quinta-feira, 27 de maio de 2010

Comunicação ganha experiência e entusiasmo de Isaac Roitman

Professor da Biologia planeja aumentar o interesse dos brasilienses pela ciência produzida na UnB. Projeto integra reestruturação da SECOM
Da Secretaria de Comunicação da UnB

Entusiasmo de menino e responsabilidade de senhor marcam o perfil do novo coordenador de comunicação institucional da Universidade de Brasília. Isaac Roitman tem 71 anos de idade, meio século de vida acadêmica e sonhos de calouro. Quer usar a comunicação como instrumento de mudança do cotidiano no campus, planeja estratégias para divulgar os trabalhos da comunidade científica e despertar o interesse dos brasilienses pela ciência e pela cultura produzidas na UnB.

“Por um lado, os alunos e, muitas vezes, os professores não aproveitam todas as possibilidades que a universidade oferece. Queremos incentivar isso”, defende. “Por outro lado, a academia precisa melhorar o relacionamento com a população. Infelizmente, as instituições só olham para dentro de si mesmas”, ensina o professor.

Isaac não é jornalista nem comunicólogo nem publicitário. “Sou um apaixonado pela universidade”, resume o ex-decano da UnB de pesquisa e pós-graduação na gestão Cristovam, ex-diretor da SBPC e professor titular do Instituto de Biologia, onde chegou em 1972. “Essa universidade foi criada por Darcy Ribeiro para gerar mudança. A mudança foi interrompida e agora estamos retomando esse papel”, anuncia o biólogo.

Isaac já tinha um pé na Secom desde o lançamento da Revista Darcy, quando assumiu a presidência do Conselho Editorial da publicação. As ideias e os compromissos do professor com a educação científica conquistaram os jornalistas da Secom. Em abril, a secretária-executiva de Comunicação, Ana Beatriz Magno, jornalista formada na UnB e hoje aluna do doutorado, convidou Roitman para assumir a coordenação institucional da Secretaria.

“Isaac é um mestre que combina paixão, conhecimento e desprezo pelas mesquinharias políticas que ainda ecoam em algumas áreas isoladas da universidade”, afirma Ana Beatriz. “Ele terá um papel fundamental em nossa equipe. Vai estruturar a área de comunicação institucional pensando no futuro da universidade e não nas richas internas”.

PORTAL DA COMUNIDADE - Desde a posse do reitor José Geraldo, a Secom trabalha com a ideia de que a informação é um direito da comunidade universitária e de que os veículos de comunicação internos não pertencem a grupos. “A Secom não é do reitor nem da administração. É da universidade. O Portal deve abrir espaço para o contraditório, para o polêmico, para o debate respeitoso. E isso os jornalistas da Secom fazem com muito vigor” , diz o reitor.

A Secom é dividida entre o jornalismo e a área institucional. A parte institucional cuida das campanhas, dos eventos, da assessoria de imprensa da universidade e do boletim UnB Hoje. O jornalismo produz as notícias do Portal, a Darcy e, em breve, lançará o Portal de Ciência, com um banco de dados para as pesquisas científicas. O projeto está sob a responsabilidade da jornalista Ana Lúcia Moura e oferecerá notícias sobre as dissertações e teses da universidade, desejo antigo dos pesquisadores da UnB.

Além do Portal de Ciência, será criado o Blog da Comunidade e ampliada a cobertura de notícias diárias. Para isso, a equipe do jornalismo foi dividida em cinco editorias, incluindo a de Ciência, todas sob o comando do editor-chefe do Portal, o jornalista formado pela UnB Leonardo Echeverria. Ele vai coordenar a atualização do Portal, além de inserir a UnB nas redes sociais da internet. Para isso, contará com o apoio da jornalista Thássia Alves.

As mudanças integram um plano de reestruturação da Secom, iniciado sob a gestão do professor e jornalista Luiz Gonzaga Motta, afastado da secretaria desde março para se preparar para concurso de titular da Faculdade de Comunicação. Motta e Isaac seguem na Revista Darcy, que tem seu quarto exemplar com publicação prevista para o próximo mês. Coordenado pela secretária-executiva, o projeto de reorganização terá também o apoio da professora Maria Jandyra Cunha, da Faculdade de Comunicação, que comandará a interação de todas as áreas da Secom.

Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada. Textos: UnB Agênc

UnB: passado, presente e futuro (Artigo)

Isaac Roitman

Coordenador de Comunicação Institucional da Secretaria de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) Anísio Teixeira, um dos responsáveis pela concepção da Universidade de Brasília (UnB), considerava que a educação é um direito e não um privilégio. Sonhava com uma universidade transformadora. Concebeu em 1935, no Rio de Janeiro, a Universidade do Distrito Federal (UDF), que reuniu educadores de primeira linha, tais como: Afrânio Peixoto, Gilberto Freyre, Hermes Lima, Roquette Pinto, Josué de Castro, Heitor Villa-Lobos, Cândido Portinari e Sérgio Buarque de Holanda. A UDF, considerada como uma utopia vetada, teve vida curta. Em 1939 é incorporada na então Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Anísio, sonhador indomável, no entanto, manteve viva a sua utopia, que finalmente se concretizou na construção e fundação da UnB, por meio da Lei nº 3998 de 15/12/1961. Darcy Ribeiro, parceiro dos sonhos de Anísio, convocou intelectuais brasileiros, tais como Antonio Houaiss, José Leite Lopes, Luiz Fernando Labouriau, José Israel Vargas e Florestan Fernandes, para a conceberem uma universidade que teria como principal missão a transformação e modernização da educação brasileira. Assim como a UDF, o segundo sonho de Anísio é interrompido durante a ditadura militar. Esse episódio é analisado de forma notável por Roberto Salmeron, físico de renome internacional e o primeiro coordenador do Instituto de Física da UnB, em seu livro: A Universidade interrompida: Brasília, 1964-1965. A universidade destroçada foi lentamente reconstruída a partir do final da década de 1960. A reconstrução durou pelo menos duas décadas. Em 1995, Darcy, em discurso na cerimônia de outorga do título de Doutor Honoris Causa da UnB, destacou: "Antevejo algumas batalhas. A primeira delas é reconquistar a institucionalidade da lei original, que criou a UnB como organização não governamental, livre e autoconstrutiva... inclusive e principalmente seu caráter de universidade experimental, livre para reinventar o ensino superior de graduação e pós-graduação, fazendo deles instrumentos de liberação do Brasil". Infelizmente, a UnB tem enfrentado nos últimos anos obstáculos que causam atraso na concretização dos sonhos de Anísio e Darcy. As amarras de uma legislação não apropriada a uma instituição que tem a vocação de estar na vanguarda da sociedade prejudicam de forma sensível a sua missão de formação de recursos humanos e seu papel na produção do saber. Atualmente, a principal luta é pela conquista de autonomia plena, como já apontava Darcy em 1995: "Cumpre libertar-nos da tutela ministerial, assumindo plenamente a responsabilidade de nosso destino". É o momento de libertação da universidade das incoerências burocráticas capitaneadas por segmentos que não valorizam e nada entendem de educação. Citando mais uma vez Darcy, que creio ficaria feliz em ser coautor desse artigo, assim se expressou durante uma emocionante e merecida homenagem no câmpus universitário que leva o seu nome: "Essa não pode ser a concepção de uma universidade que se quer central e inspirada de um país que não deu certo. As classes dirigentes entre nós foram e são as responsáveis maiores por nosso fracasso histórico. São também culpadas pelo tipo de prosperidade mesquinha que temos, incapaz de estender-se ao povo. Em nossas circunstâncias, é tarefa da universidade criar intencionalmente elites novas. Elites orgulhosas do patrimônio que herdamos do passado - um território continental e um povo multitudinário, unificados em uma nação cheia de vontade de felicidade e de progresso, pronta para florescer como uma nova civilização. Mas, sobretudo elites cheias de indignação frente à realidade sofrida do Brasil. Elites fiéis ao nosso povo, prontas a reconhecer que nossa tarefa maior é nos elevarmos à condição de uma sociedade justa e próspera, de prosperidade e generalizada a todos". Esse é o nosso desafio. A universidade do futuro tem um compromisso de formar quadros adequados que sejam compatíveis com os avanços da ciência e tecnologia. Em adição, é fundamental que todos os estudantes que passarem por ela tenham ampla formação cultural e consciência de sua responsabilidade social com a população brasileira. As palavras do mestre Darcy e os novos desafios deverão iluminar os caminhos que levem a um futuro virtuoso que o povo brasileiro merece.

http://www.linearclipping.com.br/PDFs/1162787.pdf

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