terça-feira, 12 de abril de 2022

No Acampamento Terra Livre, Lula promete "dia do revogaço" e criação de ministério para indígenas

"Ninguém neste país vai fazer qualquer coisa em terra indígena sem que haja a concessão de vocês"

www.brasil247.com - Sônia Guajajara e Lula
Sônia Guajajara e Lula (Foto: Ricardo Stuckert)

Lula esteve nesta terça-feira (12) no Acampamento Terra Livre, coordenado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), em Brasília, onde falou sobre fazer um "dia do revogaço" para revogar todos os decretos editados por Jair Bolsonaro (PL) que atentem contra os direitos dos indígenas.

Lula também falou em criar um ministério para "discutir as questões indígenas". "É preciso criar o dia do revogaço, e tudo que foi decreto criando empecilho [aos povos indígenas] terá que ser revogado imediatamente. A gente não pode permitir que aquilo que foi conquista da luta de vocês seja tirado por decreto para dar direito àqueles que acham que têm que acabar com a nossa floresta. (...) Vocês me deram uma ideia. Se a gente criou o Ministério da Igualdade Racial, se a gente criou o de Direitos Humanos, o Ministério da Pesca, por que a gente não pode criar um ministério para discutir as questões indígenas?".

Lula afirmou que os indígenas participarão da criação do programa de seu terceiro governo. "Ninguém neste país, se nós voltarmos ao governo, vai fazer qualquer coisa em terra indígena sem que haja a concessão de vocês. Ninguém. A ciência já provou que não é possível queimar ou cortar uma árvore para criar uma cabeça de gado. Temos terras degradadas que podem recuperadas para plantar o que quiserem, e a gente tem que tirar proveito da nossa  biodiversidade, para que vocês tenham direito a ter uma vida digna, respeitada e que vocês possam criar o filho de vocês com todo o respeito que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que a nossa Constituição garante".

Lula não deixou de lembrar o que os governos petistas já fizeram pelos indígenas. "A gente não pode esquecer aquilo que já tiraram de nós. Certamente os governos do PT não fizeram tudo que deveriam ter feito, mas ninguém fez mais do que nós fizemos nas nossas relações com os povos indígenas. O que é grave é que praticamente tudo foi desmontado. Sei o orgulho que senti quando fui a Roraima na legalização da Raposa Serra do Sol. Sei do orgulho de pisar naquela terra e ver de milhares indígenas acreditando que a partir da demarcação poderiam vivem em paz. Hoje as notícias que a gente tem é de um governo que não tem escrúpulos para desassorear, para ofender, desacreditar os povos indígenas, que deveriam ser respeitados. Não são os indígenas que são invasores. Eles já estavam nessa terra quando aqui chegaram os portugueses em 1.500".

Ele ainda pediu conscientização por parte da sociedade para que percebam e reconheçam os direitos indígenas. "É preciso que a gente tenha uma conversa a sociedade brasileira, com as pessoas que estão na universidade, na fábrica, que estão trabalhando em lojas e bancos. É importante que todos os brasileiros e brasileiras percebam que vocês têm o direito de reivindicar aquilo que vocês acreditam. A gente nunca viu a polícia brasileira ofender alguém que nega aquilo que vocês estão reivindicando. O crime é reivindicar, negar já é dado de barato que é um direito da elite brasileira. Nenhum fazendeiro tem o direito de invadir o espaço indígena nesse país, nenhum fazendeiro tem o direito de plantar soja de forma ilegal, de fazer queimada para criar gado. Esse país tem muita terra, sem que seja necessário ofender nossas reservas florestais".

Esta é a 18ª edição do ATL e a maior mobilização indígena da história, que levou cerca de 8 mil pessoas até Brasília, entre 4 e 14 de abril. O foco da campanha deste ano – ‘Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política’ – é aumentar a representação política dos povos indígenas nos espaços de poder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário