quinta-feira, 26 de junho de 2025

Lula anuncia projeto que garante moradias para comunidade da Favela do Moinho

 

Lula anuncia projeto que garante moradias para comunidade da Favela do Moinho

Presidente esteve junto à comunidade no centro da capital paulista para garantir R$ 180 mil para cada família poder comprar um imóvel e R$ 1 mil mensais para o aluguel provisório

Cláudio Kbene/PR

Presidente Lula durante visita à comunidade da Favela do Moinho, na região central da capital paulista

Na tarde desta quinta-feira (26) o presidente Lula esteve na Favela do Moinho, na região central da capital paulista, para anunciar e assinar uma solução habitacional para as 900 pessoas que lá residem atualmente.

Com essa medida, o Governo Lula vai garantir R$ 180 mil para cada família poder comprar um imóvel e R$ 1 mil mensais para o aluguel provisório, enquanto as novas casas não forem adquiridas. Para a compra dos novos imóveis, o governo estadual paulista vai contribuir com R$ 70 mil, somando R$ 250 mil.

Naquele local, o governo estadual pretende construir um parque. Para tanto, houve tentativas recentes de desalojar as famílias, com ações policiais que, segundo denúncias de representantes da comunidade e de registros da imprensa, envolveram violência.

“Por mais que seja bonito um parque, ele não pode ser feito às custas do sofrimento de um ser humano”, disse Lula, dirigindo-se à comunidade, reunida em um pequeno campo de futebol no centro da favela. “É importante que as pessoas que querem visitar esse parque e brincar e passar domingo nesse parque, não venham pisotear sangue de pobres que aqui foram agredidos. [Nós] vamos fazer com decência e com muita dignidade”, completou o presidente.

O imóvel, originalmente da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), teve longo histórico de discussão judicial sobre a dominialidade, que só foi encerrada em 2021, tornando-se de domínio público federal. Em maio, uma comissão interministerial foi ao local, ouviu moradores, mapeou a situação e esclareceu dúvidas sobre a Compra Assistida e a destinação da área. A União reconheceu as condições de precariedade das moradias atuais e os riscos a que as famílias estavam expostas.

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Antes de falar ao público, que estava reunido no campo de futebol, Lula visitou casas e conversou com moradores e lideranças comunitárias.

Segundo afirmou o presidente, o Governo Federal só vai efetivar a transferência do terreno quando o acordo com as autoridades estaduais estiver cumprido e condições dignas de mudança de endereço dos moradores estiveram garantidas.

“Quando estiver tudo pronto, tiver certa casa que vocês vão comprar, tiver certo aluguel que você tem que pagar antes do apartamento de vocês saírem, aí a gente faz a cessão definitiva para o governo do Estado”, disse Lula.

Violência policial

A líder comunitária Flávia da Silva, que falou em nome dos moradores, disse que ela e seus vizinhos “apanharam”, referindo-se à violência policial, mas que venceram. “A repressão policial que a gente passou aqui, a opressão. Não houve diálogo, houve agressão”, disse ela, completando que “a polícia que o Tarcísio [de Freitas, governador] mandou aqui não foi para nos defender”. Segundo Flávia, “foi por isso que a gente pediu ‘socorro, presidente Lula’, senão a gente ia ser massacrado aqui dentro”.

Assista:

O presidente ainda comentou ter ouvido de moradores que as casas disponíveis na região passaram a subir de preço, depois que o acordo para a transferência das famílias ter sido noticiado pela imprensa. Ele orientou o presidente da Caixa, Carlos Antônio Vieira Fernandes, presente ao encontro, para que as equipes do banco ajudem os moradores no futuro processo de compra.

Para apoiar a compra das novas casas, o Governo Federal vai se utilizar de crédito semelhante ao oferecido para as vítimas das enchentes do ano passado no Rio Grande do Sul. A modalidade do Minha Casa, Minha Vida aplicada no Rio Grande do Sul, chamada Compra Assistida, permite a compra totalmente subsidiada pelo Governo Federal, por intermédio da Caixa.

Solução pactuada

A solução pactuada prevê a aquisição direta de imóveis pelas famílias moradoras por meio da modalidade de Compra Assistida do Minha Casa, Minha Vida. Essa mesma modalidade foi empregada com sucesso em 2024 para atender famílias que perderam as casas em função das fortes chuvas no Rio Grande do Sul.

Cada núcleo familiar terá direito a um subsídio de até R$ 250 mil para a aquisição de imóveis prontos ou em fase final de construção. Desse montante, R$ 180 mil serão provenientes do Governo Federal e R$ 70 mil do governo estadual. Assim, não há necessidade de financiamento ou contrapartida financeira por parte das famílias. Além disso, as famílias receberão um auxílio aluguel de R$ 1.200 mensais durante o período de transição para a nova moradia.

