sexta-feira, 21 de junho de 2019





Por que somos tão corajosos na Internet (e não estou falando só de haters)


Por que somos tão corajosos na Internet (e não estou falando só de haters*)
*Odiento, odiador ou, em inglês, hater é um termo usado na internet para classificar pessoas que postam comentários de ódio ou crítica sem muito critério. Difere-se de um trol, que tem um comportamento diferente.Wikipédia

Nina Lemos

21/06/2019 04h00 Aconteceu essa semana. De novo. Escrevi um texto nesse blog falando que uma mulher com a idade do Keanu Reeves não seria a queridinha do momento. Recebi uma reação com a qual já estou acostumada. "Velha! Vagabunda! Feminazi! Cabelo de playmobil", gritaram no meu Instagram, comentários, Twitter.
Nada demais. Isso é rotina na vida de quem escreve para a Internet(principalmente na de quem ousa ter opinião e é mulher). Mas faz parte. Mais um dia no escritório. A gente bloqueia alguns comentários. Fim
Mas, outro dia, conversando com a minha mãe (e nem era sobre haters) ela me disse uma coisa óbvia e verdadeira: "como as pessoas são corajosas na Internet, não?"
Pois é. Imagina se uma dessas pessoas teria coragem de encontrar comigo na rua e gritar: "CABELO DE PLAYMOBIL!".  A maioria não teria. Poderia até comentar baixo (o que é normal), mas não iria além disso.
A internet, os grupos de WhatsApp, e qualquer lugar onde possamos mandar mensagens escrevendo sem olhar na cara e ter que arcar com as consequências (que pode ser até levar um tapa) são lugares onde  falamos "o que der na cabeça". Mas cuidado com quem fala tudo que pensa, isso significa que essa pessoa está sem superego, ou seja, meio maluca. Isso nos tornam super heróis da coragem (e também da falta de educação).
Mas não, isso não acontece só com comentaristas de portal agressivos ou pessoas que gastam seu tempo indo no Instagram de blogueiros ou pessoas públicas para xingar. Acontece com todos nós. Sim, comigo, com você. A internet nos dá a coragem para fazer coisas que não faríamos na vida real. E, no geral, essas coisas não são boas.
Aconteceu comigo. Outro dia me irritei em um grupo de WhatsApp (sim, viramos essas pessoas que brigam em grupos de WhatsApp). Claro que não xinguei geral. Mas disse coisas ali que não falaria em uma mesa de bar.
"Tô fora desse humor hipster", eu disse. A pergunta é: eu, uma pessoa adulta, teria usado da mesma linguagem em uma mesa de bar? Não, né? Eu teria me levantado. No máximo, ido embora e depois comentaria com alguém que aquele tipo de conversa me deixava sem paciência. Simples assim. Eram assim que as coisas eram resolvidas nos anos 90.
Mas não, escrevendo, de longe, descontrolei e falei de um jeito que na vida normal não falaria.
Você falaria isso na cara da pessoa?
Outro dia recebi uma mensagem de uma amiga que, no dia, me magoou bastante. Ela fazia tipo um resumo dos meus defeitos (sob o olhar dela, claro). Em uma mensagem de celular ela me chamava de dramática, exagerada… enfim. Foi bem chato e magoou. E é aí que entra a minha mãe. Comentei com ela, que me disse: "as pessoas enlouqueceram. Elas não teriam coragem de falar isso na cara das outras! Seria como encontrar com você na rua e gritar: 'você é dramática, exagerada!' Como isso acabaria? No tapa?".
Sim, minha mãe tem toda razão. A internet é linda e maravilhosa, mas também faz com que todos nós percamos o controle e a civilidade. E estou me incluindo totalmente nisso. Até a minha mãe, que já passou dos 70, perdeu o controle. Durante as eleições, ela escreveu para uma mulher em um grupo da cidade onde nasceu: "Você é uma imbecil". Eu juro! Podem rir. Quando ela faria isso na vida real? Mas nunca!
E, vamos lembrar, a época das eleições talvez tenha sido a época em que descemos mais baixo. Mas pelo jeito não aprendemos.
Eu não sou exatamente uma pessoa "que ama uma treta". Contrário. Desde criança sou medrosa e não brigo. Brigar de tapa mesmo só com uma prima-irmã (e eu sempre perdia e apanhava).
Imagina se eu teria coragem de falar: "que saco, isso é bem coisa dessa geração mesmo! Não pensam!" na cara de um grupo de pessoas? O que teria acontecido? Teriam gritado comigo! E eu teria merecido. Pois, em um grupo de WhatsApp, eu tive.
Vamos parar de fazer isso? Não sei se vamos conseguir. Algumas pessoas se viciaram no prazer de xingar e espalhar ódio e não vão mudar.
Mas e a gente, que se acha civilizado? Será que vamos conseguir mudar? Sugiro um exercício, que vou começar a fazer hoje. Antes de falar algo para alguém, seja no WhatsApp, no Instagram, no Twitter ou no Telegram, imaginar se a gente falaria o mesmo se estivesse cara a cara com a pessoa. Muitos desentendimentos podem ser evitados. E nem vamos ter que culpar "o hacker".  

