sexta-feira, 24 de abril de 2009

TECENDO O TECIDO da REDE - ( * ) Dea Santos Melo

Querida Dea
É fantástico ter pessoas como voce na rede pensando e praticando comunicação comunitária. Publicamos seu artigo no blog da Rede Comunitária. Acesse clicando http://redeccom.blogspot.com/ Voce não teria uma foto mais amazonica/brasileira para ilustrar? Parabéns pelo texto. Muito bom! Precisamos de voce na edição do nosso material( inclusive sua ótima entrevista -sem problema de áudio) gravado no Fórum da RTS.Um abraço
Sempre em Rede!
George Duarte
Olá George, grata pelas palavras valorosas. Vamos nos fortalecendo no embalo dessa rede, que também pode ser de dormir e descansar, não é mesmo?Até tenho uma foto (anexa) - não sei se "mais amazônica", pois esta de vcs é bem significativa. A que te mando é da Comunidade Quilombola de Cacau/PA, onde apliquei a TS Peneirando, na qual o velho pescador da comunidade ensinava jovens e adultos a tecerem a rede de pesca, a partir da qual criamos peças de roupas.Foi um trabalho muito lindo.No que eu puder estou à disposição para colaborar.Em Comunic-Ação, grande abraço
Déa Car@s tecedor@s dessa rede, tudo bem?
Estamos de volta à "dança da vida", agora com novas idéias para semear e implantar, não é mesmo?
Escreví um artigo sobre o encontro à pedido da Michele, Assessora de Comunicação da RTS; e tomo a liberdade de enviar para aqueles e aquelas com os quais pude dialogar mais de perto.
Que possamos seguir ampliando nossos diálogos e reflexões.

Grande abraço paraoara, Déa

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Quatro anos, ponto-a-ponto, tecendo a técnica, o produto ou a metodologia a serviço de efetivas transformações sociais nas comunidades brasileiras, representadas por organizações diversas reunidas neste mês de Abril de 2009, em Brasília, compondo a imagem de uma Rede, a de Tecnologia Social – TS.
Falo de um desenho que vai tomando forma não só para quem usa uma TS, mas para quem está com as agulhas na mão, fazendo as amarrações, facilitando as alianças, patrocinando as parcerias, estimulando a comunicação e construindo o processo.
Como a natureza é sábia e nos oferece infinitas oportunidades e caminhos de aprendizagem, sugiro seguir no fluxo do imaginário, a partir da metáfora da tecetura de uma rede de pesca artesanal – uma tecnologia social, vale lembrar, tão presente em nossa realidade amazônica e no Brasil de um modo geral, para nos orientar ir ao encontro dos peixes, respeitando os ciclos de pesca, reprodução e distribuição, gerando trabalho e renda de forma sustentável.
Na condição de facilitadora do Grupo de Trabalho de Cultura do Fórum Social Mundial 2009, venho cada vez mais observando, investigando, experimentando, aprendendo e amadurecendo afinal, “como pode ser possível, um outro mundo possível”, a partir de uma construção coletiva? Um desafio que me faz convocar todos os sentidos e canais de apreensão da realidade, na tentativa de compreender, elaborar e colaborar na manifestação dessa realidade.
Jorgdieter Anhalt do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis – IDER durante a oficina temática do fórum, foi uma das minhas inspirações nesse processo de elaboração. Ele trouxe várias técnicas para a sustentabilidade energética no pais e fez questão de compartilhar algumas lições aprendidas ao longo de uns bons anos de experiência, que não devem ser “reaplicadas”, para usar uma expressão própria do conceito que temos hoje de TS. Jorgdieter, destaca a necessidade de que a TS seja perfeitamente adaptada aos hábitos e à cultura da população, de forma contextualizada; de saber interpretar o que as pessoas falam e querem transmitir; de estudar a cadeia inteira, a partir da produção até o mercado e sua viabilidade e de montar uma equipe multidisciplinar, para que todos os aspectos da implantação do projeto sejam observados.

Na Conferência Internacional, outros representantes do masculino também foram particularmente felizes, com os quais me senti completamente identificada, ao exporem sua dimensão feminina, revelando uma lógica de concepção criativa, subjetiva e profunda no trato de questões tão práticas e objetivas referentes às TSs.
Herman Thomas da Universidade de Quilmes, Argentina, começa dizendo que há TSs que não funcionam simplesmente por problemas sócio-culturais, já que trata-se de um processo de soluções sócio-técnicas e não apenas de conceber um artefato tecnicamente perfeito.
Na sequência, o Prof. Andrew Feenberg da School of Communication Simon Fraser University do Canadá, usando como metáfora o vôo dos pássaros, nos mostra literalmente, que o “óbvio está escondido das vistas”; que considerar as diferenças de linguagens e costumes é fundamental no desenvolvimento de uma TS, já que seu objeto é mais para mudar o “mundo” do que o ator que o cria ou utiliza, “mas se não mudamos o ator, não consideramos o todo”, diz ele.
Essa ilusão da tecnologia é menos presente nas sociedades tradicionais e é grave quando a sociedade capitalista tira esses saberes de suas mãos e passam para a indústria. Ilusão maior é achar que podemos agir no mundo, sem conseqüência para nós mesmos-as. Para Feenberg a tecnologia e a experiência são complementares, mas os especialistas ainda não consideram isso.
Em outras palavras, o Prof. Ignacy Sachs, da Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais da França, confirma essa idéia dizendo: “colocar um computador numa comunidade é fácil, o desafio é fazer com que esse computador tenha um bom uso na comunidade”.

O bem humorado Economista brasileiro, Ladislau Dawbor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC, é um daqueles que nos faz sentirmo-nos estimulados-as a entender um pouco mais de economia acadêmica, quando diz por exemplo, “o que se precisa não é de tecnologia dura (equipamentos), mas de processos organizacionais (tecnologia soft)”. Afinal, em tempos de imensos desafios sociais, ambientais e de crise generalizada, especialmente de valores humanos, o indicador conhecido como PIB – Produto Interno Bruto, já começa a ser observado levando em conta um outro indicador, jamais associado até então, à idéia de geração de renda ou de lucro. É o FIB – Felicidade Interna Bruta.
Se concordamos que se trata efetivamente de um processo, sigamos passo-a-passo, ponto-a-ponto, costurando as amarras dessa Rede, entre o PENSAR - FAZER – SER - CONVIVER. Taí uma Tecnologia Social!

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(*) Déa Santos Melo é Comunicadora Social, criadora da metodologia Comunic-Ação Criativa, com formações em Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Administração da Cultura; Coord. da ONG Mana-Maní Círculo Aberto de Comunicação, Educação e Cultura e aplica a TS Peneirando.

Um comentário:

  1. Lançamento do Livro Um Grito no Silêncio
    Imperdivel...
    Dia 12/05, às 20 hs (terça-feira)
    No Anashopping Piso II,
    loja de Artesanatos ACAA
    Até lá
    Um grande abraço!
    temos novidades de RTS. Vou te enviar.

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