menores, mas acredito que hoje isso está superado. Os produtores brasileiros assumiram a mudança tecnológica e a adotaram, houve a transição tecnológica para a tecnologia digital. Hoje o nosso cinema tem qualidade de imagem, de som, estética, comparável a de qualquer cinema do planeta. Os filmes continuam sendo muito criativos, o nosso elenco é maravilhoso, temos bons diretores, tanto veteranos quanto novos, a cada momento há sempre um bom filme, uma boa idéia de um bom roteirista, de um bom novo diretor. Porém, continuamos absolutamente sufocados por um mercado de salas de cinema que não é um mercado do filme brasileiro, é um mercado da cinematografia estrangeira, principalmente norte-americana ligada à Hollywood. Além disso, há o descumprimento sistemático da Constituição pelas televisões no tange a exibição da produção independente.
Então, do que se produz no Brasil, acredito que somente 10% chega ao público, sendo. otimista. Esse é o grande nó, o grande problema do audiovisual brasileiro hoje. Como chegar ao público, como estar acessível à população. Essa é questão que precisamos resolver. Porque esse audiovisual é feito em 90, 95% com recursos públicos ou oriundos basicamente de renúncia fiscal, seja federal estadual, ou municipal. Como que a gente pode estar produzindo, investindo recursos da população num produto sem dar o retorno?
Essa equação terá que ser solucionada de alguma forma. A nossa proposta, do FNDC, no quarto eixo que pauta nossas ações, o da ampla divulgação da cultura, trás embutido a proposta de criação de um circuito popular de audiovisual, e hoje em dia, com a tecnologia digital, ele é muito mais fácil ser ativado e realizado com preços populares. Acho que a gente tem que esquecer o circuito das mil e 800 salas, essa grande vitrine que já não nos serve, e tomar consciência da existência de um mercado e de uma população desejosa de assistir as nossas realizações. A grande tarefa está em criar, estabelecer um novo formato, um novo mercado exibidor popular no Brasil.
Sobre sua ida para a direção da Gerência Executiva de Coprodução e Projetos Especiais da TV Brasil, quais as funções a serem desempenhadas? Quais os maiores desafios desse novo papel?
Berenice - Na realidade eu estou indo para a TV Brasil com a missão de colaborar com a equipe que lá está no processo de construção da TV pública. Acho que a grande tarefa que me aguarda é tentar por em prática programas que obedeçam e configurem o que está previsto na Constituição: a regionalização da produção e o estímulo à produção independente de TV no Brasil. Aí tem uma série de tarefas, como formatar tudo isso através de editais públicos, dentro da legalidade, dentro dos princípios de economia, da imparcialidade. Isso é necessário para que na TV pública brasileira não se crie aquela casta, aquele sistema de feudos e de amigos, que houve na Embrafilme. Que seja uma coisa moderna, ágil, com moralidade, com imparcialidade e com eficácia. Por outro lado, fazer com que nossos realizadores compreendam que, apesar dessa profunda angústia que o realizador brasileiro vive, porque não tem acesso às telas, a TV não pode produzir o filme do Oscar, o filme de Cannes que não conseguiram realizar. Que a TV é um veiculo diferenciado, que tem continuidade, que tem uma grade, que tem que ser alimentada. É outro tipo de produto, que é necessário.
Fazer essa aproximação, fazer esse trabalho deslanchar, é para isso que estou indo, para colaborar com a diretoria de programação. Fui chamada pelo Leopoldo Nunes, que é o diretor de programação, para colaborar nesse aspecto. Os grandes desafios são justamente mostrar, conseguir levar, organizar essa produção independente, regional, colocá-la no ar. Conseguir fazer com que a TV Brasil passe a entrar no controle remoto das pessoas, que também venha a ter essa grande divulgação e para que seja possível à sociedade ver que uma programação cultural, sem objetivos comerciais, pode ter audiência, pode ter sucesso. E, sobretudo, pode colaborar com a construção da sociedade brasileira.
Como você relaciona essas novas funções com o FNDC e sua militância?
Berenice - Em relação à Aneate, com exceção da representação no FNDC, eu não estou ocupando nenhum cargo dentro. Sou da diretoria do Sated do Paraná, mas não também com uma função executiva, estou no conselho, então eu vou continuar militando. Claro que vai diminuir um pouco a possibilidade de participação, mas a militância decorre da consciência. Mesmo que você não esteja na linha de frente, está atento, apoiando, de alguma forma colaborando sempre.
Por outro lado, o FNDC sabe que é dentro da TV pública se pode criar uma consciência muito grande da importância da televisão, não apenas sobre as sociedades, os mercados, a cultura de um povo, como sobre a subjetividade das pessoas, dos indivíduos. A gente sabe que as televisões comerciais pela própria imposição de mercado, de audiência, rivalidade, concorrência, tendem a ter uma programação homogeneizada que resulta nessa programação sem profundidade, que pouco contribui para a formação subsidiária da condição de ser humano.