terça-feira, 18 de junho de 2019




BRASIL 247 INAUGURA NOVO VISUAL DE SEU PORTAL


Brasil 247 tem novo projeto visual

Sejam bem-vindos ao novo portal Brasil 247. Projeto visual reformulado visa facilitar a navegação virtual de seus milhões de leitores

O portal Brasil 247 chega a seu 8º ano diante do desafio de continuar produzindo um jornalismo independente, profissional e de qualidade e, ao mesmo tempo, lidar com os acessos dos leitores - cada vez mais exigentes - em curva ascendente. O conceito de jornalismo posto em prática prima pelo princípio da ‘soberania’: não se faz um jornal digital de rabo preso com o mercado financeiro ou com segmentos políticos alçados ao poder.    
O compromisso do Brasil 247 é efetivamente com o leitor e com esse novo usuário soberano da cena digital, um usuário que participa ativamente da construção das interpretações dos fatos políticos e econômicos, bem como da construção das pautas e de uma linha editorial calcada na dicção coletiva subscrita em nosso tempo histórico.    
São mais de 70 milhões de acesso por mês que se somam aos mais 400 mil inscritos em nossa TV no Youtube, a TV 247, uma das maiores produtoras de conteúdo jornalístico digital do país.    
O time de articulistas do portal também faz parte desse projeto de jornalismo profissional e independente. São mais de 300 colunistas de todos o país e do exterior que oferecem aos leitores, diariamente, uma visão de mundo e de Brasil, diferente do discurso monocórdico encontrado nos veículos hegemônicos de imprensa.    
Com base nesses dados, nesse crescimento exponencial e na situação política conflagrada de um país que teve interrompido seu processo democrático, o Brasil 247 decidiu apresentar um novo projeto visual para facilitar a navegação virtual de seus milhões de leitores.    
Desenvolvido pela empresa alemã Sourcefabric, o novo sistema passa a utilizar o publicador Superdesk, tecnologia usada por grandes grupos de mídia no mundo.    
O novo projeto visual tem como objetivo dar mais qualidade de interação ao leitor-usuário, tanto nos computadores quanto nos celulares.    
A home do site alargou suas dimensões e amplificou a conexão palavra-imagem, com sobreposições e direcionamentos visuais para potencializar manchetes e notícias urgentes.    
O cardápio vertical dos colunistas passa para o lado esquerdo da tela e as matérias coabitam a home aos pares, possibilitando uma visualização mais destacada de cada assunto.    
A programação do canal no Youtube ganhou uma caixa do lado direito da home, abaixo da janela online do próprio canal, em transmissão ao vivo, acentuando conectividade entre as duas dimensões da notícia: texto e TV.    
O novo projeto visual e conceitual do Brasil 247 atende às demandas contemporâneas de um leitor mais interativo, mais crítico e mais qualificado, que gosta de navegar internamente em um site de notícias que reverbera sua percepção de mundo.    
A equipe 247 tem orgulho em construir coletivamente um canal de notícias que busca produzir o melhor jornalismo da cena digital, bem como interpretações soberanas e análises atestadas por especialistas.    
O layout novo, por fim, visa renovar também a experiência de conectividade entre leitor e jornalistas, já consagrada neste espaço pelo respeito mútuo e pelo afeto necessário a uma cena jornalística que se perdeu um pouco sob correntes de ódio político.    
Sejam bem-vindos ao novo Portal Brasil 247. A equipe os saúda com a reverência de quem saúda a sua maior razão de ser: o leitor.

domingo, 16 de junho de 2019






Pierre Omidyar é o bilionário que patrocina o site The Intercept

sábado, 15 de junho de 2019




ZUMBIS INTERCEPTADOS NA VAZA À JATO

GREENWALD: A CADA MENTIRA, NÓS PUBLICAREMOS A PROVA DE QUE MORO ESTÁ MENTINDO

Greenwald: “A cada mentira, nós publicaremos prova de que Moro está mentindo”

"Enquanto julgava o processo criminal contra Lula, Moro secretamente zombava da defesa em conversas secretas com os promotores. Pior, ele estava dirigindo sua campanha pública contra o mesmo réu que ele estava julgando"

Por
 Jornal GGN
 
14/06/2019

 Sergio Moro deveria parar de mentir quando tenta se defender, porque nós temos as evidências e os fatos.”

“A cada mentira – como ele fez hoje no Estadão – nós publicaremos a prova de que ele está mentindo, como acabamos de fazer em resposta à entrevista”, disparou o jornalista.

Na manhã desta sexta, o Estadão publicou entrevista exclusiva com Moro, na qual o hoje ministro da Justiça tenta naturalizar suas conversas com os procuradores. Apesar disso, o ex-juiz que condenou Lula se recusou a admitir o teor das mensagens vazadas, e escondeu-se atrás de um suposto ataque hacker para fazer provocações ao Intercept.

