sábado, 30 de julho de 2011

Brincantes Brasileiros na Paraíba

A Fundação Cultural de João Pessoa está realizando o Projeto Brincantes Brasileiros na Paraíba, que contará com a participação de grupos de cultura popular tradicional de várias localidades de todo o Brasil.
O evento acontece entre os dias 30 de julho e 06 de agosto de 2011, com o propósito de promover as manifestações culturais populares, sendo a oportunidade para o público ter contato com expressões que marcam a pluralidade das práticas culturais de todo o país.

Maiores informações sobre os grupos:

Programação:

30/06

Babau Joaquim Guedes - Bairro dos Novais - João Pessoa/PB

Maceió/AL

Cavalo Marinho de Bayeux/PB

Caiana dos Crioulos - Alagoa Grande/PB

31/06

Caboclinho de Ceará Mirim/RN

Congos de Pombal/PB

Cirada de Vó Mera e seus Netinhos - Rangel/João Pessoa/PB

Coco do Mestre Zé Zuca - Queimadas/PB



01/07

Babau do Mestre Clébio - Guarabira/PB

Lapinha São Sebastião - Cruz das Armas/João Pessoa/PB

Coco do Mestre Benedito - Cabedelo/PB

Coco do Galo Preto - Recife/PE

02/08

Babau do Mestre Clóvis - Guarabira/PB

Nau Catarineta Feminina de Cabedelo/PB

Lindalva e Lavandeira - Várzea Nova/Santa Rita/PB

Coco Novo Quilombo de Gurugi - Conde/PB

Jongo do Pinheiral/RJ

03/08

Cavalo Marinho Infantil do Mestre João do Boi - Bairro dos Novais/João Pessoa/PB

Ciranda Nova de Odete de Pilar/PB

Cambindas de Lucena/PB

Cirandeiros do Vale do Gramame - João Pessoa/PB

04/08

Zezinho da Borborema e Curió de Bela Rosa - Mogeiro/PB

Coco de Roda Indígena da Aldeia Cumaru - Baía da Traição/PB

Ciranda do Sol - Bairro dos Novais/João Pessoa/PB

05/08

Boi de Reis Estrela do Norte - Bairro dos Novais/João Pessoa/PB

Reisado de Zabelê/PB

Maracatudo Camaleão - Olinda/PE

Boi Bumbá Corre Campo - Manaus/AM

Ciranda dos Tupinambás - Mandacaru/João Pessoa/PB

06/08

Maracatu Rural Leãozinho das Flores - Pedras de Fogo/PB

Cacumbi do Mestre Deca - Laranjeiras/SE

Samba de Pareia - Laranjeiras/SE

Banda de Congo Panela de Barro - Vitória/ES

Penha Crandeira - Várzea Nova/Santa Rita/PB

Banda Cabaçal do Mestre Zé Pretinho - Tavares/PB

terça-feira, 26 de julho de 2011

SantAna das Antas, 140 anos da Capela de Santana - Anápolis GO





Projeto Nacional


Um espaço reservado para todos que acreditam que:

A relação entre jornalismo e política, ninguém duvida, mudou muito depois do surgimento dos chamados “blogs progressistas”.
A voz quase monocórdia da grande imprensa passou a ter um contraponto.
Um pólo que não apenas estimulou o debate – recolocando em cena visões e observações que andavam desaparecidas nos tempos do “pensamento único” neoliberal – como, também, imantou pessoas, esclareceu temas  complexos, gerou ações e reações.
Numa palavra, fez democracia.
Mas ainda há uma zona de sombra. Quase, mesmo, de escuridão.
E exatamente o lugar onde se define o sucesso, o crescimento e a independência de um país.
É a Economia, algo que está na raiz da liberdade e que repercute na vida do povo brasileiro de tal maneira que, tal como ela, mereceria os versos de Cecília Meirelles:
(…) essa palavra / que o sonho humano alimenta/que não há ninguém que explique /e ninguém que não entenda…
Mas em economia, embora todos entendam dela o essencial em suas vidas cotidianas, tem sido raro encontrar alguém que explique.
Um dos raros que o fazia, Aluisio Biondi, disse certa vez: “os jornais tinham passado anos procurando profissionais que escrevessem em linguagem inteligível, mas(…) de alguns anos para
cá, o ideal passou a ser o profissional que não escrevesse em linguagem que todos entendessem”.
Talvez porque, ao entender, compreendessem que a economia não é regida por uma lógica pura, superior, meramente matemática, mas por interesses de indivíduos, grupos, classes e nações.
Bem, o jornalismo econômico, ao contrário do político, perdeu o seu contraditório.
As associações negociais entre o empresariado brasileiro, muitas vezes, e os interesses empresariais e financeiros do exterior, frequentemente falem uma mesma língua, olhem de uma mesma forma  e pensem de uma mesma maneira.
Que é repetida como verdade inquestionável, da qual discordar é quase heresia.
Repetida pelos que não pensam, repetidas pelos que pensam e não querem se expor, dissonante, à maldição da mídia “sinfônica”.
Um país, como qualquer pessoa ou empresa, se não tem um projeto, uma visão estratégica dos caminhos e valores que lhe convém, não tem nada, está perdido e sem rumo.
O Brasil, por muitos anos, andou assim.
Deixamos de considerar que podíamos ter nosso próprio rumo. E que o que nos restava era nos deixarmos rebocar pelo mundo, ainda atirando ao mar tudo o que nos fizesse “mais pesados”.
Construímos ídolos de barro: o mercado e a moeda, mas nos descuidamos das relações de troca. Os mitos da eficiência da empresa e da incompetência do Estado já nem sequer dependiam de fatos, exemplos ou números que os comprovassem. Eram verdades, dogmas, revelações de uma fé econômica que decretava o fim da produção, das nações soberanas, da própria História.
Nosso país, hoje, não é assim e, por não ser assim, tornou-se próspero e inclusivo.
Se um novo mundo é possível, um novo Brasil já é, há algum tempo, visível.
Porque temos um projeto nacional, que mudou a vida brasileira só de retomar, com alguns passos, a trajetória soberana e inclusiva que começara a nos tirar do atraso da condição de colônia agrária  – que sobreviveu por um século à nossa independência política.
E se temos um projeto nacional, este Projeto Nacional na rede quer ser uma pequena luz para tentar clarear aquilo que é tão essencial quanto a Liberdade.
A economia.
Que quase que não se explica.
Mas que, explicada, não há ninguém que não entenda.

E-mail: blogprojetonacional@gmail.com

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Minicom abre consulta sobre serviços de retransmissão e repetição de TV

O Ministério das Comunicações abriu nesta quarta-feira, 20, consulta pública para atualizar a norma que define os procedimentos de autorização para os serviços de retransmissão (RTV) e repetição (RpTV) de TV. Pela proposta, elaborada pela Secretaria de Serviços de Comunicação Eletrônica do ministério, os serviços de RTV e RpTV poderão ser executados por Estados, Distrito Federal e municípios; entidades da administração indireta; concessionárias e autorizadas a executar o serviços de radiodifusão de sons e imagens (TV); além de fundações e sociedades limitadas e por ações.
O Minicom também propõem que o chamamento público para execução de RTV se dê por meio de avisos de habilitação, distribuídos por localidade. A seleção da entidade a ser outorgada nas cidades onde houver mais de um interessado levará em consideração alguns critérios. A entidade que vise retransmitir os próprios sinais (sistema de retransmissão próprio da geradora) terá uma pontuação maior, como também se tiver sede ou filial na localidade. Terá prioridade também a entidade que pretenda retransmitir sinais de cunho exclusivamente educativo.
O projeto prevê o arquivamento das consultas públicas não concluídas e dos pedidos de abertura não processados até a data de vigência da nova norma. Neste caso, os interessados deverão apresentar novos requerimentos quando da abertura dos avisos de habilitação para a localidade.
As contribuições poderão ser feitas pela internet até o dia 19 de agosto.
Fonte: Tela Viva News - 20/07/2011

quarta-feira, 13 de julho de 2011

NÃO PERCA A 273ª FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO E DIVINO ESPÍRITO SANTO EM MONTE ALEGRE DE GOIÁS, DE 13 A 24 DE JULHO

