quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Nos 10 anos da educomunicação, pesquisadores discutem aplicação e perspectivas do conceito

por Leonardo Neiva


Eduardo Oliveira
Ismar Soares, professor da ECA, é um dos pioneiros do estudo da educomunicação no Brasil


Uma década depois de se apresentar ao mercado e à Academia, o educomunicador está cada vez mais presente na realidade brasileira. É a opinião de Ismar Soares, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e um dos ícones desta profissão no Brasil. Soares conversou com o Instituto Claro durante o III Encontro Brasileiro de Educomunicação, em São Paulo, evento que celebrou a década da educomunicação, protagonizada pelo Núcleo de Comunicação e Educação(NCE).

Entre tantas observações importantes, o pesquisador destacou que desde que a Lei Educom foi criada na cidade de São Paulo, órgãos de administração pública passaram a incentivar projetos e ações em educomunicação. Para ele, a participação de autoridades públicas no processo é essencial para a expansão do conceito. Soares afirma que o objetivo é que o Brasil tenha pelo menos um educomunicador em cada município até o ano de 2021, e isso está em perspectiva porque o conceito vem sendo trabalhado de forma multidisciplinar, em diferentes áreas. 

Ele cita como exemplo o programa de Educomunicação Ambiental, lançado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2009, que apresenta o uso das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) como recurso para atuar em questões relacionadas ao meio ambiente, com a participação de estudantes, professores e membros de comunidades em contato com áreas ecológicas. 

De acordo com Maria Cristina Mungioli, professora da ECA e coordenadora do curso de licenciatura em educomunicação da USP, o aprendizado na área permite que se una os conceitos de educação e comunicação. “Nós trabalhamos, por exemplo, com a língua portuguesa através dos meios de comunicação, usando-os como ponto de partida para o estudo da linguagem.” O principal papel do educomunicador, ela explica, é trabalhar a comunicação em diferentes espaços da sociedade, entre eles escolas, empresas e instituições públicas.

Na prática

Eduardo Oliveira
Grupo da USP discute a organização e os rumos da terceira edição do encontro de educomunicação
Durante um semestre, a educadora Maria Isabel Orofino desenvolveu o projeto de uma web novela com os alunos do ensino fundamental de uma escola pública. Ela apresentou detalhes sobre a sua iniciativa no III Encontro Brasileiro de Educomunicação. A novela se passava em Paris, mas o cenário era o de uma sala de aula. Para não fazer feio, cada aluno decorou bem as suas falas. Durante os cinco capítulos do programa, os jovens atores representaram uma história de amor repleta de romance e bom humor. 

“É preciso sempre valorizar a voz dos jovens e compreender a comunicação e a educação como um espaço de convergência”, afirma. A iniciativa serviu também para desenvolver a criatividade e o planejamento artístico dos estudantes.

A jornalista argentina Silvia Bacher, coordenadora do programa Aprender con la Radio, também falou no evento sobre seu projeto, que é responsável pela divulgação e veiculação de programas de rádio feitos por alunos de centenas de escolas da Argentina. “O principal objetivo de iniciativas como essa é permitir que os jovens possam difundir suas ideias e opiniões, dando a eles uma noção de seu próprio poder e influência dentro da sociedade”, afirma Bacher. 

Curso de especialização

O encontro também foi palco para o lançamento da nova especialização em educomunicação, voltada para educadores, comunicadores e interessados em se aprofundar nos aspectos e na prática do conceito. Desde 2011, a escola também oferece um curso de licenciatura em educomunicação, que é pioneiro no Brasil.

Coordenada pela professora Maria Cristina Castilho, a nova especialização tem foco nos recursos utilizados para unir a comunicação à educação e é oferecida apenas para pessoas que já tenham concluído a graduação. Ela foi criada para atender profissionais que procuram uma formação mais específica em educomunicação. A especialização também vai trabalhar com uma base teórica, que trata das formas de aplicação pedagógica e comunicacional dos conteúdos de educação dentro do currículo escolar. O curso terá início neste primeiro semestre de 2012.



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