Além de defender que o site divulgue todas as conversas de uma vez, Moro quer que o dossiê seja entregue para uma “autoridade independe” para fazer uma perícia.

Glenn escreveu aos seus seguidores: “Moro mentiu em sua entrevista ao Estado hoje, afirmando que só tinha conversas banais e ‘comuns’ com os promotores, negando que já tivesse participado de sua estratégia. Essas provam que ele fez exatamente isso – fingindo ser um juiz neutro enquanto comandava a promotoria.”

“Enquanto julgava o processo criminal contra Lula, Moro secretamente zombava da defesa em conversas secretas com os promotores. Pior, ele estava dirigindo sua campanha pública contra o mesmo réu que ele estava julgando – exatamente que ele sempre negou que ele fez.”

O Intercept mostrou, em sua sexta reportagens sobre a Vaza Jato, que Moro enviou uma mensagem a Carlos Fernando dos Santos Lima na noite do dia em que Lula foi a Curitiba prestar depoimento sobre o apartamento no Guarujá.

Depois de pedir a opinião do procurador da Lava Jato sobre o confronto com o ex-presidente, Moro sugeriu que o Ministério Público deveria produzir uma nota evidenciando o que chamou de “contradições” de Lula durante a oitiva.

GREENWALD: A CADA MENTIRA, NÓS PUBLICAREMOS A PROVA DE QUE MORO ESTÁ MENTINDO

Após as novas revelações, Glenn respondeu a Moro no Twitter: “Como eu disse antes, Sergio Moro deveria parar de mentir quando tenta se defender, porque nós temos as evidências e os fatos"; na prática, ele revelou que seu método será encurralar o ex-juiz que usou seu poder para forjar uma acusação contra o ex-presidente Lula e abrir espaço para a chegada da extrema direita ao poder

15 DE JUNHO DE 2019 ÀS 05:46


Jornal GGN – O jornalista do Intercept Brasil Glenn Greenwald divulgou na noite desta sexta (24) novos trechos de conversas entre Sergio Moro e procuradores de Curitiba que provam conluio em ações penais da Lava Jato, incluindo o caso triplex.

Após as novas revelações, Glenn respondeu a Moro no Twitter: “Como eu disse antes, Sergio Moro deveria parar de mentir quando tenta se defender, porque nós temos as evidências e os fatos.”

“A cada mentira – como ele fez hoje no Estadão – nós publicaremos a prova de que ele está mentindo, como acabamos de fazer em resposta à entrevista”, disparou o jornalista.

Leia a íntegra no GGN

Greenwald: “A cada mentira, nós publicaremos prova de que Moro está mentindo”
"Enquanto julgava o processo criminal contra Lula, Moro secretamente zombava da defesa em conversas secretas com os promotores. Pior, ele estava dirigindo sua campanha pública contra o mesmo réu que ele estava julgando"

Por Jornal GGN -14/06/2019
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Jornal GGN – O jornalista do Intercept Brasil Glenn Greenwald divulgou na noite desta sexta (24) novos trechos de conversas entre Sergio Moro e procuradores de Curitiba que provam conluio em ações penais da Lava Jato, incluindo o caso triplex.
Após as novas revelações, Glenn respondeu a Moro no Twitter: “Como eu disse antes, Sergio Moro deveria parar de mentir quando tenta se defender, porque nós temos as evidências e os fatos.”

“A cada mentira – como ele fez hoje no Estadão – nós publicaremos a prova de que ele está mentindo, como acabamos de fazer em resposta à entrevista”, disparou o jornalista.


Na manhã desta sexta, o Estadão publicou entrevista exclusiva com Moro, na qual o hoje ministro da Justiça tenta naturalizar suas conversas com os procuradores. Apesar disso, o ex-juiz que condenou Lula se recusou a admitir o teor das mensagens vazadas, e escondeu-se atrás de um suposto ataque hacker para fazer provocações ao Intercept.

Além de defender que o site divulgue todas as conversas de uma vez, Moro quer que o dossiê seja entregue para uma “autoridade independe” para fazer uma perícia.

Glenn escreveu aos seus seguidores: “Moro mentiu em sua entrevista ao Estado hoje, afirmando que só tinha conversas banais e ‘comuns’ com os promotores, negando que já tivesse participado de sua estratégia. Essas provam que ele fez exatamente isso – fingindo ser um juiz neutro enquanto comandava a promotoria.”

“Enquanto julgava o processo criminal contra Lula, Moro secretamente zombava da defesa em conversas secretas com os promotores. Pior, ele estava dirigindo sua campanha pública contra o mesmo réu que ele estava julgando – exatamente que ele sempre negou que ele fez.”

O Intercept mostrou, em sua sexta reportagens sobre a Vaza Jato, que Moro enviou uma mensagem a Carlos Fernando dos Santos Lima na noite do dia em que Lula foi a Curitiba prestar depoimento sobre o apartamento no Guarujá.