Estão abertas as inscrições para a II Mostra de Vídeo Popular de São Carlos. Para se inscrever é só acessar o blog da Mostra.http://mostradevideopopular.blogspot.com/

Estão abertas as inscrições para a II Mostra de Vídeo Popular de São Carlos. Para se inscrever é só acessar o blog da Mostra.

http://mostradevideopopular.blogspot.com/

BOI DE REIS - DAMIÃO RABEQUEIRO

Damião Cosme de Oliveira é Rabequeiro desde os 12 anos. Na época fugia de casa para viajar com as Marujas do Boi de Reis, nessas andanças aprendeu a arte de tocar rabeca.Damião o mais atuante Rabequeiro no Rio Grande do Norte. Mas para sustentar sua família precisa para de tocar para cortando cana, limpando roçados, trabalhar como servente de pedreiro e fazendo pequenos serviços domésticos.
É ASSIM QUE SOBREVIVE UM DOS MAIORES ARTSTAS DO RIO GRANDE DO NORTE.
O auto do Boi de Reis é uma junção de Bailes. O Baiano ou Baião de Boi é um de Seus Bailes mais animados.

http://www.youtube.com/watch?v=bn5foxUgmxU&feature=BFa&list=UL7v3UTeMmC0o&index=14

terça-feira, 12 de julho de 2011

Inauguração do Programa de Orientação a Novas Tecnologias e Oportunidades - PONTO DE INCLUSÃO - em Samambaia DF

Governador Agnelo Queiroz inaugura, na cidade, o segundo pólo do DF. Agora, comunidade de Samambaia terá a oportunidade de se qualificar em um espaço autossustentável.
  • Suzano Almeida, da Agência Brasília
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, inaugurou na manhã desta terça-feira o segundo pólo Ponto de Inclusão: Programa de Orientação às Novas Tecnologias e Oportunidades. O novo espaço fica na QR 407/409 de Samambaia, em frente ao Parque Três Meninas. A meta é que até 2014 todas as cidades do DF tenham centros tecnológicos comunitários, que oferecerão à população cursos de educação formal, tecnológicos e profissionalizantes.
O desenvolvimento de políticas digitais é uma das prioridades da gestão de Agnelo Queiroz. Além de lançar em breve o Parque Tecnológico Capital Digital (PTCD), o Governo do Distrito Federal está empenhado em fazer do DF a primeira localidade da América Latina com 100% de cobertura por banda larga totalmente gratuita.
“Minha prioridade é promover a ciência e a tecnologia como forma sustentável para a nossa cidade. A inclusão produz melhorias sociais e cria novas oportunidades de trabalho”, declarou o governador Agnelo Queiroz. Ele lembrou que os pontos de inclusão não serão dedicados apenas aos jovens, mas a pessoas de todas as idades que queiram se capacitar.
O mesmo destaque foi dado pelo secretário de Ciência e Tecnologia, Gastão Ramos, que afirmou que a melhor idade (acima dos 60 anos) tem procurado muito os novos cursos, em busca da inserção digital e de oportunidades de especialização.
“Os cursos não servem apenas para fornecer um certificado. Isso acabou. Esse programa faz parte de uma política nacional de inclusão digital, o que dá outra dimensão e atende às demandas da cidade”, observou Agnelo Queiroz. “Não adianta formar para áreas que não têm mercado. Temos que perceber que tipo de mão de obra estamos precisando também, o que é muito importante para dar acesso ao mercado de trabalho”, acrescentou.
Plano de negócios

Os centros comunitários digitais são desenvolvidos para serem autossustentáveis. Cada ponto terá um plano de negócio, para que a própria sociedade possa gerir o local, estimulando a economia solidária e criativa e o empreendedorismo. Para atender a demanda do DF e do Entorno, o governo criará 300 centros tecnológicos comunitários, além de converter ao novo modelo os 102 telecentros existentes. O objetivo é oferecer acesso universal às Tecnologias da Informação e Comunicação.
O espaço inaugurado em Samambaia é um Ponto de Inclusão Digital diferenciado. Chamado de Ponto Especial, ele conta com Telecentro, Biblioteca e Ponto de Leitura – com computadores ligados a diversas bibliotecas virtuais. Também é o primeiro do DF com metareciclagem e trabalhará com o reaproveitamento de equipamentos usados de informática. Está prevista a abertura de centros de metareciclagem em mais sete pontos de inclusão digital pelo DF.
“Neste centro de metareciclagem, nós estamos formando pessoas para entrar no mercado de trabalho. Nele, vamos recondicionar máquinas, reaproveitá-las para que voltem ao programa. Muitas vezes, vamos colocar a máquina à disposição da comunidade que não tem condições de ter um computador para que ela tenha acesso aos serviços públicos”, explicou o secretário de Ciência e Tecnologia, Gastão Ramos. “O que não for reciclado, o que chamamos de lixo tecnológico, será tratado de forma ecologicamente correta”, garantiu.
O secretário reiterou o compromisso do governo com o desenvolvimento do DF e a inclusão da população de baixa renda no mercado de trabalho. Para isso, o Ponto de Inclusão da Samambaia conta com uma biblioteca com 1.600 novos livros e gibis do cartunista Maurício de Souza, além do programa Arca das Letras, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que promove a literatura nas comunidades de zonas rurais. O Arca das Letras contribuiu com outros 1.200 livros para o acervo de Samambaia.
Além do governador Agnelo Queiroz e do secretário de Ciência e Tecnologia, Gastão Ramos, participaram da inauguração do Ponto de Inclusão de Samambaia o secretário de Cultura, Hamilton Pereira; o secretário Particular do Governador, Bolivar Rocha; o secretário de Publicidade, Abimael Nunes; o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa (FAP), Paulo Sérgio Bretas; o deputado distrital Chico Vigilante e o chefe de gabinete da Administração Regional de Samambaia, Juscelino França, que na cerimônia representou o administrador Risomar Carvalho.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Governo do DF e a inclusão social por meio da tecnologia

Victor Ribeiro, da Agência Brasília


“Nessas comunidades carentes temos várias potencialidades oprimidas pela falta de oportunidades. Por isso criamos o Ponto de Inclusão... É um ponto de civilidade, de cidadania."Gastão Ramos

Secretário de Ciência e Tecnologia do DF

O Governo do Distrito Federal inaugurou na última quarta-feira (29/6) o Ponto de Inclusão do Gama. Foi o primeiro de 300 que serão abertos em todas as Regiões Administrativas. Também serão reformulados os 102 Telecentros existentes no DF. De acordo com o secretário de Ciência e Tecnologia, Gastão Ramos, esses locais não se limitarão a realizar a inclusão digital. Serão pontos fundamentais à inclusão social dos habitantes do Distrito Federal.

Em entrevista à AGÊNCIA BRASÍLIA, Ramos explica como funcionarão os Pontos de Inclusão e revela detalhes sobre a política de inclusão digital da atual gestão do GDF, que inclui a instalação do Parque Tecnológico Capital Digital (PTCD), o incentivo à vinda de empresas de alta tecnologia para o território brasiliense, a realização do Plano Distrital de Banda Larga (PDBL), a geração de empregos na área de tecnologia da informação e a formação de mão-de-obra especializada.

O governo lançou no último dia 29 (quarta-feira) o programa Ponto de Inclusão. O que são esses espaços e como eles se inserem nas políticas públicas do GDF?

