O importante é o que fazemos com a inteligência que nos resta
Os usuários do ChatGPT apresentaram o menor engajamento neural e o pior desempenho nos níveis linguísticos, comportamental e cognitivo na pesquisa do MIT. Foram os que menos usaram o cérebro.
A Inteligência Artificial nos torna estúpidos? Uma pesquisa recente do MIT diz que sim. Intitulado "Seu cérebro no ChatGPT", o estudo concluiu que, embora a IA torne as tarefas mais fáceis, os efeitos colaterais podem ser devastadores para nossa autonomia cognitiva.
Durante quatro meses, 54 adultos foram divididos em três grupos para escrever uma série de ensaios. O primeiro usou o ChatGPT, o segundo o Google. O terceiro, o bom e velho cérebro analógico. Para monitorar a atividade cerebral, os pesquisadores acompanharam, por eletroencefalograma, o funcionamento de 32 regiões do cérebro enquanto cada participante escrevia.
O resultado foi desconfortavelmente previsível. Os usuários do ChatGPT apresentaram o menor engajamento neural e o pior desempenho nos níveis linguísticos, comportamental e cognitivo. Resumo: Foram os que menos usaram o cérebro. Para piorar, o declínio intensificou-se com o tempo. Tornaram-se mais passivos, mais dependentes e mentalmente letárgicos.
O estudo foi recebido de forma apocalíptica. Reacendeu o velho temor de que a tecnologia esteja roubando aquilo que restava da consciência crítica. Mais relevante do que perguntar se a IA nos emburrece ⁶ é pensar no que temos feito com a inteligência que ainda nos resta.
Se depender desse estudo, a era da estupidez talvez ainda não tenha chegado. Ao menos não se comparada ao grau de estupidez que somos capazes de alcançar naturalmente.
Lembremos quando as calculadoras surgiram. Elas nos deixaram mais burros? Depende. Quem usa para calcular 7x8, provavelmente. Se for para dedicar os esforços cognitivos para tarefas mais complexas, eu diria que não. Fazer divisões longas não é exatamente uma demonstração de produtividade mental.
O cálculo mais importante a ser feito não é técnico, mas existencial: o quanto a conveniência pode nos alienar. Esse cálculo nenhuma máquina pode fazer por nós - a IA não é pensamento artificial.
Pensar exige energia. Se existe uma tecnologia que nos poupa de tarefas mecânicas e libera espaço mental para elaborar melhor o pensamento, deveríamos agradecer, não demonizar. O problema é que nem sempre usamos esse espaço para colocar o cérebro para trabalhar. O essencial, no fim das contas, é o que fazemos com o tempo e a energia que a IA nos devolve.
O estudo do MIT ignora essa nuance. Foca no que foi economizado, sem considerar o que poderia ser feito com essa economia. Se uma tarefa exige menos esforço, é evidente que a carga cognitiva diminui. Foi isso que os autores registraram. Ponto.
PT faz primeira eleição pós-Lava Jato com candidato de Lula como favorito
O presidente Lula na comemoração dos 45 anos do PT, no Rio de Janeiro: seu candidato é favorito Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress
PT elege hoje um novo presidente em meio a um debate sobre o reposicionamento do partido e com o candidato do presidente Lula (PT), o ex-ministro Edinho Silva, como favorito.
O que acontece
A eleição acontece depois de oito anos de gestão de Gleisi Hoffmann. Então líder do PT no Senado, ela assumiu o partido em junho de 2017, em meio à Operação Lava Jato, momento mais delicado da história da sigla. Hoje ministra das Relações Institucionais, ela passou o posto temporariamente ao senador Humberto Costa (PT-PE).
Edinho é o nome da corrente majoritária do PT. A CNB (Construindo um Novo Brasil), da qual o presidente Lula faz parte, representa quase 50% dos votos de filiados. Seu principal adversário é o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), que já dirigiu a sigla anteriormente e se lançou como independente. Os petistas históricos Romênio Pereira e Valter Pomar correm por fora.
Lula e o ex-ministro e ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva Imagem: Ricardo Stuckert/Instagram Edinho Silva
Para onde vai o partido
O PT encara um debate sobre como se posicionar frente ao crescimento da direita. De volta ao poder depois de seis anos, petistas dizem que o pior já passou, mas também avaliam que esperavam estar numa situação "mais estável".