Depois de pedir a opinião do procurador da Lava Jato sobre o confronto com o ex-presidente, Moro sugeriu que o Ministério Público deveria produzir uma nota evidenciando o que chamou de “contradições” de Lula durante a oitiva.

Santos Lima encaminhou a “demanda” para Deltan Dallagnol e para a assessoria do MP. Dallagnol, no dia seguinte, procurou Moro no aplicativo para justificar a demora.

“Talvez o mais significativo e embaraçoso de tudo: Moro comandou efetivamente o processo contra Lula enquanto fingia ser um juiz ‘neutro’, condenando-o. Seu papel de chefe da força-tarefa era tão claro que Deltan se desculpou quando adiou a obediência às ordens de Moro.”

Moro manda procurador manipular a imprensa (Globo)
O objetivo era desmoralizar “o showzinho da defesa”

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publicado 14/06/2019
Untitled-19.jpg
(Charge: Aroeira)
O Intercept martela mais um prego no caixão do Moro e dos procuradores, aqui representados pelo notório procurador Santos Lima, figura fácil desde a patifaria do Banestado: 
Um trecho do chat privado entre Sergio Moro e o então procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima mostra que o ex-juiz pediu aos procuradores da Lava Jato uma nota à imprensa para rebater o que chamou de "showzinho" da defesa de Lula após o depoimento do ex-presidente no caso do triplex do Guarujá. O conteúdo faz parte do arquivo As mensagens secretas da Lava Jato.
Os procuradores acataram a sugestão do atual ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, em mais uma evidência de que Moro atuava como uma espécie de coordenador informal da acusação no processo do triplex. Em uma estratégia de defesa pública, Moro concedeu uma entrevista nesta sexta-feira ao jornal o Estado de S. Paulo onde disse que considera “absolutamente normal” que juiz e procuradores conversem. Agora, está evidente que não se trata apenas de “contato pessoal” e “conversas”, como diz o ministro, mas de direcionamento sobre como os procuradores deveriam se comportar.
Juntamente com as extensas evidências publicadas pelo Intercept no início desta semana – em que Moro e Deltan conversam sobre a troca da ordem de fases da Lava Jato, novas operações, conselhos estratégicos e pistas informais de investigação –, esta é mais uma prova que contraria a tentativa de Moro de minimizar o tipo de relacionamento íntimo que ele teve com os promotores.
Ao contrário da defesa de Moro de que as comunicações eram banais e comuns – contendo apenas notícias e informações, mas não ajudando os promotores a elaborar estratégias ("existia às vezes situações de urgência, eventualmente você também está ali e faz um comentário de alguma coisa que não tem nada a ver com o processo", disse ao Estadão) –, essas conversas provam que Moro estava sugerindo estratégias para que os procuradores realizassem sua campanha pública contra o próprio réu que ele estava julgando.
  O showzinho da defesa
O episódio ocorreu em 10 de maio de 2017, quando Moro já presidia um processo criminal contra o ex-presidente no caso do "apartamentro triplex do Guarujá". Eram 22h04 quando o então juiz federal pegou o celular, abriu o aplicativo Telegram e digitou uma mensagem ao Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal em Curitiba.
"O que achou?", quis saber Moro. O juiz se referia ao maior momento midiático da Lava Jato até então, ocorrido naquele dia 10 de maio de 2017: o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo em que ele era acusado – e pelo qual seria preso – de receber como propina um apartamento triplex no Guarujá. Disponibilizado em vídeo, o embate entre o juiz e o político era o assunto do dia no país.
Seguiu-se o seguinte diálogo:
Santos Lima – 22:10 – Achei que ficou muito bom. Ele começou polarizando conosco, o que me deixou tranquilo. Ele cometeu muitas pequenas contradições e deixou de responder muita coisa, o que não é bem compreendido pela população. Você ter começado com o Triplex desmontou um pouco ele.
Moro – 22:11 – A comunicação é complicada pois a imprensa não é muito atenta a detalhes
Moro – 22:11 – E alguns esperam algo conclusivo

Além do depoimento, outro vídeo com Lula também tomava conta da internet e dos telejornais naquele mesmo dia. Depois de sair do prédio da Justiça Federal, o ex-presidente se dirigiu à Praça Santos Andrade, em Curitiba, e fez um pronunciamento diante de uma multidão. Por 11 minutos, Lula atacou a Lava Jato, o Jornal Nacional e o então juiz Sergio Moro; disse que estava sendo “massacrado” e encerrou com uma frase que entraria para sua história judicial: “Eu estou vivo, e estou me preparando para voltar a ser candidato a presidente desse país”. Era o lançamento informal de sua candidatura às eleições de 2018.
Um minuto depois da última mensagem, Moro mandou para o procurador Santos Lima:
Moro – 22:12 – Talvez vcs devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele
Moro – 22:13 – Por que a Defesa já fez o showzinho dela.
Santos Lima – 22:13 – Podemos fazer. Vou conversar com o pessoal.
Santos Lima – 22:16 – Não estarei aqui amanhã. Mas o mais importante foi frustrar a ideia de que ele conseguiria transformar tudo em uma perseguição sua.