No nosso entendimento, a inclusão digital precisa ir além de certificar um cidadão, que vai virar as costas e ir embora. Esse é um governo que tem responsabilidade com toda a população. Nos Pontos de Inclusão, estamos considerando tanto a inclusão digital quanto a social. É, portanto, uma política maior, que inclui também a infovia e a internet banda larga. O mais importante é realizar uma inclusão digital alinhada à política do governo federal. Por isso, temos uma relação direta com os ministérios das Comunicações e da Ciência e Tecnologia. Além dos 102 telecentros que já existem, queremos inaugurar, pelo menos, mais 300, o que vai ampliar a rede e dar a possibilidade de as pessoas desenvolverem suas potencialidades. Nessas comunidades carentes temos várias potencialidades oprimidas pela falta de oportunidades. Por isso criamos o Ponto de Inclusão. Ponto: Programa de Orientação a Novas Tecnologias e Oportunidades. É um ponto de civilidade, de cidadania. Além da capacitação, queremos que as pessoas participem desse programa e não sejam apenas usuárias. A comunidade, então, será coresponsável pelos telecentros, que estarão disponíveis para acessar serviços públicos, como marcação de consultas, matrículas de estudantes e serviços de certidões nas secretarias de Segurança ou de Fazenda, por exemplo.

Uma política de governo 2.0., onde a pessoa não apenas recebe conteúdo como também participa e produz esse conteúdo?

Exatamente [risos]. Então, não vamos ter uma ação exclusiva da Secretaria de Ciência e Tecnologia, mas uma implantação prática de uma política de governo, que permeia todas as secretarias. Firmamos parcerias com as secretarias de Cultura, Educação e Trabalho, por exemplo. A Secretaria de Cultura será nossa parceira na instalação de bibliotecas nos Pontos de Inclusão, a de Educação vai garantir o apoio pedagógico e reabrir os telecentros escolares – que foram fechados – e a de Trabalho será responsável pela instalação de uma agência de emprego em pelo menos um telecentro por região. Essa agência vai nos fornecer a demanda e, ao mesmo tempo, inserir as pessoas formadas nos Pontos de Inclusão no mercado de trabalho. Essa é uma das obrigações que os telecentros terão conosco: inserir no mercado de trabalho pelo menos 20% das pessoas que passam por lá. Estamos também montando módulos de educação ambiental e programas de sustentabilidade, com a Secretaria de Meio Ambiente.

E qual o panorama da inclusão digital no Distrito Federal atualmente?

No Brasil temos uma defasagem na alfabetização e isso influencia na inclusão digital. É inadmissível, mas aqui na capital nós temos 5% da população não alfabetizada. Como inserir essas pessoas no mundo digital? A primeira coisa é buscar a inclusão digital através da quebra de paradigmas. Por exemplo, na quarta-feira, na inauguração do Ponto de Inclusão do Gama, conheci uma turma de 66 idosos, que estão ali, ávidos por aprender, para serem incluídos. Eles me perguntaram se não iria acabar, porque tem gente falando que o governo Agnelo acabou com a inclusão digital. Não acabou nada. Nós estamos mantendo o programa antigo e, agora, migrando para um novo modelo de serviço para a sociedade, que será melhor. Nossa política é trabalhar e apresentar resultados. Alguns resultados podem demorar um pouco, porque encontramos um governo mais desorganizado do que imaginávamos. Agora, terminou a fase de identificação, de planejamento, e chegou a hora da execução dos nossos planos e projetos. Estamos alinhados ao governo federal, o que vai baratear os custos de investimentos. Estabelecemos também parcerias com organismos internacionais, como a Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura], a OEI [Organização dos Estados Iberoamericanos] e o Sistema S (Sesi, Senai e Senac), por exemplo. São parceiros que têm em sua concepção a responsabilidade social e, com a credibilidade desse governo, agora estão chegando e podendo participar. Todos nós só temos a ganhar.

Por quê?

Porque vão nos ajudar – e muito – a aumentar a qualidade desse programa e diminuir o dispêndio dos recursos públicos. São parceiros que estão entrando por meio de termos de cooperação técnica, sem ônus. Por exemplo, o Banco do Brasil assinou um termo nos doando 4 mil computadores, o que representa, em tese, 400 telecentros, porque o número de computadores varia. A Unesco também está nos doando computadores. A Microsoft, a IBM e a Oracle estão doando conteúdos. São instituições sérias e reconhecidas, que dão seu voto de confiança ao nosso governo para construirmos juntos uma sociedade melhor e mais justa. Esses 300 telecentros são divididos em cinco tipos: o padrão, como o que inauguramos essa semana; o especial, que terá biblioteca; o modelo, com o desenvolvimento contínuo; o de conteúdos e aplicações, onde começa o aperfeiçoamento da capacitação; e o laboratório de gestão e inovação. Esses dois últimos telecentros vão buscar exatamente aquelas potencialidades oprimidas pela falta de oportunidades. Vamos oferecer bolsas de estudo e pesquisa para essas pessoas talentosas que queiram produzir, para poderem se projetar no mercado de trabalho. As empresas de tecnologia vão certificar esses profissionais com essas bandeiras.

Algumas dessas instituições que o senhor citou também participarão do Parque Tecnológico Capital Digital, o PTCD. Temos alguma novidade sobre esse parque?

Começaremos agora as obras do prédio da FAP, a Fundação de Apoio à Pesquisa, e estamos negociando para começar logo também a obra da escola de ensino técnico lá do parque, porque nós queremos que seja um instituto federal. Toda semana o grupo de governança se reúne com os diversos integrantes do parque, como a Secretaria de Ciência e Tecnologia, Terracap, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Secretaria de Fazenda, Federação das Indústras, Sebrae, Universidade Católica e UnB, entre outros. Hoje, essa reunião está formatando o edital que vai formar a SPE, uma sociedade de proposta específica, que está dentro da lei das Parcerias Público-Privadas (PPPs), mas é um modelo diferente. Em geral, nas PPPs, por exemplo, o governo constrói uma estrada e concede para a iniciativa privada explorar a concessão durante um tempo determinado. Depois essa estrada volta para o governo. Nesse tempo, o Executivo fica sem receber nada. Na SPE, não: o governo é sócio; a partir do momento que entrar dinheiro na sociedade, recebe sua participação proporcional, que será minoritária. Como o terreno é da Terracap, a parte do governo na sociedade será o repasse do lote. Então, a participação do governo será somente o valor do lote, sem gastar nada dos cofres públicos.

Aproveitando esse assunto sobre alta tecnologia, como está o processo para trazer a fábrica de tablets (computadores em formato de prancheta) para o Distrito Federal?

Quando a empresa chinesa anunciou que vinha para o Brasil, eu disse que pretendia trazê-la para Brasília. Muitas pessoas, entre elas o ministro [da Ciência e Tecnologia] Aloizio Mercadante, disseram que isso é um plano audacioso. A Foxconn não fabrica propriamente tablets, mas faz toda a parte de display para Apple, Samsung, Nokia, Motorola e todas as outras que tenham tablet. Na verdade, ela produz e entrega com a chancela de cada empresa e já anunciou que a produção para iPads e iPhones será em Jundiaí (SP). Nós queremos que eles instalem aqui no Distrito Federal a fábrica para outro tablet. Isso porque, para produzir componentes para outras marcas no Brasil, é preciso abrir plantas fabris em outras cidades, até mesmo para evitar espionagens industriais. É claro que eles vão precisar de outras cidades e o ministro já falou que nos ajudaria, mesmo porque existe interesse da empresa em vir para cá. Falta sentar com eles para definir qual dos modelos eles vão produzir aqui, mas é certo que eles vêm.

E como o governo vai incentivar a vinda dessas empresas?