A federação com PCdoB e PV tem a segunda maior bancada da Câmara, atrás do PL, mas tem passado dificuldades. Diferentemente do que ocorreu nos governos petistas anteriores, o partido fica isolado em votações relevantes, com apoio do PSOL e parcialmente do PSB e do PDT, e tem um poder de barganha limitado, mesmo ocupando o Palácio do Planalto.
A discussão, não exatamente uma novidade no PT, se dá entre aumentar o diálogo ao centro ou esticar a corda à esquerda. Edinho, conhecido como conciliador, defende a primeira estratégia, enquanto Falcão é adepto de retornar às origens.
Recheada de governistas, como o ministro Fernando Haddad (Fazenda), Gleisi e o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), a CNB optou pela suavização. Membros da corrente defendem que o partido conseguiu seus maiores êxitos quando dialogou com siglas ao centro e com setores mais distantes do tradicional discurso petista (bancos e mercado financeiro, por exemplo), como ocorreu nos primeiros mandatos de Lula e na eleição de 2022.
Rui Falcão presidiu o PT entre 2011 e 2017 e representa a corrente minoritária Novo Rumo Imagem: Lula Marques/`PT
Rui Falcão defende estratégia oposta. O deputado argumenta que é exatamente por este afastamento das raízes à esquerda que o partido tem perdido sua identidade e, consequentemente, seu eleitorado.
Para ele, a polarização contribui para sua tese. Ele tem citado pautas como o fim da escala 6x1 e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, proposta pelo governo, como exemplos bem-sucedidos de como pautas pró-trabalhador ainda conseguem mobilizar a população.
Aliados dizem que este argumento tem ganhado força em meio ao último embate do governo. Defendendo estas mesmas pautas, os vídeos promovidos pelo PT, feitos com IA, têm viralizado nas redes sociais e furado a bolha de um jeito que nenhuma campanha da Secom (Secretaria de Comunicação) ou fala de Lula conseguiu até agora neste terceiro mandato.
Petistas dizem que as cartas estão na mesa. Com chancela da corrente majoritária e apoio indireto de Lula, que nunca declarou voto publicamente, mas não esconde a preferência, o nome de Edinho deverá ser confirmado no resultado amanhã.
Oito anos depois
O partido volta às urnas depois de oito anos em uma situação totalmente diferente. Em 2017, o PT era o principal alvo da Lava Jato, com grande parte das suas lideranças investigadas, incluindo o então ex-presidente Lula e a senadora e candidata eleita, Gleisi Hoffmann.
Fiel a Lula, Gleisi segurou a legenda durante os anos com menores números de novas filiações. Nas eleições municipais de 2020, o partido teve seu pior desempenho, sem eleger nenhum prefeito em capital pela primeira vez desde a redemocratização.
Agora, de volta à Presidência da República, o cenário é outro. O PT voltou a ver o número de filiados e de prefeitos eleitos subir em 2024 e se mantém como uma das maiores forças do Congresso.
Apesar do aumento, o crescimento está aquém do almejado pela legenda. Mesmo com a terceira bancada, o PT está longe de ter o poder que um dia teve, o que é sentido diariamente nas votações do Congresso, enquanto vê nomes da direita despontarem em diferentes regiões do país.
A renovação será um dos principais desafios do novo presidente. Com o número de jovens —uma marca do PT nos anos 1980— reduzido a pó depois da Operação Lava Jato, novas lideranças têm surgido, mas o partido precisa de volume.
Lula e membros do governo repetem que, se não tiverem bases regionais e nacionais sólidas, de nada adianta estarem no Planalto. Para isso, é preciso, primeiro, ter um alto número de candidatos, segundo analisam membros do diretório.
PED 2025: Petistas participam da votação do primeiro turno neste domingo (6)
Processo de Eleição Direta, marca registrada do PT, acontece desde 2001 e permite que os próprios filiados e filiadas elejam diretamente seus dirigentes municipais, estaduais e nacionais
Publicado em
PT Nacional
O Partido dos Trabalhadores realiza neste domingo (6) a votação no primeiro turno do Processo de Eleição Direta – PED 2025 para a renovação das direções municipais, estaduais e nacional do partido. No caso de necessidade de um segundo turno, a data já estabelecida é 20 de julho.
O PED é uma marca registrada do PT e acontece desde 2001.
