segunda-feira, 24 de maio de 2010

A Eleição de Dilma

por Carlos Saraiva*

É forçoso reconhecer que passamos por um momento impar da nossa história contemporânea. O povo pobre satisfeito por ter em parte suas necessidades satisfeitas, vislumbrando melhorias no horizonte.

A sociedade organizada nos movimentos sociais respirando um clima democrático, para suas reivindicações e crítica. Ao mesmo tempo que acumulam conquistas, aumentam a estima coletiva no protagonismo como atores de uma grande transformação. Por isto aprovam o governo e o presidente que o representa. A inserção do pais na geopolítica mundial, o respeito e o reconhecimento . O papel do presidente neste processo, transmite a todos os cidadãos brasileiros, que se sentem construtores desta nova história. O espírito de nação reforça, junto com a solidariedade internacional.

A oposição democráticamente faz seu papel. Lógicamente lançando mão dos instrumentos que lhe são peculiares; arrogância, preconceito e mistificação. Estes instrumentos se intensificam pela falta de discurso alternativo, proveniente da popularidade do presidente e a grande aceitação de seu governo. A tática da polarização com a comparação dos governos, tornou o candidato Serra, um verdadeiro candidato zumbi, indefinido. Pressionado, pelas circunstancias, vai aos poucos mostrando sua real face. As diferenças quando aparecem desmistificam o “propalado” continuísmo das ações “sérias”, “responsáveis” do governo Demotucano. A famosa “competência” e o “preparo” vão clareando “para quem” e em “beneficio” de quem. A diferença na condução da política externa não deixa dúvida. É a diferença entre a submissão e a obscuridade na geopolítica mundial da era FHC ou o protagonismo independente, soberano no desenho de uma nova geopolítica multipolar da era Lula. Esta atuação na política externa, esperamos que sirva de reflexão aos “oposicionistas de esquerda” e de alguns “ intelectuais” que se escondem em um “fundamentalismo doutrinário” ou na comodidade de uma crítica diletante, nostálgicos de uma militância revolucionária acadêmica. O nosso olhar deve,entretanto, estar direcionado, de maneira diferenciada aos variados segmentos da sociedade. O povo em geral, a massa ascendente e os movimentos sociais que lutam de maneira contingente e reivindicatória necessitam de uma forte mobilização de cunho ideológico. Esta mobilização serve não só para mostrar e enfatizar os grandes avanços deste governo no plano econômico-social mas sobretudo a importância da continuação com a companheira Dilma. Deixar claro que esta vitória significa ainda a possibilidade concreta de aprofundamento; “ pode mais quem fez mais e melhor”. Esta mobilização é feita pela militância e para isso a motivação é de suma importância. A motivação é dada não sómente na confiança no projeto, nas realizações e na capacidade da candidata mas sobretudo no sentimento desta militância no papel protagonista, coerente e sem constrangimentos que atinjam seu imaginário. Daí a importância das alianças e sobretudo as ambições do PMDB. Respeitado o projeto nacional o PT não pode ficar refém deste partido. Isto nos remete em conseqüência para o respeito, a consideração e a coerência ideológica com a esquerda comprometida, e solidaria com nosso projeto. Esses companheiros não podem se sentir preteridos por posições autoritárias, impositivas, das direções . Todo cuidado é pouco. Sabemos que o adversário à ser enfrentado e isolado é o PSDB. Sabemos que o DEM e o PPS, completam o triunvirato. Precisamos , entender também que a grande base do PSDB é S. Paulo. Precisamos saber e entender que nos outros estados e no DF, o PSDB se utiliza de outros partidos para representá-lo. Destes partidos, o principal é o PMDB. Sendo o PMDB um partido regional, de oligarquias em fase de extinção, tende a representar como um partido conservador, o projeto do PSDB. Alguns segmentos deste partido, movidos por um extinto de sobrevivência, para não serem engolidos como o foram DEM e PPS, pelo representante da nova Direita, o PSDB, aderem oportunisticamente à esquerda, em especial à seu maior representante, o PT. Este segmento, hoje necessita do PT, para sobreviver. Age entretanto, como se o inverso fosse verdade. A importância da eleição da companheira Dilma, faz reforçar as alianças e isolar ainda mais a direita, ou seja PSDB. Para isso o apoio do PMDB é importante. Esperamos e precisamos caminhar para a realização de rupturas, continuas, conseqüentes e determinadas. Assim é necessário ir se desfazendo e secundarizando nossa relação com o PMDB. A atuação firme, determinada do PT junto à esquerda, os movimentos sociais e a “intelectualidade”, ditará o rumo do processo.

*Carlos Saraiva é médico aposentado, integrante do Núcleo de Base Sérgio Buarque de Holanda, do Partido dos Trabalhadores-DF

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