As empresas buscam basicamente duas coisas. Uma é segurança jurídica. É por isso que estamos trabalhando com a Procuradoria do Distrito Federal e todos os órgãos dessa equipe de governança. A outra busca é pelos incentivos fiscais. Nesse ponto, nós não vamos considerar abrir totalmente a porteira, mas é preciso um regime diferenciado de incentivos, para atrair as empresas. Então, queremos que o parque seja uma ZPE, uma zona de processamento especial de exportação. Seria parecida com uma zona franca, mas não é igual, porque é uma zona específica, focada em tecnologia da informação e da comunicação [TIC], e precisa ter um regime voltado para esse segmento, indistintamente. Todas as empresas receberão, igualitariamente, incentivos do GDF e do governo federal, independentemente de serem grandes ou pequenas.

Mudando um pouco de assunto, o Ministério das Comunicações lançou na última quinta-feira (30/6) o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Como está o Plano Distrital (PDBL)?

Quando a gente fala em internet banda larga, muita gente lembra só da nuvem: o wi-fi e WiMax [tecnologias de internet sem fio]. A nuvem é importante para quem tem seu tablet, seu notebook ou seu celular, mas o PNBL e o PDBL estão extremamente alinhados, e não podemos esquecer a internet banda larga residencial. A outra é mais fácil de liberar, mas a residencial é pontual para cada residência. No Plano Piloto não existe esse problema, porque o poder aquisitivo é alto e atrai as operadoras. No entanto, quando as operadoras fazem estudos de viabilidade econômica, não consideram viável levar a internet, por exemplo, ao Varjão, ao Sol Nascente, à Estrutural. É aí que o governo tem de entrar, negociando com as operadoras. O governo federal atingiu o patamar de R$ 35, mas eu acho que esse valor poderia chegar a R$ 15, pelo menos nessas localidades. E nós temos consciência de que é preciso pensar em outras formas de universalizar o acesso, porque, por mais que a gente consiga incluir muitos cidadãos com o PDBL, há uma grande parcela da população que não tem como pagar R$ 35 ou mesmo R$ 15 por mês. De qualquer forma, estamos com a infraestrutura preparada para instalar a banda larga e wi-fi em três cidades do DF. Não posso adiantar os nomes, mas escolhemos áreas mais carentes, por determinação do próprio governador Agnelo. Ele sempre deixou claro que o governo deve ser para todos, mas costuma usar a máxima de que “é preciso ser mais governo para quem mais precisa de governo”.

E vai haver algum controle de conteúdo, para preservar, por exemplo, os direitos autorais ou não permitir tráfego de material como pornografia?

Vai ter controle a partir dos equipamentos específicos para fazer essas restrições. Quando se trata de internet pública, é preciso ter essas restrições. Mesmo porque o sucesso dessa internet não está na velocidade da banda, que será de 1 megabyte por segundo, mas no uso que se faz da rede. Se muita gente começar a fazer download de um filme ao mesmo tempo, vai ocupar muito espaço na banda e quem chegar vai ter um acesso mais lento. Aí, vai reclamar que o programa não funciona, porque a velocidade é muito lenta. Ou seja, fazer esse gerenciamento é uma questão prática. Acesso a site pornográfico também precisa ser restrito. Não podemos deixar de jeito algum. E se liberar total o download de filmes ou músicas, será o fim do programa, porque poucas pessoas conseguirão usar e muitas não terão acesso, além de esbarrar na questão dos direitos autorais. Mas os acessos aos serviços, às pesquisas, às redes sociais estarão liberados.

Outra novidade tecnológica é a internet de alta velocidade em dispositivos móveis, como celulares, conhecida como 4G. Internacionalmente já se considera a Copa do Mundo do Brasil o primeiro grande teste do 4G. Como o DF está se preparando para isso?

Estamos agora começando a trabalhar com a questão da tecnologia para a Copa do Mundo. Os primeiros investimentos já foram feitos na área de segurança, que exige tecnologia avançada. Inclusive já houve reuniões sobre isso no Ministério da Justiça, comigo, com o governador Agnelo Queiroz, com o chefe de gabinete, Cláudio Monteiro, e com o secretário de Segurança, Sandro Avelar. Agora, qualquer que seja a tecnologia nova que venha a ser implantada, é preciso que haja infraestrutura tecnológica. Porque essa cidade aqui, apesar de ao longo dos últimos anos ter empregado muitos recursos em tecnologia, entre aspas – estão aí escândalos como o da Caixa de Pandora, que têm a ver com a área de tecnologia –, a nossa capital não é uma cidade digital. É uma capital analógica. Para ter qualquer nova tecnologia, é preciso investir na infraestrutura. Por isso, a infovia, que vai integrar todos os órgãos públicos do Distrito Federal às redes do DF e do governo federal, e a banda larga em todo o Distrito Federal.

É nessa infraestrutura que está incluída a Torre de TV Digital?

Sim, a Torre Digital é peça fundamental para a nossa infraestrutura. De lá serão gerados os sinais para fazer a nossa nuvem e iluminar tecnologicamente o nosso Distrito Federal. Então, parece que falamos sobre um monte de temas diferentes, mas, telecentros, infovia, Torre de TV Digital, banda larga e Parque Tecnológico estão incluídos numa mesma política de governo de inclusão, que vai além da inclusão digital: é a inclusão social.

Então vamos pensar no resultado de todas as políticas. Qual será a marca da sua gestão?

A Secretaria de Ciência e Tecnologia precisa ser diferenciada, porque tem um papel de transversalidade com todas as secretarias. Então, se nós conseguirmos desempenhar esse papel e ainda deixar um legado para a sociedade, eu me sentirei satisfeito ao final da minha gestão. A marca da secretaria é mesma assumida por esse governo desde a sua posse: a civilidade. Todas as nossas ações se destinam a atender a um segmento: a população.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A institucionalização da política de assistência social no Brasil


Presidenta Dilma Rousseff exibe a Lei do Suas que acabara de sancionar no Salão Nobre do Palácio do Planalto. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

A presidenta Dilma Rousseff disse que a sanção da lei que institui o Sistema Único de Assistência Social (Suas) representa “institucionalização em nosso país a política de assistência social”. A cerimônia ocorreu nesta quarta-feira (6/7), no Salão Nobre do Palácio do Planalto. Segundo a presidenta, a lei representa o coroamento do processo iniciado durante a Constituição de 1988 e destacou que sua elaboração resultou no atendimento de demandas dos mais diversos setores quando tramitou no Congresso Nacional.

“O Brasil conta agora com uma legislação à altura. Uma garantia oficial de proteção à pessoa pobre, à velhice, às pessoas com deficiência, a todos os brasileiros e brasileiras que se encontram em situação de vulnerabilidade ou risco. Vamos aprimorar ainda mais. Fortalecer gestão compartilhada. Vamos fortalecer ainda mais a participação da sociedade civil.”

Dilma Rousseff lembrou que esta nova legislação acontece num momento em que o governo federal coloca em prática o Plano Brasil sem Miséria. Deste modo, a rede de assistência social e o plano de erradicar a pobreza extrema, no entendimento da presidenta Dilma, passam a ser “irmãos gêmeos”. A presidenta conclamou os gestores, prefeitos, governadores a engrossarem as fileiras neste processo, de modo a permitir o dinamismo do programa que, por consequência, terá reflexo no desenvolvimento do Brasil.

A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, que discursou antes da presidenta Dilma, lembrou os avanços conquistados no Congresso Nacional durante a tramitação do projeto de lei originado no Poder Executivo. Campello explicou que o setor de assistência social “tem muito a comemorar” com a sanção da lei. O presidente do Conselho Nacional de Assistência Social, Carlos Ferrari, também endossou o discurso da ministra Campello e destacou a importância da participação dos diversos segmentos na elaboração da legislação.