O processo permite que os próprios filiados elejam diretamente seus dirigentes municipais, estaduais e nacionais, num exercício amplo de participação política interna.
O processo de votação ocorre das 9h às 17h nos diretórios municipais do PT respeitando o fuso horário de cada região. Brasileiros (as) filiados (as) ao partido que residem no exterior também poderão votar para a chapa nacional e para a presidência nacional.
Filiados e filiadas podem acessar o site https://ped2025.pt.org.br/consulta/ para saber se está apto(a) a votar e também conhecer o local onde irá votar.
O mandato dos membros efetivos e suplentes das direções partidárias eleitas no Processo de Eleição Direta, dos Conselhos Fiscais e das Comissões de Ética eleitos é de quatro anos.
As direções partidárias, delegações e cargos com função específica de secretarias deverão ter paridade de gênero (50% de mulheres e 50% de homens), além de cotas de, no mínimo, 20% das vagas para jovens com menos de 30 anos de idade e pessoas negras ou indígenas nas chapas, delegações e instâncias de direção.
Estão aptos a votar no primeiro turno das eleições internas um total de 2.959.823 filiados e filiadas, conforme registro atualizado no Sistema de Filiação (Sisfil) do partido.
Lula acena à reeleição: "Pela primeira vez, presidente eleito quatro vezes"
Lula falou em reeleição durante discurso realizado em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, para anunciar investimentos em refino e petroquímica
"Eles não sabem o que eu estou pensando. Então, se preparem porque, se tudo estiver como eu estou pensando, esse país vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes", afirmou Lula - (crédito: AFP)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva projetou, nesta sexta-feira (4/7), concorrer à reeleição no pleito do próximo ano. Segundo ele, caso ganhe mais quatro anos no poder, o país terá, pela primeira vez na história, um presidente eleito quatro vezes."Eles não sabem o que eu estou pensando. Então, se preparem porque, se tudo estiver como eu estou pensando, esse país vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes", afirmou Lula, em discurso realizado em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, para anunciar investimentos em refino e petroquímica. Na ocasião, o presidente também elogiou a chefe da Petrobras, Magda Chambriard, e criticou os altos preços dos combustíveis nos postos. “Quem olha pra Magda assim, à primeira vista, essa mulher frágil, que anda devagar, que fala manso, às vezes eu tenho até dificuldade de entender, pensa que ela não tem condições de dirigir uma empresa da magnitude da Petrobras”, afirmou. “E a surpresa é que a companheira Magda é extraordinariamente competente, não pra dirigir uma Petrobras, pra dirigir duas Petrobras, ela teria competência”, completou. Conflito com a oposição Lula ainda negou haver uma "briga" entre o governo e o Congresso. Segundo ele, divergências entre os poderes são resolvidas por meio da negociação. "Deixa eu falar uma coisa para o Congresso, porque parece que tem uma guerra entre o governo e o Congresso. Eu sou muito agradecido à relação que eu tenho com o Congresso Nacional. Até agora, nesses dois anos e meio, o Congresso aprovou 99% das coisas que nós mandamos ao Congresso", afirmou.
"Competência do IOF é do Executivo", diz Guilherme Dolabella, procurador do DF
Ele explica que a Constituição trata do tema sem controvérsia e frisa: o decreto que aumentou as alíquotas do imposto não é passível de ser sustado pelo Legislativo, conforme estabelecido pelo parágrafo 1 do artigo 1
Guilherme Dolabella, procurador, doutor em direito financeiro pela USP e advogado - (crédito: Arquivo Pessoal) Lisboa — O procurador do Distrito Federal Guilherme Dolabella, doutor em direito financeiro pela USP e também advogado do escritório Barreto Dolabella Advogados, está em Portugal acompanhando os debates do Fórum de Lisboa justamente num momento em que as questões fiscais estão na ordem do dia, com a crise do IOF. Com seus profundos conhecimentos sobre o tema, Dolabella analisou, a pedido do Correio, o debate do ponto de vista técnico. O procurador explica que a Constituição trata do tema sem controvérsia: "O decreto que aumentou alíquotas do IOF é uma competência do Executivo, que não é passível de ser sustada pelo Legislativo, pois está expressa no art. 153, parágrafo 1" O ministro Flavio Dino, em palestra, disse que a questão do IOF é juridicamente muito simples. O problema, segundo ele, é politico. Qual é o foco do debate? A tese jurídica é a competência do Poder Executivo para alterar a alíquota do IOF, conforme previsão do art. 153, parágrafo 1, da Constituição de 1988. Paralelamente, há a questão relativa à competência do Congresso em sustar atos normativos dos Poder Executivo que exorbitem o poder regulamentar ou delegação concedida pelo Poder Legislativo, conforme art. 49, inc. V da Constituição de 1988. Portanto, a essência do litígio institucional relativo ao IOF está na definição constitucional da competência de cada um dos Poderes. Entendi que a solução caminha para reconhecer que a competência, nesse caso, é do Poder Executivo, dado que a alteração de alíquotas do IOF não se insere nos parâmetros constitucionais de exercício de poder regulamentar, definido no art. 84, inc. IV da Constituição ou a delegação legislativa, prevista no art. 68 da Constituição. O Congresso tem competência para derrubar um decreto presidencial que trata do aumento das alíquotas do IOF?