A proposta contempla famílias com renda até a Faixa 2 do Minha Casa, Minha Vida, que corresponde a uma renda familiar de até R$ 4,7 mil mensais, incluindo beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC).

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A solução adotada representa a consolidação da moradia como um direito garantido pelo Estado, com foco na permanência urbana e na inclusão social, em vez da remoção e expulsão dos mais pobres de áreas centrais. A iniciativa reforça o compromisso do Governo Federal com a dignidade e o bem-estar da população.

Parque do Moinho

A área onde está localizada a Favela do Moinho pertence à União. O Governo Federal vai ceder essa área de 35.071,88 m², equivalente a cinco campos de futebol e avaliada em mais de R$ 21 milhões, para a implantação do Parque do Moinho. Este novo espaço de uso coletivo será voltado ao lazer e à convivência da população paulistana. Além disso, as famílias solicitaram a instalação de um memorial no futuro parque.

Da Redaçãocom Agência Gov

Senado aprova projeto de Luizianne que reforça qualidade da merenda escolar

 

Senado aprova projeto de Luizianne que reforça qualidade da merenda escolar

A proposição garante comida mais saudável e segura no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar

Agência Brasil

Merenda escolar com a qualidade da agricultura familiar.

O Plenário do Senado Federal aprovou, nessa terça-feira (24/6), o projeto de lei (PL 2205/2022), originado na Câmara como PL 4161/2015, de autoria da deputada federal Luizianne Lins (PT-CE).A proposição garante comida mais saudável e segura no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) para milhões de estudantes. Agora, a proposta segue para a Câmara dos Deputados.

Um dos destaques do projeto é a determinação de que os alimentos adquiridos sejam entregues com prazo de validade igual ou inferior à metade do tempo total estipulado. “Não é admissível que, no âmbito das instituições educacionais ocorra uma verdadeira corrida contra a data de validade, desorganizando o cardápio e gerando desperdício de alimentos”, destacou Luizianne, na justificativa da proposta.

Incentivo

Além disso, o texto amplia o incentivo à agricultura familiar, ao elevar de 30% para 45% a porcentagem mínima de compras destinadas a quem produz no campo. “É comida mais fresca para as escolas e mais renda para quem planta. Quando aprovada na Câmara, a nova lei significará um avanço significativo pela saúde das crianças e pela valorização da agricultura familiar”, afirmou a parlamentar.

Do site do PT na Câmara

Valter Pomar defende guinada à esquerda no PT e reorientação da política do governo Lula

 

Valter Pomar defende guinada à esquerda no PT e reorientação da política do governo Lula

Ao Café PT, candidato à presidência do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras (PT) propõe recuperar militância, enfrentar a direita e adotar uma agenda socialista para vencer em 2026

Reprodução/TvPT

Valter Pomar: “A gente quer um país soberano, desenvolvido, igualitário, democrático, industrializado, integrado à América Latina e Caribe"

O historiador e professor universitário Valter Pomar (nº 120) foi o entrevistado desta quinta-feira (26) no Café PT, dentro da série especial com os candidatos à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras (PT). Filiado ao partido desde 1985 e militante desde 1982, Pomar defendeu uma guinada política e organizativa do PT.

Durante a entrevista, Pomar falou sobre suas propostas para o Processo de Eleições Diretas (PED) 2025, destacou a importância da reeleição de Lula em 2026, defendeu a politização da base petista e apontou que a retomada da identidade socialista do partido é fundamental para enfrentar a extrema direita e as forças neoliberais.

O primeiro turno das eleições internas do Processo de Eleições Diretas (PED) 2025 ocorre no dia 6 de julho, das 9h às 17h, nos diretórios municipais do PT em todo o país, respeitando o horário de cada região. Brasileiros filiados ao partido que residem no exterior também poderão votar para a chapa nacional e a presidência nacional.

“Precisamos mudar a linha política do PT e do governo”

Valter Pomar afirmou que o maior desafio da próxima direção do PT será reorientar politicamente o partido e o governo.

“O presidente nacional do partido é o porta-voz e o coordenador da direção partidária. E entendo que o principal desafio é conduzir uma reorientação na linha política do partido, do governo e no funcionamento organizativo do PT”.

Para ele, essa mudança é condição para que o partido tenha um papel mais ativo na mobilização popular e na transformação do país. “A gente quer um país soberano, desenvolvido, igualitário, democrático, industrializado, integrado à América Latina e Caribe. Queremos um país socialista. Para isso, o PT precisa mudar, e mudar rápido.”

Pomar defende ainda que o governo Lula precisa deixar de atuar como “mediador” de interesses contraditórios e assumir um papel de liderança na transformação do país.

“A gente precisa de um governo que convoque a população, que mobilize, que enfrente a maioria conservadora do Congresso e que vá para cima desse Banco Central que mantém uma taxa de juros escorchante.”