A legislação -- Aprovado pelo Congresso Nacional -- após intenso debate na Câmara e no Senado -- , o projeto de lei que institui o Sistema Único de Assistência Social (Suas) assegura que a gestão das ações na área de assistência social fica formalmente organizada, de maneira descentralizada e participativa, por meio do Suas.

O Suas vigora na prática desde 15 de julho de 2005, por resolução do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Durante esses seis anos, tem garantido proteção social à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, por meio de uma rede descentralizada que envolve gestores de 99,5% dos municípios brasileiros. Isso significa que prefeituras, estados e o Distrito Federal têm autonomia para gerir a assistência social de forma organizada e com o apoio do Governo Federal, por meio de repasses de recursos. A adesão do município é voluntária.

O projeto sancionado pela presidenta complementa a Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), institui o Suas como meio de enfrentamento da pobreza e, principalmente, garante a continuidade do repasse de recursos aos beneficiários e para os serviços. Baseado no modelo do Sistema Único de Saúde (SUS), o Suas organiza atendimento e serviços ofertados à população de maneira não contributiva, ou seja, não se paga para receber os benefícios e serviços garantidos por lei como direito das pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade.

Articulação – Com modelo de gestão participativa, o Suas articula esforços e repassa recursos aos três níveis de governo, para execução e financiamento da Política Nacional de Assistência Social. Os recursos para a gestão dos serviços da proteção básica e especial e dos convênios são repassados automaticamente do Fundo Nacional de Assistência Social para os fundos municipais, estaduais e do Distrito Federal. Já os recursos do Benefício de Prestação Continuada (BPC) vão diretamente aos beneficiários por meio de cartão magnético.

Coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Suas é composto pelo poder público e a sociedade civil, que participa diretamente da gestão compartilhada, por meio dos conselhos municipais de assistência social e das entidades e organizações sociais públicas e privadas que prestam serviços nessa área.

O Suas também sistematiza a exigência de controle social, monitoramento e avaliação das políticas da assistência social. A gestão das ações e a aplicação dos recursos são negociadas e pactuadas nas Comissões Intergestores Bipartite (representantes de estados e municípios) e na Comissão Intergestores Tripartite (representantes do Governo Federal, de estados e municípios). Esses procedimentos são acompanhados e aprovados pelo Conselho Nacional de Assistência Social.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

UnB 50 Anos. Como festejar? A polêmica matéria da Revista Veja gerou protestos e respostas que publicamos a seguir

Educação

Madraçal no Planalto

Um dos símbolos da luta pela democracia durante o regime militar, a Universidade de Brasília tornou-se reduto da intolerância esquerdista