Por isso é que o ministro Flávio Dino fez o comentário sobre a desnecessidade de uma declaração do STF sobre o tema, já que a própria Constituição estabelece expressamente os limites e as competências do Executivo e do Legislativo nesse caso. O decreto que aumentou alíquotas do IOF é uma competência do Executivo que não é passível de ser sustada pelo Legislativo, pois está expressa no art. 153, parágrafo 1.
O ex-presidente Michel Temer afirma que o IOF não pode ser usado para aumentar a arrecadação porque o imposto existe para regular as relações fiscais. Como avalia esse ponto?
Em relação à declaração do ex-presidente Michel Temer, é necessário fazer uma análise sob dois aspectos: 1) a natureza tributária do IOF; 2) os impactos econômicos da tributação pelo IOF. Sobre o primeiro aspecto, não existe a separação da essência fiscal do tributo de sua característica extrafiscal. Todo e qualquer tributo tem finalidade arrecadatória, pois provê recursos privados para o Tesouro. A discussão é: sob o ponto de vista extrafiscal, vale a pena aumentar as alíquotas do IOF. Ai, é um exame dos efeitos econômicos do tributo e, sob essas circunstâncias, o IOF onera atividades econômicas diversas e o consumidor final, pois é um custo e se insere no preço. Portanto, entendo que a crítica realizada pelo ex-presidente Michel Temer ressalta esse viés regulatório e extrafiscal do IOF e seus efeitos econômicos. Mas todo e qualquer tributo existe para prover recursos financeiros para o Estado e, adicionalmente, a depender das suas características, influencia os agentes econômicos em direção a determinada ação/conduta desejada pelo governo.
Se o STF mantiver a derrubada do aumento, terá de definir de onde vão sair os recursos para cobrir o deficit fiscal ou isso é papel do Executivo?
Se o STF deliberar pela validade do decreto legislativo sob a ótica da competência do Congresso, a decisão irá se restringir à declaração de constitucionalidade do ato legislativo. Eles não podem adentrar no campo legislativo e definir a origem de recursos que o Poder Executivo objetiva obter. Caso contrário, seria também uma usurpação de competência do Congresso. Aliás, essa é uma das competências legislativas clássicas e historicamente uma conquista liberal, pois significa o consentimento da sociedade em relação a tributação por meio de seus representantes eleitos.
Muitos políticos estão falando em conciliação para resolver essa questão, intermediada pelo STF. Como seria?
A ideia de conciliação seria um caminho idêntico a situações em que o STF exerceu o papel de mediador nos episódios de crise entre os Poderes. Tivemos essa iniciativa de convocação de audiências de conciliação entre representantes da AGU e do Senado e da Câmara dos Deputados no caso das emendas Pix e, também, na definição do marco temporal das terras indígenas. Em relação ao IOF, acredito que o STF buscaria uma distensão entre o Executivo e o Legislativo, por meio da revogação do decreto legislativo relativo ao IOF e a apresentação de novo decreto pelo Executivo ou medida provisória que contemple parâmetros de tributação e obtenção de novos recursos aceitáveis sob o ponto de vista político e econômico.
IA leva esquerda a marcar gol nas redes ao tratar de ricos contra pobres
Leonardo Sakamoto
Apoiadores do governo Lula e do PT marcaram um gol ao usar inteligência artificial para produzir vídeos que ilustram que a classe média baixa e os pobres pagam mais impostos do que os ricos no Brasil.