Moro, o juiz do caso, zombava do réu e de seus advogados enquanto fornecia instruções privadas para a Lava Jato sobre como se portar publicamente e controlar a narrativa na imprensa.
As afirmações do então magistrado que o Intercept divulga agora contradizem também o que ele dissera horas antes a Lula, naquele mesmo dia do julgamento, publicamente, ao iniciar o interrogatório do petista: que o ex-presidente seria tratado com "todo o respeito".
“Eu queria deixar claro que, em que pesem alegações nesse sentido, da minha parte não tenho nenhuma desavença pessoal contra o senhor ex-presidente. Certo? O que vai determinar o resultado desse processo no final são as provas que vão ser colecionadas e a lei. Também vamos deixar claro que quem faz a acusação nesse processo é o Ministério Público, e não o juiz. Eu estou aqui para ouvi-lo e para proferir um julgamento ao final do processo”, disse Moro.
  “Pq resolveram falar agora? Pq era o ex-presidente?”
Dez minutos depois da conversa com o então juiz, naquele 10 de maio, Santos Lima abriu o grupo Análise de clipping, em que também estavam assessores de imprensa do MPF do Paraná. Ele estaria em Recife no dia seguinte em um congresso jurídico.
Santos Lima – 22:26:23 – Será que não dá para arranjar uma entrevista com alguém da Globo em Recife amanhã sobre a audiência de hoje?
Assessor 1 – 22:28:19 – Possível é, só não sei se vale a pena. E todos os jornalistas que estão aqui e já pediram entrevista?
Assessor 2 – 22:28:32 – Mas dr., qual o motivo?
Assessor 2 – 22:29:13 – Qual a necessidade, na realidade..
Santos Lima – 22:30:50 – Uma demanda apenas. Como está a repercussão da coletiva dos advogados?
Assessor 2 – 22:30:58 – Rito normal do processo...vcs nunca deram entrevista sobre audiência...vai servir pra defesa bater...mais uma vez...

Oito minutos depois, Santos Lima copiou a conversa que teve em seu chat privado com Moro – em que o juiz sugere a nota pública para apontar as contradições de Lula – e colou em outro chat privado, com o coordenador da Lava Jato no MPF, Deltan Dallagnol. Eram 22h38.
Àquele horário, os procuradores da força-tarefa discutiam num chat chamado Filhos de Januário 1 se deveriam comentar publicamente o depoimento de Lula. Às 22h43, Santos Lima escreveu no grupo, dirigindo-se a Dallagnol: "Leia o que eu te mandei.". Ele se referia às mensagens que trocara com Moro. Três minutos depois, Dallagnol responderia em quatro postagens consecutivas no grupo:
Deltan – 22:46:46 – Então temos que avaliar os seguintes pontos: 1) trazer conforto para o juízo e assumir o protagonismo para deixá-lo mais protegido e tirar ele um pouco do foco; 2) contrabalancear o show da defesa.
Deltan – 22:47:19 – Esses seriam porquês para avaliarmos, pq ng tem certeza.
Deltan – 22:47:50 – O "o quê" seria: apontar as contradições do depoimento.
Deltan – 22:49:18 – E o formato, concordo, teria que ser uma nota, para proteger e diminuir riscos. O JN vai explorar isso amanhã ainda. Se for para fazer, teríamos que trabalhar intensamente nisso durante o dia para soltar até lá por 16h

Foi a vez então de Dallagnol mandar uma mensagem ao grupo Análise de clipping, dos assessores de imprensa.
Deltan – 23:05:51 – Caros, mantenham avaliando a repercussão de hora em hora, sempre que possível, em especial verificando se está sendo positiva ou negativa e se a mídia está explorando as contradições e evasivas. As razões para eventual manifestação são: a) contrabalancear as manifestações da defesa. Vejo com normalidade fazer isso. Nos outros casos não houve isso. b) tirar um pouco o foco do juiz que foi capa das revistas de modo inadequado.

O assessor de imprensa estranhou o pedido e alertou que poderia ser um "tiro no pé".
Assessor 2 – 23:15:30 – Quem bate vai seguir batendo. Quem não bate vai perceber a mudanca de posicionamento e questionar. É uma parte do processo. Na minha visão é emitir opinião sobre o caso sem ele ter conclusão...e abrir brecha pra dizer que tão querendo influenciar juiz. Papel deles vai ser levar pro campo político. Imprensa sabe disso. E já sabe que vcs não falam de audiências geralmente. Mudar a postura vai levantar a bola pra outros questionamentos. Pq resolveram falar agora? Pq era o ex-presidente? E voltar o discurso de perseguição...é o que a defesa fez, faz...pq não tem como rebater a acusação. Acusação utilizar da mesma estratégia pode ser um tiro no pé.
O que os assessores não sabiam é que não era o MPF que queria influenciar o juiz, mas o juiz que estava influenciando o MPF. Três minutos antes de mandar essas mensagens ao grupo, Dallagnol havia escrito a Moro. Além de elogiá-lo pela condução da audiência, o procurador falou sobre a nota:
Deltan – 23:02:20 – Caro parabéns por ter mantido controle da audiência de modo sereno e respeitoso. Estamos avaliando eventual manifestação. A GN acabou de mostrar uma série de contradições e evasivas. Vamos acompanhar.
Moro – 23:16:49 – Blz. Tb tenho minhas dúvidas dá pertinência de manifestação, mas eh de se pensar pelas sulilezas envolvidas