Gustavo Ribeiro
ESPELHO - Em 1968, militares invadem a UnB. Em 2011, professores reclamam de controle ideológico ESPELHO - Em 1968, militares invadem a UnB. Em 2011, professores reclamam de controle ideológico (Fotos Monique Renne/CB/D A Press e AE)
A Universidade de Brasília teve seu câmpus invadido por forças de repressão, teve estudantes assassinados, professores perseguidos e funcionários demitidos por defender ideias contrárias às do poder dominante. Isso ocorreu durante os períodos mais duros do regime militar. Naquele tempo, a comunidade da UnB sofria por exigir a volta da democracia ao Brasil. Pois não é que a democracia voltou ao Brasil, mas anda em falta justamente em um dos redutos onde mais se lutou por ela, a UnB? Professores, estudantes e funcionários da Universidade de Brasília têm sido alvo de perseguição da diretoria e de agressões pelo único crime de não pensarem de acordo com a ideologia dominante. A liberdade de expressão sempre foi um valor sagrado nas universidades, mas na UnB ela foi revogada para que em seu lugar se instalasse a atitude mais incompatível que existe com o mundo acadêmico: a intolerância. VEJA foi ao câmpus da UnB apurar as denúncias de que um símbolo da luta democrática no Brasil está se transformando em um madraçal esquerdista em que a doutrinação substituiu as atividades acadêmicas essenciais. Os depoimentos colhidos pela reportagem da revista deixam pouca dúvida de que essa tragédia está em pleno curso. Acompanhem. A procuradora de Justiça Roberta Kaufmann conta que viveu a maior humilhação de sua vida em um auditório da UnB, instituição em que concluiu seu mestrado. Convidada para participar de um debate sobre a adoção de cotas raciais pelas universidades públicas, ela - que é contrária ao projeto - não conseguiu falar. Quando lhe foi dada a palavra, um grupo liderado por professores promoveu um alarido ensurdecedor. Ela foi chamada de racista, ouviu ofensas impublicáveis e só pôde deixar a universidade horas depois, acuada, com medo de que algo pior acontecesse. Seu carro foi vandalizado. Nas portas, foi pichada a frase "Loira filha da p...". Desde então, Roberta nunca mais voltou à UnB sem companhia. Não se trata de um caso isolado. "A UnB se tornou palco das piores cenas de intolerância. Não há espaço para o diálogo. Ou você compartilha do pensamento dominante ou será perseguido e humilhado", diz a procuradora.
Cristiano Mariz
NA CONTRAMÃO - Salas de aula são utilizadas para festas e consumo de drogas. Professora discorda da liberalidade - e é punida
NA CONTRAMÃO - Salas de aula são utilizadas para festas e consumo de drogas. Professora discorda da liberalidade - e é punida
Os professores entrevistados relatam que manifestações de intolerância como essas se intensificaram a partir de 2008, depois da eleição do reitor José Geraldo de Sousa Junior, um dos fundadores do PTPT no Distrito Federal. José Geraldo, cujo único mérito acadêmico evidente deriva de sua militância política, venceu o pleito ao cabo de uma manobra que deu aos votos dos alunos o mesmo peso dos votos do corpo docente e dos funcionários. Segundo a lei, os professores deveriam representar 70% do colégio eleitoral de uma universidade. "Nenhuma universidade de ponta tem esse tipo de sistema eleitoral. Uma instituição controlada por alunos gravita em torno dos pontos mais mesquinhos da pequena política", diz o historiador Marco Antonio Villa. E existem exemplos dessa contaminação do cotidiano acadêmico pela pequena política. Dois adversários de José Geraldo na eleição para reitor, os professores Márcio Pimentel e Inês Pires de Almeida, foram alvo de retaliação por parte da nova administração, que teria começado logo depois da posse. O crime deles? Terem ousado concorrer ao cargo hoje ocupado pelo militante de mar e guerra, reitor da UnB.
Cristiano Mariz
"O propósito da universidade deveria ser a excelência. Na UnB, isso foi substituído pela partidarização do ensino." Frederico Flósculo, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
  "O propósito da universidade deveria ser a excelência. Na UnB, isso foi substituído pela partidarização do ensino." Frederico Flósculo, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Márcio Pimentel e a esposa, a também professora Concepta McManus, desconfiaram que o trabalho de pesquisa de ambos começou a sofrer boicotes - mas tudo de uma maneira sempre muito sutil, indireta. Como nunca havia ocorrido antes, serviços básicos dos laboratórios, como a limpeza das instalações e a compra de material, foram interrompidos. Sem explicação, a carga horária de aulas também foi ampliada de maneira claramente exagerada, para que não lhes sobrasse tempo para o trabalho de pesquisa. "Chegou um momento em que uma disciplina ministrada por um colega com metade das turmas que eu tinha foi passada a mim. Não sobrava tempo para o laboratório", disse Concepta McManus a um professor ouvido por VEJA. A perseguição forçou Pimentel a pedir transferência para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No documento de liberação do professor, José Geraldo lamentou protocolarmente que a UnB perdesse um docente da envergadura de Pimentel. "Puro deboche. A saída do Márcio era o sonho da reitoria", afirma o professor de bioquímica Marcelo Hermes-Lima, que testemunhou a hostilidade oficial ao casal de professores. "A UnB é uma página virada. Não faz mais parte da minha vida", limitou-se a dizer o geólogo Márcio Pimentel ao ser procurado por VEJA. Contra a professora Inês Pires, a outra candidata derrotada, a retaliação foi mais explícita. Ela perdeu a chefia de um curso e sofreu uma devassa nos projetos de pesquisa que conduzia. "Os analistas não requisitaram sequer a prestação de contas. Foi uma ação com o claro objetivo de tisnar a imagem de uma professora que não pertence ao grupo dominante", conta um professor que acompanhou o caso e fala em condição de anonimato por temer represálias.
Roberto Jayme/Photonews
"A UnB se tornou palco das piores cenas de intolerância. Não há espaço para diálogo. Ou você partilha do pensamento dominante ou será perseguido." Roberta Kaufmann, procuradora, mestra em direito pela UnB
"A UnB se tornou palco das piores cenas de intolerância. Não há espaço para diálogo. Ou você partilha do pensamento dominante ou será perseguido." Roberta Kaufmann, procuradora, mestra em direito pela UnB
O jurista Ibsen Noronha, ex-professor voluntário do departamento de direito e um dos maiores especialistas em história do direito brasileiro, deixou a UnB no fim do ano passado. Motivo: sua disciplina desapareceu do currículo. Para ele, no entanto, foi retaliação diante de sua posição extremamente crítica em relação ao polêmico regime de cotas, uma das bandeiras que tem na atual gestão da UnB seus maiores defensores: "É a primeira vez em trinta anos que a disciplina, um diferencial do currículo da universidade, não foi oferecida. Eu fui aluno da UnB e tive essa aula. A justificativa que a faculdade apresentou é risível: disseram que a matéria foi suprimida por ser optativa. Mas não me foi apresentada nenhuma outra opção no lugar dela. É lamentável testemunhar a transformação da universidade em um instrumento de domínio ideológico", afirma Noronha, que se tornou, em fevereiro, o primeiro brasileiro a lecionar na respeitada Universidade de Coimbra, em Portugal. O embate é tal que mesmo críticas sem conotação ideológica ou política podem servir como estopim para retaliações. A professora Tânia Montoro, da Faculdade de Comunicação, conta que foi punida por ter criticado as extravagantes concessões que a atual reitoria faz aos alunos, como a permissão de festas nos prédios onde as aulas são ministradas - que transformaram as salas em território livre para consumo de drogas. No ano passado, a professora e duas de suas alunas foram escolhidas como palestrantes em um seminário realizado em Bogotá. A UnB autorizouo pagamento da viagem das alunas, mas não da professora. Depois de duas negativas, Tânia reclamou, mas seu pedido só foi deferido quando não havia mais tempo para o embarque. "Eu tenho uma história de trinta anos nesta universidade, e sou uma pesquisadora produtiva. Não merecia passar por essa vergonha", diz a professora.
Roberto Jayme/Photonews
"A universidade foi tomada por um patrulhamento ideológico tácito, orquestrado para funcionar sem ser notado. Quem pensa diferente é relegado ao limbo." Ronaldo Poletti, professor de direito
"A universidade foi tomada por um patrulhamento ideológico tácito, orquestrado para funcionar sem ser notado. Quem pensa diferente é relegado ao limbo." Ronaldo Poletti, professor de direito
Mesmo em cursos considerados técnicos, como o de arquitetura, a política tem predominado. O urbanista Frederico Flósculo, há dezenove anos professor da UnB, acusa a atual direção de persegui-lo e agir para que seus projetos de pesquisa sejam sistematicamente rejeitados. Diz Flósculo: "Eu fui um opositor ferrenho da gestão passada. Quando José Geraldo assumiu, levou para a reitoria a sua corriola. Nos últimos anos, meus projetos de pesquisa têm sido sistematicamente rejeitados. O propósito da universidade deveria ser a busca da excelência. Isso foi substituído pela partidarização do ensino". O decano da Faculdade de Direito, Ronaldo Poletti, resume o problema: "A universidade foi tomada por um patrulhamento ideológico tácito, orquestrado para funcionar sem ser notado. Quem pensa diferente é relegado ao limbo. Em trinta anos de cátedra, nunca vi a universidade tão distante da sua proposta original - a produção livre do conhecimento". O reitor da UnB nada vê de extraordinário. "Ninguém tem espaço sem esforço. É preciso analisar se não são os professores que, por falta de competência, perderam visibilidade. A Universidade de Brasília nunca foi tão aberta", afirma José Geraldo.
Carlos Moura/CB/D A Press
"A UnB deixou de ser uma instituição acadêmica para se tornar um instrumento de domínio ideológico." Ibsen Noronha, ex-professor voluntário da Faculdade de Direito
"A UnB deixou de ser uma instituição acadêmica para se tornar um instrumento de domínio ideológico." Ibsen Noronha, ex-professor voluntário da Faculdade de Direito
Para o sociólogo Demétrio Magnoli, são evidentes os sinais de que algo está deteriorando o ambiente acadêmico do que foi uma das mais respeitadas instituições de ensino do país. Resume Magnoli: "Um câmpus, por definição, deve ser uma praça de debates onde a diversidade de ideias é o maior valor. É preocupante quando uma universidade adota uma posição ideológica. A UnB vive o processo típico de uma instituição que se tornou um aparelho em prol de uma causa".
Lailson Santos
"A UnB vive um processo típico de uma instituição que se tornou um aparelho em prol de uma causa." Demétrio Magnoli, sociólogo
"A UnB vive um processo típico de uma instituição que se tornou um aparelho em prol de uma causa." Demétrio Magnoli, sociólogo

Antonio Cunha/CB/D A Press
"Ninguém tem espaço sem esforço. É preciso analisar se não são os professores que, por uma questão de competência, perderam visibilidade." José Geraldo Sousa Junior, reitor da Universidade de Brasília
"Ninguém tem espaço sem esforço. É preciso analisar se não são os professores que, por uma questão de competência, perderam visibilidade." José Geraldo Sousa Junior, reitor da Universidade de Brasília