O tema ganhou as redes com a briga entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional sobre o aumento do IOF, mas não apenas. Tratam de taxação de bilionários e multimilionário e da isenção do Imposto de Renda para boa parte da classe média.
Dada a dificuldade em avançar medidas para garantir que os super-ricos paguem proporcionalmente tanto imposto quanto a classe trabalhadora, os vídeos criticam que o parlamento protege o andar de cima enquanto estala o chicote no andar de baixo,
Peças produzidas facilmente com o Veo 3 do Gemini, a plataforma de IA do Google, viralizaram aos milhões, furando a bolha, coisa que estamos acostumados a ver com mais frequência a partir de material da direita e da extrema direita. E ao serem compreendidas pelo grande público, incomodaram. Tanto que o presidente da Câmara, Hugo Motta, foi às redes para retrucar e outras lideranças estão irritadas com a mobilização.
Inteligência artificial é ferramenta que pode ser usada para o bem ou para sacanagens que causam prazer apenas a quem a cometeu. Não há problema alguma em ela ser empregada para ilustrar ideias e ajudar no debate público, reduzindo custos e o tempo de produção de vídeos, computação gráfica e afins. A esquerda, que é criticada dada a explicação abstrata de algumas de suas pautas junto ao grande público, tende a se beneficiar bastante com ela.
A questão é quando a IA é empregada para colocar palavras na boca de pessoas, principalmente figuras públicas, imputando crimes a elas ou as usando para cometer golpes - o pobre do doutor Drauzio Varella que o diga.
Não há dúvida que isso acontecerá a torto e direito nas eleições de 2026, e a Justiça Eleitoral, por mais preparada que que acha que esteja para enfrentar isso, não conseguirá dar conta. Sim, podemos esperar manipulação em massa da opinião pública.
A direita vem fazendo encontros com influenciadores para fomentar a produção de conteúdo digital, incentivando o uso de IA. A esquerda, agora, vem fazendo a mesma coisa, mostrando que, finalmente, pode ter aprendido a lição de casa.
Presidente defende fortalecimento do bloco e afirma que a integração regional garante segurança e autonomia frente às crises globais
247 - Durante a Cúpula do Mercosul realizada em Buenos Aires, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ressaltou nesta quinta-feira (3) a importância estratégica do bloco sul-americano em meio ao cenário global de instabilidade e incertezas.
Lula destacou a solidez construída pelo grupo ao longo das últimas décadas e apontou o Mercosul como um espaço de proteção e cooperação regional. “Quando o mundo se mostra instável e ameaçador, é natural buscar refúgio onde nos sentimos seguros. Para o Brasil, o Mercosul é esse lugar”, afirmou o presidente.
Em sua fala, ele lembrou os avanços institucionais do bloco e reforçou a importância de uma integração comercial com bases transparentes e sustentáveis. “Ao longo de mais de três décadas, erguemos uma casa com bases sólidas, capaz de resistir à força das intempéries. Conseguimos criar uma rede de acordos que se estendeu aos estados associados. Toda a América do Sul se tornou uma área de livre comércio com regras claras”, disse.
O presidente também ressaltou a proteção oferecida pelas regras comuns do bloco frente a disputas econômicas externas. “Estar no Mercosul nos protege. Nossa tarifa externa comum nos blinda contra guerras comerciais alheias. Nossa robustez institucional nos credencia perante o mundo como parceiros confiáveis”, declarou, observando que o crescente interesse de outros países e blocos em se aproximar do Mercosul é uma prova de sua relevância.
Em sua fala, ele lembrou os avanços institucionais do bloco e reforçou a importância de uma integração comercial com bases transparentes e sustentáveis. “Ao longo de mais de três décadas, erguemos uma casa com bases sólidas, capaz de resistir à força das intempéries. Conseguimos criar uma rede de acordos que se estendeu aos estados associados. Toda a América do Sul se tornou uma área de livre comércio com regras claras”, disse.
O presidente também ressaltou a proteção oferecida pelas regras comuns do bloco frente a disputas econômicas externas. “Estar no Mercosul nos protege. Nossa tarifa externa comum nos blinda contra guerras comerciais alheias. Nossa robustez institucional nos credencia perante o mundo como parceiros confiáveis”, declarou, observando que o crescente interesse de outros países e blocos em se aproximar do Mercosul é uma prova de sua relevância.