O pedido de Moro para apontar as contradições da defesa de Lula seria discutido no chat Filhos do Januário 1 até o fim da noite e também na manhã do dia seguinte, 11 de maio. E, finalmente, atendido.
Os procuradores, acatando a sugestão de Moro, distribuíram uma nota à imprensa, repercutida por Folha de S. Paulo, Estadão, Jovem Pan e todos os principais veículos e agências do país. As notícias são centradas justamente na palavra desejada pelo juiz: “contradições”.
Na nota, a força-tarefa expõe o que considera serem três contradições do depoimento de Lula e refuta diretamente uma alegação da defesa do petista, que os procuradores consideraram mentirosa.
Naquela noite, Dallagnol enviou uma mensagem a Moro para explicar por que não explorou a fundo as contradições do petista:
Deltan – 22:16:26 – Informo ainda que avaliamos desde ontem, ao longo de todo o dia, e entendemos, de modo unânime e com a ascom, que a imprensa estava cobrindo bem contradições e que nos manifestarmos sobre elas poderia ser pior. Passamos algumas relevantes para jornalistas. Decidimos fazer nota só sobre informação falsa, informando que nos manifestaremos sobre outras contradições nas alegações finais.
 A resposta do ministro Moro ao Intercept Brasil
Nós procuramos a assessoria do ministro Sérgio Moro nesta sexta-feira e apresentamos com antecedência todos os pontos mostrados nesta reportagem. Recebemos como resposta a seguinte nota: "O Ministro da Justiça e Segurança Pública não comentará supostas mensagens de autoridades públicas colhidas por meio de invasão criminosa de hackers e que podem ter sido adulteradas e editadas, especialmente sem análise prévia de autoridade independente que possa certificar a sua integridade. No caso em questão, as supostas mensagens nem sequer foram enviadas previamente."
Apesar de chamar as conversas de “supostas”, Moro admitiu, hoje, a autenticidade de um chat. Em uma coletiva, ele chamou de “descuido” o episódio no qual, em 7 de dezembro de 2015, passa uma pista sobre o caso de Lula para que a equipe do MP investigue.
Nós também entramos em contato com a a

Moro manda procurador manipular a imprensa (Globo)

O objetivo era desmoralizar “o showzinho da defesa”
publicado 14/06/2019
Untitled-19.jpg
(Charge: Aroeira)
O Intercept martela mais um prego no caixão do Moro e dos procuradores, aqui representados pelo notório procurador Santos Lima, figura fácil desde a patifaria do Banestado: 
Um trecho do chat privado entre Sergio Moro e o então procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima mostra que o ex-juiz pediu aos procuradores da Lava Jato uma nota à imprensa para rebater o que chamou de "showzinho" da defesa de Lula após o depoimento do ex-presidente no caso do triplex do Guarujá. O conteúdo faz parte do arquivo As mensagens secretas da Lava Jato.
Os procuradores acataram a sugestão do atual ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, em mais uma evidência de que Moro atuava como uma espécie de coordenador informal da acusação no processo do triplex. Em uma estratégia de defesa pública, Moro concedeu uma entrevista nesta sexta-feira ao jornal o Estado de S. Paulo onde disse que considera “absolutamente normal” que juiz e procuradores conversem. Agora, está evidente que não se trata apenas de “contato pessoal” e “conversas”, como diz o ministro, mas de direcionamento sobre como os procuradores deveriam se comportar.
Juntamente com as extensas evidências publicadas pelo Intercept no início desta semana – em que Moro e Deltan conversam sobre a troca da ordem de fases da Lava Jato, novas operações, conselhos estratégicos e pistas informais de investigação –, esta é mais uma prova que contraria a tentativa de Moro de minimizar o tipo de relacionamento íntimo que ele teve com os promotores.
Ao contrário da defesa de Moro de que as comunicações eram banais e comuns – contendo apenas notícias e informações, mas não ajudando os promotores a elaborar estratégias ("existia às vezes situações de urgência, eventualmente você também está ali e faz um comentário de alguma coisa que não tem nada a ver com o processo", disse ao Estadão) –, essas conversas provam que Moro estava sugerindo estratégias para que os procuradores realizassem sua campanha pública contra o próprio réu que ele estava julgando.
  
