quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ministério da Cultura discute projetos para trabalhadores urbanos e rurais

Após propor a criação do vale cultura de R$ 50 como forma de ampliar o consumo de bens artísticos e culturais entre os cerca de 12 milhões de assalariados que devem ser beneficiados pela iniciativa, o Ministério da Cultura agora planeja investir em projetos que permitam aos trabalhadores urbanos e rurais ter acesso à cultura em seu próprio local de serviço.
Hoje (21), representantes do ministério se reuniram com as principais entidades ligadas aos trabalho para discutir a elaboração de um programa que, inicialmente, visa a reforçar a instalação de bibliotecas e a criação de cineclubes em fábricas, sindicatos, associações e outros espaços de aglutinação de mão de obra formal e informal no campo e nas cidades.
A ideia é que os trabalhadores aproveitem o tempo livre para ler um livro ou assistir a um filme, que também poderão ser levados para casa, beneficiando assim as suas famílias.
Nosso objetivo é, em parceria com sindicatos e associações de classe, atender aos trabalhadores, disponibilizando material audiovisual e multimídia para que eles possam, no seu próprio espaço laboral, usufruir da produção cultural”, afirmou a assessora especial do ministério, Morgana Eneile. “Apesar de todos os nossos projetos anteriores, faltava-nos beneficiar a este público que, muitas vezes, passa entre dez ou 12 horas ligado ao ambiente de trabalho, sem tempo de usufruir da cultura”.
Segundo Morgana, a proposta ministerial apresentada às organizações sociais tem por base a experiência acumulada com os projetos Pontos de Leitura e o Cine Mais Cultura. O primeiro visa a estimular à leitura por meio da criação ou ampliação do acervo de bibliotecas que funcionam em Pontos de Cultura, hospitais, sindicatos, presídios, associações comunitárias, entre outros. Já o Cine Mais Cultura distribui às entidades selecionadas equipamentos de projeção digital (tela, projetor, mesa e caixas de som), aparelho de DVD e uma série de filmes e documentários brasileiros.
O ministério, contudo, espera receber sugestões dos movimentos sociais antes de redigir a proposta final que será discutida com outras instâncias do governo federal. De acordo com Morgana, os valores, a composição dos kits que serão distribuídos e os critérios para seleção das entidades beneficiadas ainda vão ser detalhados. A intenção é que o edital seja publicado no máximo até agosto para que o projeto, ainda considerado piloto, possa ser lançado este ano. Uma nova reunião deverá ocorrer no próximo dia 27.
Para a secretária de jovens rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Maria Elenice Anastacio, a iniciativa do ministério é “brilhante”, já que estimular a leitura e o consumo cultural entre os trabalhadores é algo importante. “Mas precisamos discutir como operacionalizar esse modelo no campo, já que reproduzir na área rural os projetos bem-sucedidos que nos foram apresentados será algo muito difícil. Uma coisa é ter uma área de leitura em uma fábrica, onde há horário de almoço definido. Outra é ter [um local de leitura] no meio de um canavial.”, destacou Maria Elenice.
Segundo o operador de máquinas Valderez Dias Amorim, do Comitê Sindical de Empresas do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, a proximidade e a facilidade de apanhar livros emprestados contribuiu para modificar hábitos e o ambiente da fábrica em que ele trabalha há 14 anos, em Diadema (SP), onde também é agente de leitura.
“Eu sabia que seria difícil tentar incentivar pessoas que nunca tiveram o hábito de ler, mas, hoje, já há uma grande parcela de funcionários que leem com frequência. E uma outra parcela aos poucos está tomando gosto pela leitura. Se essa facilidade for levada para todo o país, acho que isso vai ser a grande transformação a partir da cultura.”
Participaram da reunião, além da Contag, a Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), entre outras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Honestino Guimarães, morto pela ditadura, será homenageado com diploma da UNB

  Honestino Guimarães, morto pela ditadura, será homenageado com diploma da UNB Se estivesse vivo, Honestino completaria, nesta quinta (28),...