JORNALISMO E ÉTICA DAS FONTES
            Luiz Martins da Silva
            Existe um Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, como há códigos de ética nacionais e mundiais para sinalizar o decoro nas mais variadas categorias profissionais e humanas, mas está passando da hora de existir também um Código de Ética da Fonte Jornalística, pois a informação é um bem público e não uma arma a serviço de interesses, paixões, melindres, sabotagens e todo tipo de maus usos de expedientes que ao longo de séculos a democracia inventou, como é o caso da fonte jornalística.
            A matéria de Veja, intitulada “Madraçal no Planalto”, teria tido o destino natural de uma reportagem do gênero “jornalismo investigativo”, que é a de funcionar como um instrumento de utilidade pública e de ser um serviço ao público, se não tivesse chegado ao extremo de um estilo que nos últimos anos tem caracterizado esse periódico, que é a editorialização dos fatos ou mesmo o enviezamento dos mesmos ao ponto do delírio.
            Ocorrerá a alguém com saúde, lucidez e sobriedade andar pela Universidade de Brasília e deduzir que, às vésperas de completar meio século, essa instituição se tenha metamorfoseado em algo monstruoso e bestial, digno de ser exposto publicamente como um ente de fundamentalismo ideológico extremado e, o que é pior, de perseguição a quem não concorda com uma suposta ordem discursiva implantada? Ou será que os fatos dependem muito dos olhos de quem os veem?
Brasília e, agora, a UnB sofrem de um estigma reducionista, uma espécie de metonímia ao contrário, o todo pela parte. Brasília tem mais de 2 milhões de pessoas, mas os brasilienses são carimbados como gentílicos de uma Babilônia. A UnB é uma cidade universitária e por ela circulam 40 mil pessoas, avisadamente encaradas como pobres alienados à mercê de uma Sodoma, que em nome do saber lhes ensina toda sorte de pecados, os capitais e os da Capital. E os do Planalto, também. É como se cada habitante deste Planalto fosse responsável direito, não pelo que emana de bom dos palácios, mas pelo que eles expelem de pior. Novo neologismo na praça: “Madraçal”, mistura de madrasa e lamaçal.
            Em 1920, Rui Barbosa preparou uma conferência, “A imprensa e o dever da verdade” (reeditada em 2004), na qual afirma que a imprensa representa os olhos da sociedade e que se ela mal vê, tropeça. E advertia para o papel desempenhado pelos jornalistas, pois se não servissem à clareira das estradas, conduziriam o público à escuridão. O discurso de Rui seria pronunciado numa noite e a edição do mesmo se daria em benefício de um asilo de órfãos. Mas o grande jurista adoeceu e o seu texto foi lido por um colega, João Mangabeira.
            Socorro, Rui Barbosa! Venha renovar as suas palavras em benefícios dos órfãos, desta feita, dos órfãos de lealdade para com os fatos. E, neste momento, especialmente no que se refere a uma relação entre fonte e repórter, pois se o repórter como guia de cego o leva para o buraco, imagine que desventura da sociedade enxergar mal por conta daqueles que orientam os guias. Ser fonte jornalística é ser fonte de luz, de acordo com uma tradição iluminista segundo a qual a imprensa representa a centralidade num projeto de Esclarecimento, pois ela se situa num ponto equidistante de todos, o cruzamento dos caminhos, a topologia de Hermes, o mensageiro. Lamentavelmente, hoje, essas fontes traem a imparcialidade, o hermetismo inerente ao seu papel, abrem o envelope e alteram o teor da mensagem, entregando à sociedade (via imprensa) não um retrato da realidade e dos fatos, mas uma versão interessada e, portanto, trapaceira. E também abandonam o decoro para com o estilo, baixam o calão e tratam autoridades instituídas pelo voto com alcunhas e como bandidos a serem tocados a pontapés. É o suposto movimento do “Fora, Zé” (referência ao reitor José Geraldo). Descarrega-se sobre ele todo o nojo que as elites brasileiras têm dos Zés. E qual o mal em ser um Zé? Zé não é uma ontologia por si. Ora, o Brasil é um país de Zés, milhões deles sonhando com uma oportunidade chamada universidade.
            Fosse a Veja um veículo publicitário e não um serviço jornalístico, mesmo assim, estaria sob o foco de dois grandes códigos brasileiros, o Código de Defesa do Consumidor e o Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária. O primeiro remete o comprador ao Procon e o segundo remete o cidadão ao Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária). Ambos, em seus princípios, condenam: abusar, enganar e iludir. A imprensa, no entanto, não é fábrica e as notícias não são produtos mercantis. Ou não deveriam ser fornecidas como tal. Na lógica do consumo, se um anúncio é enganoso (teor, preço e efeito) ou abusivo (desrespeitoso, preconceituoso) e se um produto causa danos, existem as reparações. No caso da imprensa, e dos fatos polêmicos, deve haver pelo menos o dever da pluralidade, já que a verdade é uma essência muito complexa. Quando ganha forma, é poliédrica. Na matéria “Madraçal do Planalto”, faltou avisar a Al Qaeda que a UnB é uma sucursal da caverna de Bin Laden.
            Que fale Rui Barbosa: "A imprensa é a vista da Nação". E, mais adiante: "Sem vista mal se vive. Vida sem vista é vida no escuro, vida na soledade, vida no medo, morte em vida: o receio de tudo, dependência de todos; rumo à mercê do acaso; a cada passo, acidentes, perigos, despenhadeiros. Tal a condição em que a publicidade se avariou, e, em vez de ser os olhos, por onde se lhe exerce a visão, ou o cristal, que lha clareia, é a obscuridade, onde se perde, a ruim lente, que lhe turva, ou a droga maligna, que lha perverte, obstando-lhe a notícia da realidade, ou não lha deixando senão adulterada, invertida, enganosa".
            De toda a malignidade a UnB tem sido atribuída. Até a sua sigla tem sido vilipendiada. Seria, agora, UnD, com D de droga. Há, no entanto, pior tóxico do que os químicos: a distorção da realidade ou a transmissão hiperbólica dos problemas. Eles existem, sempre existiram e, neste momento, a fotografia da UnB não está nada bem, está de “filme queimado”, como diz a moçada, por conta de festas irresponsáveis. E, aqui, um lamento e uma advertência. Quem vem a uma universidade para festejar, para celebrar, para a alegria e comete ilícitos, saiba: o que você faz será aproveitado pelos detratores de uma instituição pública, ávidos por apresentá-la à imprensa e à opinião pública como uma das piores do mundo, mas dela retiram o salário e a vaidade farisaica dos papers e quotations, como se eles decorressem de uma genialidade exclusivamente pessoal. A flor de lótus, a despeito do pântano.
            A UnB é diariamente procurada pela imprensa, sempre que ela precisa de uma ancoragem nos mais variados assuntos, do meio ambiente à sismologia. A imprensa é procurada diariamente por fontes que, na contrapartida da denúncia, procuram fornecer aos jornalistas informações sobre tudo de ruim que nela acontece. Nada a reparar se houvesse espírito público, respeito e decoro. Ocorre, no entanto, algo estranho. Quando se trata de falar de si, em geral o cientista fala na primeira pessoa, é o ego que se enuncia. É uma espécie de radicalização do cogito de Descartes, nos seguintes termos: “Penso, logo o mundo existe”. Humilde, Paulo Freire um dia disse: “Nós existimos. Logo, penso”.
            A dobradinha fonte-jornalista é um benefício. Um serviço ao público. Se a fonte não tiver ética, no entanto, perde a imprensa e a sociedade. Se ambas não souberem o que é isto, mais vale a máxima de Aristóteles: “Com ética, o ser humano é o melhor dos animais. Sem ética, o pior deles”.


Estudantes contestam Veja com argumentos sólidos

http://blogdoparaiso.blogspot.com/2011/07/estudantes-contestam-veja-com.html 
Uma reportagem publicada na mais recente edição da revista Veja chamou muito a atenção dos alunos e dos professores da Universidade de Brasília (UnB). Tanto que fez o Diretório Central dos Estudantes (DCE) divulgar uma carta aberta em resposta à revista. No documento, os estudantes rebatem várias críticas feitas por Veja contra a atual gestão da UnB. Chama atenção a crítica e a resposta referentes ao mecanismo que equipara os votos dos estudantes e dos funcionários aos votos dos professores nas eleições internas.


Para Veja, o mecanismo não é nada democrático. Muito pelo contrário. De acordo com a revista, a igualdade dos votos dos estudantes e dos funcionários com os votos dos professores é uma manobra usada em 2008 para eleger o atual reitor, José Geraldo de Sousa Junior, como a revista faz questão de destacar, “um dos fundadores do PT no Distrito Federal” e “cujo único mérito acadêmico evidente deriva de sua militância política”.


Na carta em resposta à Veja, os estudantes rebatem esta crítica com um argumento contundente – se eu fosse o repórte que escreveu a matéria, sentiria vergonha, ao ler a resposta dos estudantes. Eles escrevem que a revista “esquece que a "manobra" foi aprovada em conselho de maioria docente, composto pelas direções de todas as faculdades e institutos, eleitas autonomamente, como prevê a arcaica Lei de Diretrizes e Bases (LDB)”.