O showzinho da defesa
O episódio ocorreu em 10 de maio de 2017, quando Moro já presidia um processo criminal contra o ex-presidente no caso do "apartamentro triplex do Guarujá". Eram 22h04 quando o então juiz federal pegou o celular, abriu o aplicativo Telegram e digitou uma mensagem ao Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal em Curitiba.
"O que achou?", quis saber Moro. O juiz se referia ao maior momento midiático da Lava Jato até então, ocorrido naquele dia 10 de maio de 2017: o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo em que ele era acusado – e pelo qual seria preso – de receber como propina um apartamento triplex no Guarujá. Disponibilizado em vídeo, o embate entre o juiz e o político era o assunto do dia no país.
Seguiu-se o seguinte diálogo:

Santos Lima – 22:10 – Achei que ficou muito bom. Ele começou polarizando conosco, o que me deixou tranquilo. Ele cometeu muitas pequenas contradições e deixou de responder muita coisa, o que não é bem compreendido pela população. Você ter começado com o Triplex desmontou um pouco ele.
Moro – 22:11 – A comunicação é complicada pois a imprensa não é muito atenta a detalhes
Moro – 22:11 – E alguns esperam algo conclusivo


Além do depoimento, outro vídeo com Lula também tomava conta da internet e dos telejornais naquele mesmo dia. Depois de sair do prédio da Justiça Federal, o ex-presidente se dirigiu à Praça Santos Andrade, em Curitiba, e fez um pronunciamento diante de uma multidão. Por 11 minutos, Lula atacou a Lava Jato, o Jornal Nacional e o então juiz Sergio Moro; disse que estava sendo “massacrado” e encerrou com uma frase que entraria para sua história judicial: “Eu estou vivo, e estou me preparando para voltar a ser candidato a presidente desse país”. Era o lançamento informal de sua candidatura às eleições de 2018.
Um minuto depois da última mensagem, Moro mandou para o procurador Santos Lima:

Moro – 22:12 – Talvez vcs devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele
Moro – 22:13 – Por que a Defesa já fez o showzinho dela.
Santos Lima – 22:13 – Podemos fazer. Vou conversar com o pessoal.
Santos Lima – 22:16 – Não estarei aqui amanhã. Mas o mais importante foi frustrar a ideia de que ele conseguiria transformar tudo em uma perseguição sua.


Moro, o juiz do caso, zombava do réu e de seus advogados enquanto fornecia instruções privadas para a Lava Jato sobre como se portar publicamente e controlar a narrativa na imprensa.
As afirmações do então magistrado que o Intercept divulga agora contradizem também o que ele dissera horas antes a Lula, naquele mesmo dia do julgamento, publicamente, ao iniciar o interrogatório do petista: que o ex-presidente seria tratado com "todo o respeito".
Eu queria deixar claro que, em que pesem alegações nesse sentido, da minha parte não tenho nenhuma desavença pessoal contra o senhor ex-presidente. Certo? O que vai determinar o resultado desse processo no final são as provas que vão ser colecionadas e a lei. Também vamos deixar claro que quem faz a acusação nesse processo é o Ministério Público, e não o juiz. Eu estou aqui para ouvi-lo e para proferir um julgamento ao final do processo”, disse Moro.
  
Pq resolveram falar agora? Pq era o ex-presidente?”
Dez minutos depois da conversa com o então juiz, naquele 10 de maio, Santos Lima abriu o grupo Análise de clipping, em que também estavam assessores de imprensa do MPF do Paraná. Ele estaria em Recife no dia seguinte em um congresso jurídico.

Santos Lima – 22:26:23 – Será que não dá para arranjar uma entrevista com alguém da Globo em Recife amanhã sobre a audiência de hoje?
Assessor 1 – 22:28:19 – Possível é, só não sei se vale a pena. E todos os jornalistas que estão aqui e já pediram entrevista?
Assessor 2 – 22:28:32 – Mas dr., qual o motivo?
Assessor 2 – 22:29:13 – Qual a necessidade, na realidade..
Santos Lima – 22:30:50 – Uma demanda apenas. Como está a repercussão da coletiva dos advogados?
Assessor 2 – 22:30:58 – Rito normal do processo...vcs nunca deram entrevista sobre audiência...vai servir pra defesa bater...mais uma vez...