Lula concluiu enfatizando que a presidência brasileira será um momento propício para repensar o papel da América do Sul no cenário internacional. “Enfrentaremos o desafio de resguardar nosso espaço de autonomia em um contexto cada vez mais polarizado. A presidência brasileira representará uma oportunidade para refletir sobre o lugar que almejamos ocupar no novo tabuleiro global”, finalizou.
Confira a íntegra do discurso de Lula:
É com satisfação que retorno a Buenos Aires, onde já demos tantos passos na construção de um caminho comum para o Cone Sul.
Quando o mundo se mostra instável e ameaçador, é natural buscar refúgio onde nos sentimos seguros.
Para o Brasil, o MERCOSUL é esse lugar.
Ao longo de mais de três décadas, erguemos uma casa com bases sólidas, capaz de resistir à força das intempéries.
Conseguimos criar uma rede de acordos que se estendeu aos Estados associados.
Toda a América do Sul se tornou uma área de livre comércio, baseada em regras claras e equilibradas.
Estar no MERCOSUL nos protege.
Nossa Tarifa Externa Comum nos blinda contra guerras comerciais alheias.
Nossa robustez institucional nos credencia perante o mundo como parceiros confiáveis.
Não é à toa que um número cada vez maior de países e blocos estejam interessados em se aproximar de nós.
Atestei esse interesse pessoalmente nos contatos que mantive com líderes de diversas regiões.
Enfrentaremos o desafio de resguardar nosso espaço de autonomia em um contexto cada vez mais polarizado.
A presidência brasileira representará uma oportunidade para refletir sobre o lugar que almejamos ocupar no novo tabuleiro global.
Nesse esforço, será imprescindível conferir prioridade a cinco questões.
A primeira delas é o fortalecimento do comércio entre nós e com parceiros externos.
Ainda há fronteiras a ultrapassar, como a inclusão dos setores automotivo e açucareiro em nossa união aduaneira.
Adiar essa tarefa significa sacrificar o potencial estratégico do bloco na produção de veículos elétricos e biocombustíveis.
Não se constrói prosperidade apenas com grandes negócios.
É necessário reativar o Fórum Empresarial do MERCOSUL e oferecer maior apoio a pequenas e médias empresas.
Precisamos de um sistema de pagamento em moedas locais revigorado e moderno, que facilite transações digitais.
É importante ampliar mercados e diversificar parcerias.
Saúdo a conclusão das negociações com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA).
Estou confiante de que, até o fim deste ano, assinaremos os acordos com a União Europeia e com a EFTA, criando uma das maiores áreas de livre comércio do mundo.
Também avançaremos nas tratativas com Canadá e Emirados Árabes Unidos.
Na região, é preciso trabalhar com o Panamá e a República Dominicana, e atualizar os acordos com Colômbia e Equador.
É hora de o MERCOSUL olhar para a Ásia, centro dinâmico da economia mundial.
Nossa participação nas cadeias globais de valor se beneficiará de maior aproximação com Japão, China, Coreia, Índia, Vietnã e Indonésia.
A circulação de bens e serviços depende de infraestrutura adequada.
O programa brasileiro Rotas da Integração Sul-Americana visa a encurtar distâncias e diminuir custos.
A conclusão da Rota Bioceânica, que conecta Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, reduzirá em até duas semanas o tempo de viagem até a Ásia.
Fazem parte da Rota dois projetos brasileiros recentemente aprovados pelo FOCEM, que vão melhorar o saneamento e a conectividade viária das populações fronteiriças de Corumbá e Ponta Porã.
O Brasil vai trabalhar, ao longo deste semestre, na estruturação da segunda etapa do FOCEM.
Precisaremos do apoio continuado do FONPLATA, que vem se consolidando como o banco da integração do Cone Sul.
A segunda questão diz respeito ao enfrentamento da mudança do clima e à promoção da transição energética.
As consequências do aquecimento global já se fazem sentir no Cone Sul.
A região sofre com estiagens e enchentes que causam perdas humanas, destruição de infraestrutura e quebras de safra.
A realidade está se movendo mais rápido que o Acordo de Paris, expondo a falácia do negacionismo climático.
O Brasil reduzirá suas emissões entre 59 e 67% até 2035 em todos os setores econômicos, abrangendo todos os gases de efeito estufa.
Felicito o Uruguai e o Equador por também terem apresentado suas Contribuições Nacionalmente Determinadas.