A TV pública, por outro lado, como não sofre essas pressões de mercado, de recursos, ela é o lugar propício para elaboração de formatos, de linguagem, abrindo espaço para a diversidade da cultura brasileira, a produção e as propostas regionais, abrigando a produção independente e formatando-as com novas linguagens, novas programações. À TV pública cabe apresentar essas novas programações para a população, até para que um seriado, um novo programa que seja feito na TV pública tenha tanto sucesso que seja adotado pelas TVs comerciais. Acho que esse seria o grande objetivo, fazer uma TV pública e, criando formatos, mostrar para o mercado o que é possível fazer para que o sistema comercial se aproprie disso e gradativamente vá melhorando a qualidade da sua programação.
Eu creio que com controle público, com a participação da sociedade, com a participação dos realizadores independentes, da produção regional, a TV Brasil tem tudo para se constituir num dos grandes sonhos do FNDC, que vê num aparato como esse um grande instrumento na luta pela democratização da comunicação. Óbvio que não é suficiente, mas já é um grande encaminhamento.
Como está a situação da Associação Nacional das Entidades de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões – Aneate?
Berenice - Os artistas, pela própria natureza do oficio, são seres mutáveis, no sentido de que estão sempre atrás de sua arte, da expressão de seus talentos, e isso não é nada fácil no Brasil. Por um lado, o sistema de produção cultural do país obriga ao artista ser seu próprio empresário, ir atrás de seus recursos. Por outro lado, a cultura de massa, essa cedida pela indústria cultural, faz com que os artistas que estão sob o amparo da Aneate e dos Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões [Sateds], que são os artistas de teatro, de circo, de ópera, de artes cênicas, da dança e os trabalhadores de cinema, em alguns estados tenham que correr incessantemente atrás de sua própria vida.
Apesar de tudo ainda tem no interior, por exemplo, uma família que faz teatro mambembe, ou uma família circense, que vive na estrada, de pequenas cidades em pequenas cidades. Ainda tem quem goste de ver o circo chegar, o teatro. Apesar de toda a intensidade e influência da TV, do rádio, do vídeo na cabeça das pessoas, essas atividades ainda têm um certo espaço.
O processo de militância política do artista é muito diferenciado, não há como fazer as assembléias constantemente como as outras categorias fazem. É um processo de militância diferenciado, que nem por isso deixa de ser tão legítimo, ou tão participativo ou intenso como das outras categorias. No momento em que se tem, como tivemos no ano passado e retrasado, uma conferência nacional de cultura, essas classes estão presentes, discutindo, debatendo como historicamente vemos.
Em razão de todas essas dificuldades, na das reuniões que nós tivemos, surgiu uma proposta que acabou sendo aprovada, de uma reforma institucional, de uma transformação da estrutura da Aneate, saindo de uma estrutura verticalizada, tradicional de sindicato, com presidência e tal, para uma estrutura colegiada, para criação de um grande conselho dos Sateds, que seria o CoNearte (Conselho Nacional das Entidades de Artistas e Técnicos). Essa alteração, essa reforma, essa modernização está e curso. Madalena Rodrigues, que é nossa companheira, presidente do Sated de Minas Gerais está levando a frente esse processo. Ainda não está consolidado, mas é o momento que a nossa entidade vive hoje - momento de reforma e modernização institucional.
Quais serão os benefícios que essa reforma trará à Aneate?
Berenice - Essa reforma vai tornar a Aneate mais flexível. No colegiado, todos os participantes têm o poder de decisão, de fala, de visibilidade igual, as tarefas serão divididas ainda que tenha aquele que formalmente terá que assinar, responder legalmente. Em uma categoria com tantas dificuldades de se reunir nacionalmente, ter uma estrutura onde tenha um só presidente, um só diretor de imprensa, dá pouca agilidade de resposta para alguma coisa que esteja acontecendo longe da direção. Assim, tendo a entidade um colegiado, todo mundo faz parte com representatividade da instância nacional.
Tem uma questão muito complicada na militância dos artistas que é as relações com a indústria cultural. Ela criou uma legitimidade, que não deixa de ser verdadeira, mas atribuiu poderes de representação para artistas não necessariamente derivados de sua militância, ou da representatividade conquistada, mas sim de sua fama na TV, no cinema. Então, às vezes um presidente de sindicato de estados como Bahia e Minas Gerais, com muitos artistas, com uma cultura imensa, acaba valendo menos que uma jovem estrela de uma TV, de uma novela, para ir conversar com um secretário, um governador. É muito complicado. Para nós, abrir a representação para esse conselho vai possibilitar que se manifestem com legitimidade, e de forma incisiva, mais representantes em todo país.
Como a categoria se relaciona com a democratização da comunicação, em quais aspectos ela se beneficiaria diretamente?
Berenice - Tudo está interligado. Por exemplo, para os artistas de circo, de dança - desde as mais antigas de salão até o mesmo balé profissional - ou o teatro (que não sejam os “globais”), a grande mídia não está aberta. Talvez haja espaço nas rádios culturais, nas rádios comunitárias. Isso sem falarmos dos músicos regionais, que não têm possibilidade alguma, não tem espaço nenhum, de projeção, de divulgação do seu trabalho. Nós trabalhamos dentro daquela visão de que o Brasil não é só o Brasil do eixo Rio/São Paulo e de que no Brasil as concessões são públicas têm responsabilidade social, ou deveriam ter, para com a diversidade. A nossa identidade como brasileiros é a nossa diversidade cultural, decorre da nossa diversidade cultural.