Oito minutos depois, Santos Lima copiou a conversa que teve em seu chat privado com Moro – em que o juiz sugere a nota pública para apontar as contradições de Lula – e colou em outro chat privado, com o coordenador da Lava Jato no MPF, Deltan Dallagnol. Eram 22h38.
Àquele horário, os procuradores da força-tarefa discutiam num chat chamado Filhos de Januário 1 se deveriam comentar publicamente o depoimento de Lula. Às 22h43, Santos Lima escreveu no grupo, dirigindo-se a Dallagnol: "Leia o que eu te mandei.". Ele se referia às mensagens que trocara com Moro. Três minutos depois, Dallagnol responderia em quatro postagens consecutivas no grupo:

Deltan – 22:46:46 – Então temos que avaliar os seguintes pontos: 1) trazer conforto para o juízo e assumir o protagonismo para deixá-lo mais protegido e tirar ele um pouco do foco; 2) contrabalancear o show da defesa.
Deltan – 22:47:19 – Esses seriam porquês para avaliarmos, pq ng tem certeza.
Deltan – 22:47:50 – O "o quê" seria: apontar as contradições do depoimento.
Deltan – 22:49:18 – E o formato, concordo, teria que ser uma nota, para proteger e diminuir riscos. O JN vai explorar isso amanhã ainda. Se for para fazer, teríamos que trabalhar intensamente nisso durante o dia para soltar até lá por 16h


Foi a vez então de Dallagnol mandar uma mensagem ao grupo Análise de clipping, dos assessores de imprensa.

Deltan – 23:05:51 – Caros, mantenham avaliando a repercussão de hora em hora, sempre que possível, em especial verificando se está sendo positiva ou negativa e se a mídia está explorando as contradições e evasivas. As razões para eventual manifestação são: a) contrabalancear as manifestações da defesa. Vejo com normalidade fazer isso. Nos outros casos não houve isso. b) tirar um pouco o foco do juiz que foi capa das revistas de modo inadequado.


O assessor de imprensa estranhou o pedido e alertou que poderia ser um "tiro no pé".
Assessor 2 – 23:15:30 – Quem bate vai seguir batendo. Quem não bate vai perceber a mudanca de posicionamento e questionar. É uma parte do processo. Na minha visão é emitir opinião sobre o caso sem ele ter conclusão...e abrir brecha pra dizer que tão querendo influenciar juiz. Papel deles vai ser levar pro campo político. Imprensa sabe disso. E já sabe que vcs não falam de audiências geralmente. Mudar a postura vai levantar a bola pra outros questionamentos. Pq resolveram falar agora? Pq era o ex-presidente? E voltar o discurso de perseguição...é o que a defesa fez, faz...pq não tem como rebater a acusação. Acusação utilizar da mesma estratégia pode ser um tiro no pé.
O que os assessores não sabiam é que não era o MPF que queria influenciar o juiz, mas o juiz que estava influenciando o MPF. Três minutos antes de mandar essas mensagens ao grupo, Dallagnol havia escrito a Moro. Além de elogiá-lo pela condução da audiência, o procurador falou sobre a nota:

Deltan – 23:02:20 – Caro parabéns por ter mantido controle da audiência de modo sereno e respeitoso. Estamos avaliando eventual manifestação. A GN acabou de mostrar uma série de contradições e evasivas. Vamos acompanhar.
Moro – 23:16:49 – Blz. Tb tenho minhas dúvidas dá pertinência de manifestação, mas eh de se pensar pelas sulilezas envolvidas


O pedido de Moro para apontar as contradições da defesa de Lula seria discutido no chat Filhos do Januário 1 até o fim da noite e também na manhã do dia seguinte, 11 de maio. E, finalmente, atendido.
Os procuradores, acatando a sugestão de Moro, distribuíram uma nota à imprensa, repercutida por Folha de S. PauloEstadão, Jovem Pan e todos os principais veículos e agências do país. As notícias são centradas justamente na palavra desejada pelo juiz: “contradições”.
Na nota, a força-tarefa expõe o que considera serem três contradições do depoimento de Lula e refuta diretamente uma alegação da defesa do petista, que os procuradores consideraram mentirosa.
Naquela noite, Dallagnol enviou uma mensagem a Moro para explicar por que não explorou a fundo as contradições do petista:

Deltan – 22:16:26 – Informo ainda que avaliamos desde ontem, ao longo de todo o dia, e entendemos, de modo unânime e com a ascom, que a imprensa estava cobrindo bem contradições e que nos manifestarmos sobre elas poderia ser pior. Passamos algumas relevantes para jornalistas. Decidimos fazer nota só sobre informação falsa, informando que nos manifestaremos sobre outras contradições nas alegações finais.

 A resposta do ministro Moro ao Intercept Brasil
Nós procuramos a assessoria do ministro Sérgio Moro nesta sexta-feira e apresentamos com antecedência todos os pontos mostrados nesta reportagem. Recebemos como resposta a seguinte nota: "O Ministro da Justiça e Segurança Pública não comentará supostas mensagens de autoridades públicas colhidas por meio de invasão criminosa de hackers e que podem ter sido adulteradas e editadas, especialmente sem análise prévia de autoridade independente que possa certificar a sua integridade. No caso em questão, as supostas mensagens nem sequer foram enviadas previamente."
Apesar de chamar as conversas de “supostas”, Moro admitiu, hoje, a autenticidade de um chat. Em uma coletiva, ele chamou de “descuido” o episódio no qual, em 7 de dezembro de 2015, passa uma pista sobre o caso de Lula para que a equipe do MP investigue.
Nós também entramos em contato com a assessoria do Ministério Público Federal do Paraná, que não respondeu.

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