Na COP30, em Belém, teremos a chance de mostrar ao mundo as soluções que vêm da América do Sul.
Nossa Reunião de Ministros de Meio Ambiente será uma etapa crucial de preparação para a Conferência.
Por meio do programa MERCOSUL Verde, vamos fortalecer nossa agricultura sustentável.
Nossa cooperação promoverá padrões comuns de sustentabilidade, mecanismos de rastreabilidade e inovações tecnológicas.
Precisamos de ímpeto renovado para recuperar nossa capacidade industrial com responsabilidade ambiental.
Vamos propor a formulação de uma taxonomia sustentável no MERCOSUL, para atrair investimentos em prol de uma transição justa.
A América do Sul tem tudo para ser o coração desse processo.
Já temos matrizes energéticas mais limpas que outras regiões.
Contamos com algumas das maiores reservas de minerais críticos do mundo.
Acabo de voltar da Cúpula do G7, na qual se discutiu o acesso a esses minerais como imperativo de segurança energética.
A corrida por lítio, terras raras, grafita e cobre já começou.
O MERCOSUL ampliado é nossa melhor plataforma para aproximar e coordenar políticas nacionais.
É fundamental garantir que as etapas de beneficiamento ocorram em nossos territórios, com transferência de tecnologia e geração de emprego e renda.
Buscando apoio da OLADE, o Brasil vai reativar as discussões do Subgrupo de Trabalho 15 para lançar as bases de um acordo sul-americano sobre minerais críticos.
A terceira área é o desenvolvimento tecnológico.
Novas tecnologias estão concentradas nas mãos de um pequeno número de pessoas e de empresas, sediadas em um número ainda menor de países.
Recentemente, Brasil e Chile formalizaram parceria para criar modelos de Inteligência Artificial que reflitam as realidades culturais e linguísticas da América Latina.
Iniciativas como essa podem ser expandidas para o MERCOSUL e para toda a América do Sul.
Trazer centros de dados para a região é uma questão de soberania digital.
Esse esforço deve ser acompanhado do desenvolvimento local de capacidades computacionais, do respeito à proteção de dados e de investimentos para suprir demandas adicionais de energia.
A pandemia de COVID-19 escancarou a vulnerabilidade a que estamos expostos pela falta de acesso a vacinas e medicamentos.
O Brasil quer fazer do MERCOSUL um polo de tecnologias da saúde, capaz de atender às necessidades de nossa população.
Nosso quarto desafio é o combate ao crime organizado.
Grupos criminosos colocam em xeque a autoridade do Estado, disseminando violência, corrupção e destruição ambiental.
Não venceremos essas verdadeiras multinacionais do crime sem atuar de forma coordenada.
Precisamos investir em inteligência, conter os fluxos de armas e asfixiar os recursos que financiam a indústria do crime.
Com a renovação do Comando Tripartite da Tríplice Fronteira, teremos uma plataforma permanente de cooperação para combater crimes financeiros e o tráfico de drogas, de armas e de pessoas.
Com o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, inaugurado em Manaus, as forças de segurança dos nove países amazônicos atuarão juntas para coibir crimes ambientais e outros ilícitos.
São iniciativas que se complementam e que precisam dialogar entre si para ganhar escala sul-americana.
O Brasil vai mobilizar o MERCOSUL ampliado para aprimorar e aprofundar essa colaboração.
A quinta prioridade é a promoção dos direitos de nossos cidadãos.
Sem inclusão social e enfrentamento das desigualdades de todo tipo não haverá progresso duradouro.
O Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos e o Instituto Social do MERCOSUL devem ser fortalecidos.
Seu apoio técnico tem sido muito valioso para nossos países.
A Cúpula Social do MERCOSUL será retomada para apontar novos caminhos para o bloco.
Com o mesmo propósito, realizaremos uma Cúpula Sindical.
A força das nossas democracias depende do diálogo e do respeito à pluralidade.
Desde a última Cúpula, em Montevidéu, perdemos duas grandes referências do Cone Sul: o presidente Pepe Mujica e o papa Francisco.
Tenho orgulho de vir do mesmo quadrante da Terra que esses dois seres humanos excepcionais.
A presidência brasileira do MERCOSUL honrará seu legado, trabalhando por uma integração solidária e sustentável.
Desejo um semestre produtivo e aguardo a todos no Brasil, em dezembro.