Então, acho que a categoria não apenas tem na luta pela democratização da comunicação um objetivo importante e permanente, por que tem tudo a se beneficiar, assim como acho que ela é muitas vezes, não conscientemente, uma das categorias que mais luta. Mesmo que não esteja dentro do sindicato ela está forçando a barra para conseguir espaços, porque o artista é um ser que se não se comunicar, a arte dele não existe. É próprio do artista isso, ele faz a arte e a arte demanda comunicação por si só.
Como você aborda a questão do Brasil ser um país reconhecidamente audiovisual – da televisão, das imagens – em detrimento da leitura, da aquisição de conhecimento pelo acesso a livros, jornais?
Berenice - Eu acho que esse processo ocorre no mundo inteiro. Vivemos uma fase de transição da cultura letrada, lógica, formal para a cultura audiovisual. Eu acho que não há o que lamentar, são processos, são estágios. O século XX, desde o finalzinho do XIX, com o surgimento do cinema, do rádio, da televisão, e depois toda digitalização fez com que as pessoas tenham outra forma de ler o mundo, de entender as coisas e realmente o poder das imagens, do som, ele é muito intenso. Também a tecnologia da informática, do computador, com o tremendo salto de acessibilidade à cultura que a web traz, faz com que a gente esteja passando por um novo momento.
Mas é obvio que se há ganhos, também há perdas. Se o Brasil já era um país ágrafo – um país onde 75% da população não lê, e quando o faz lê um parágrafo e olha lá, se limita às manchetes dos grandes jornais e fim de papo, não se aprofunda nas matérias – a tendência é isso aumentar. E isso torna ainda mais necessário o controle público sobre os meios de comunicação, porque eles passarão a ser os meios quase que únicos de informação das pessoas, de lazer. Eu particularmente lamento a existência de milhões de pessoas que desconhecem o prazer de ler uma bela obra de ficção, de poesia, científica, uma bela obra filosófica que é de uma imensa fonte de prazer. Mas penso, ao mesmo tempo,que uma mídia não mata a outra, acredito que o livro, o jornal, a revista continuarão existindo. No entanto, penso que a cultura audiovisual tende a ser totalizante.

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terça-feira, 20 de janeiro de 2009

POEMA 20 DE JANEIRO

Da semente ao algodão
O fio é a ação
Fiação
Hoje é dia de São Sebastião

SÃO SEBASTIÃO, conheça um pouco da história do Santo
São Sebastião (França, 256286)originário de Narbonne e cidadão de Milão, foi um mártir e santo cristão, morto durante a perseguição levada a cabo pelo imperador romano Diocleciano. O seu nome deriva do grego sebastós, que significa divino, venerável (que seguia a beatitude da cidade suprema e da glória altíssima).De acordo com Actos apócrifos, atribuídos a Santo Ambrósio de Milão, Sebastião era um soldado que se teria alistado no exército romano cerca de 283 (depois da era comum) com a única intenção de afirmar o coração dos cristãos que via enfraquecer diante das torturas. Era querido dos imperadores Diocleciano e Maximiliano, que o queriam sempre próximo, ignorando tratar-se de um cristão, designaram-no capitão da sua guarda pessoal - a Guarda Pretoriana. Cerca de 286, a sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos levou o imperador a julgá-lo sumariamente como traidor, tendo ordenado a sua execução por meio de flechas (que se tornaram o seu símbolo e uma constante na sua iconografia). Porém, Sebastião não faleceu, foi atirado no rio, pois achavam que ele estava morto, encontrado muito longe de onde foi atirado, foi socorrido por Irene (Santa Irene). Mas depois, tendo sido levado de novo diante de Diocleciano, quem ordenou então que Sebastião fosse espancado até a morte... Mas que mesmo assim, ele não teria morrido, propriamente dito... Acabou sendo morto transpassado por uma lança.Existem inconsistências no relato da vida de São Sebastião: Historicamente o edito que autorizava a perseguição sistemática dos cristãos pelo Império foi publicado apenas em 303 (depois da era comum), pelo que a data tradicional do martírio de São Sebastião parece um pouco precoce. Lembrando que mitos religiosos não são história própriamente dito. Em outras palavras, o simbolismo na história de Jonas ou de Noé não é vista como histórica pelas lideranças cristão atuais, mas sim como alegorias, estórias de inspiração.
O bárbaro método de execução de São Sebastião fez dele um tema recorrente na arte medieval - surgindo geralmente representado como um jovem amarrado a uma estaca e perfurado por várias setas (flexas); de resto, três setas, uma em pala e duas em aspa, atadas por um fio, constituem o seu símbolo heráldico.
Tal como
São Jorge, Sebastião foi um dos soldados romanos mártires e santos, cujo culto nasceu no século IV e que atingiu o seu auge na Baixa Idade Média, designadamente nos séculos XIV e XV.Por Seridó News.