E não é só isso. “Mais grave ainda, a revista parece ignorar que a paridade foi uma conquista política do movimento estudantil de 2008, quando derrubamos uma reitoria corrupta, cujos contratos e movimentações ainda hoje são investigados pelo Ministério Público da União. Em vez disso, a Veja atribui a ida do ex-professor da UnB, decano da antiga reitoria no período Timothy e ex-diretor da polêmica Finatec, Márcio Pimentel, para o Rio Grande do Sul, a uma suposta perseguição política”.


Sem mais comentários.
Carta aberta de resposta à revista Veja  do Diretório Central dos Estudantes Honestino Guimarães -  Gestão Amanhã Vai Ser Maior

Brasília, 05 de julho de 2011

"A Universidade de Brasília nasce com uma função clara, fundamentar uma utopia: ordenar, concatenar as ações, para fazer frente ao espontaneísmo fatalista e, sobretudo, para impedir que os oportunistas façam prevalecer propósitos mesquinhos. (…) Pensaremos o Brasil como problema, nosso país não precisa de mais uma universidade conivente com a miséria de nosso povo."
Darcy Ribeiro - Universidade para quê?

A UnB está longe de ser a universidade que queremos! Quando idealizada por Darcy Ribeiro, nos anos 60, a Universidade de Brasília simbolizava o que havia de mais libertário e transformador na educação brasileira. Muito antes de se concretizar, porém, o sonho foi interrompido pela Ditatura Militar.

Hoje, julho de 2011, chega a ser surpreendente que um professor conhecido por defender em sala de aula a "gloriosa revolução de 64", Ronaldo Poletti, seja fonte privilegiada de uma reportagem sobre suposto "patrulhamento ideológico" e perseguição política no ambiente acadêmico. A dita reportagem "Madraçal do Planalto", da edição de 04 de julho de 2011 da revista Veja, recorre ao termo normalmente utilizado para se referir a escolas fundamentalistas radicais islâmicas para inventar uma UnB baseada em rumores e suposições.

A mesma revista que, em 2005, elogiou o protagonismo do movimento estudantil ao combater Severino Cavalcanti, hoje define como manobra política ilegal a eleição de uma reitoria de forma paritária (com pesos iguais para professores, estudantes e técnicos-administrativos). Esquece que a "manobra" foi aprovada em conselho de maioria docente, composto pelas direções de todas as faculdades e institutos, eleitas autonomamente, como prevê a arcaica Lei de Diretrizes e Bases (LDB) .

Mais grave ainda, a revista parece ignorar que a paridade foi uma conquista política do movimento estudantil de 2008, quando derrubamos uma reitoria corrupta, cujos contratos e movimentações ainda hoje são investigados pelo Ministério Público da União. Em vez disso, a Veja atribui a ida do ex-professor da UnB, decano da antiga reitoria no período Timothy e ex-diretor da polêmica Finatec, Márcio Pimentel, para o Rio Grande do Sul, a uma suposta perseguição política.

A revista, que se diz ferrenha defensora do combate à corrupção, tenta transformar investigados em vítimas. Atitude esperada da mesma publicação que, em 2009, identificou o ex-governador do DF, José Roberto Arruda, como símbolo da volta por cima. Não esperamos nada diferente desta revista, mas é necessário repudiar o falso rótulo da imparcialidade adotado, formador de opinião de parcela considerável de nossa população, cujo acesso a meios de comunicação plurais é extremamente restrito.

O desconhecimento do repórter Gustavo Ribeiro, graduado pela Universidade Católica de Brasília, sobre a realidade da UnB é certamente um dos problemas na elaboração da matéria. É possível que ele ignore o fato de que diferente das instituições privadas, onde as direções são indicadas pelos proprietários, nas universidades públicas federais as coordenações dos cursos são eleitas diretamente por seus estudantes, professores e técnicos-administrativos. Tal ignorância e má-interpretação dos fatos o impedem de perceber que a saída da professora Inês Maria Pires de Almeida da direção da Faculdade de Educação, por exemplo, se deu por uma votação legítima e democrática da comunidade que escolheu outro modelo de gestão.

Aliás, fatos concretos são raros nesse texto supostamente jornalístico. É citado um caso de vandalismo contra o carro da advogada do DEM e mestre pela UnB, Roberta Kaufman. Algo que, se de fato tivesse sido praticado, de forma alguma mereceria nosso apoio. Muito pelo contrário. No entanto, qual a real possibilidade de uma advogada de tamanha influência ter sido agredida desta forma sem prestar sequer uma denúncia? É possível acreditar que tal ocorrido passaria em branco justo na "Universidade das Cotas"? Sem nenhuma divulgação midiática? O mínimo a ser feito pelo repórter era uma checagem dos fatos e o fornecimento de informações mais precisas. Em vez disso, ele optou por dar voz a professores "com medo de represálias", offs no mínimo estratégicos.

Para justificar a saída do professor voluntário da Faculdade de Direito, Ibsen Noronha, o repórter apostou em uma retaliação fantasiosa. O fato de que o jurista se recusou a adequar-se ao regime de professor substituto, com dedicação de 40 horas à Universidade, como é exigido dos demais professores, foi estrategicamente ignorado. Assim como o fato de que foi oferecida e recusada pelo professor a condução de outras disciplinas.

Em uma sucessão de mentiras, o texto nada jornalístico da revista Veja se constrói. Antes fosse a UnB um antro da esquerda! Fato é que as mínimas conquistas obtidas pelo movimento estudantil dos últimos anos estão cada vez mais ameaçadas. O Congresso Estatuinte Paritário, prometido em 2008, onde deveriam ser discutidos de maneira aprofundada o funcionamento e a função da universidade, aparece cada vez mais distante. O projeto de uma gestão compartilhada está longe de sair do papel como prometido.

O que temos é uma reitoria que cada vez mais cede às pressões de uma direita organizada. Que aprova o recredenciamento de fundações privadas corruptas em sua prática e essência, como a Finatec. Que ao mínimo estardalhaço, diz que festas atrapalham o aprendizado. Que está longe de priorizar a assistência estudantil, o acesso e permanência de estudantes de baixa-renda, no ambiente elitizado que é a universidade pública brasileira. Que ainda reserva à prática extensionista o lado mais fraco do tripé "ensino-pesquisa-extensão" e é conivente com a existência de cursos pagos, dentro de uma instituição que deveria ser 100% gratuita.

No entanto, apesar das naturais divergências do movimento estudantil com a administração superior da universidade, reconhecemos que hoje a universidade vive em um ambiente mais democrático, quando comparado a períodos anteriores. A própria foto de abertura da matéria utilizada pela revista é de uma manifestação estudantil contrária à reitoria, onde era cobrado o cumprimento de prazos e promessas não cumpridos, referente à conclusão das obras de expansão da Universidade.

Na Universidade, sempre tivemos espaço para nos manifestar. Fosse contra a reitoria ou o governo federal, como na ocasião do corte orçamentário para a educação e na priorização da construção de um Beijódromo, frente a salas de aula e prédios de moradia estudantil. O movimento estudantil da UnB segue livre e independente em defesa dos interesses dos estudantes, da universidade e da democracia. Certamente não é o caso da revista, que não entrevista nenhum estudante ou técnico-administrativo, deixando clara a visão de democracia que defende o veículo.

Temos muitos problemas na UnB e nas universidades brasileiras em geral,  mas somente com mais debates e democracia conseguiremos resolvê-los. Quando nossa universidade é criticada por sua diversidade étnica, racial, sexual, cultural e política, ou por funcionar “em prol de uma causa” - a formação de cidadãs e cidadãos conscientes, emancipados e transformadores - só nos resta ter orgulho. Orgulho da UnB!
Diretório Central dos Estudantes Honestino Guimarães -  Gestão Amanhã Vai Ser Maior


Diretório Central de Estudantes Honestino Guimarães da UnB
Gestão Amanhã Vai Ser Maior
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