Ao ser perguntado sobre os maiores desafios do PT atualmente, Valter Pomar frisou a importância de reconquistar a classe trabalhadora.

“O primeiríssimo desafio é recuperar a maioria da classe trabalhadora. Hoje, a maior parte dos trabalhadores não vota no PT e não confia no PT. Precisamos recuperar essa confiança e presença organizada nos locais de moradia, trabalho, estudo, lazer, nos quilombos, nos assentamentos e nas atividades de economia solidária.”

O segundo desafio apontado por ele é o enfrentamento ao neoliberalismo. “Precisamos derrotar as forças econômicas e sociais que estão fazendo do Brasil um país difícil de viver. O Brasil virou o paraíso do capital financeiro e uma subpotência exportadora de commodities. Precisamos mudar isso.”

Reeleição de Lula

Pomar também defendeu a reeleição de Lula, mas com uma mudança de rumos. “Temos que reeleger o presidente Lula e nos preparar para 2030, de preferência com uma companheira do PT como candidata à presidência. E acho que já deveríamos ter uma companheira do PT na vice de Lula em 2026.”

Ele também criticou a permanência de partidos de direita na base do governo. “Esses partidos votam contra a gente no Congresso. Precisamos afastar essa turma do governo e construir uma base comprometida com as transformações. A eleição de 2026 será difícil e vamos enfrentar também o governo Trump, que tentará nos derrotar.”

O candidato apontou como prioridade a reestruturação da militância petista. “Hoje temos quase 3 milhões de filiados, mas a maioria não milita. Precisamos que os núcleos funcionem, que os diretórios funcionem, que haja formação política constante, que a direção nacional atue em modo caravana e que esteja presente nos territórios.”

Além disso, ele criticou a concentração de poder nas mãos de parlamentares e defendeu a retomada de práticas antigas do partido.

“Temos que recuperar o que chamávamos de assistência, a presença dos dirigentes junto à base, com apoio político, organizativo, financeiro e comunicacional.”

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Militância

Para Valter Pomar, o PED 2025 será decisivo. “Só existem dois caminhos: ou mantemos a política e o funcionamento atuais, ou mudamos tudo. Se mantivermos como está, podemos sofrer uma derrota total em 2026 ou mesmo uma derrota estratégica, em que o partido se torne irreconhecível.”

Ele reforçou ainda que o partido precisa voltar a ser comandado pela militância. “Ninguém é dono do PT. O PT pertence à militância. Se queremos voltar a ser instrumento da classe trabalhadora, temos que recuperar o partido para a base.”

Da Redação

Taxação BBB: bilionários, bancos e bets agora vão pagar a conta

 

Taxação BBB: bilionários, bancos e bets agora vão pagar a conta

Nova campanha do PT defende justiça tributária com isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil e mais impotos para os super ricos

Divulgação

Campanha escancara privilégio de bilionários no sistema tributário

O Brasil está escrevendo uma importante página em sua história tributária. A nova campanha do PT, lançada nas redes sociais com o mote “Taxação BBB: bilionários, bancos e bets”, coloca no centro do debate um tema que durante décadas foi tratado com descaso: quem deve pagar mais imposto neste país? Com linguagem clara e direta, o vídeo da campanha resume a proposta de forma contundente:

“O governo Lula deu início a uma virada histórica na cobrança de impostos no Brasil: quem ganha até cinco mil reais não vai pagar nada de imposto de renda. Além disso, quem ganha entre cinco mil e sete mil terá redução no desconto tributário.

E para manter as contas equilibradas, o governo vai passar a taxar quem sempre pagou pouco ou quase nada. Os super ricos, bilionários, bancos e plataformas de apostas pagam nada ou quase nada de imposto de renda.
Vão passar a pagar mais. 

Porque imposto é necessário, mas justiça também é.

Taxação BBB: bilionários, bancos e bets.
Novo IR é justiça histórica. Justiça de verdade.”

Divulgando medidas justas

A campanha chama a atenção para o novo modelo de Imposto de Renda proposto pelo governo Lula, que pode isentar mais de 20 milhões de brasileiros. A medida reduz o peso no orçamento das famílias, injeta mais de R$ 10 bilhões na economia e fortalece o consumo, o comércio e a geração de empregos.

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Sob liderança de Fernando Haddad, a reestruturação fiscal promove justiça social com equilíbrio nas contas públicas. Com ajustes moderados e progressivos, o governo garante recursos para ampliar programas sociais e manter investimentos, sem penalizar os que mais precisam.

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Todos mobilizados por mais justiça

A campanha Taxação BBB é um chamado à mobilização. Não se trata apenas de uma política tributária: é uma batalha por justiça. As novas medidas corrigem distorções históricas, tiram o peso dos ombros de quem vive do trabalho e colocam nos de quem lucra bilhões e colabora muito pouco. 

É a hora de dizer sim a um Brasil onde todos contribuem de forma justa. Divulgar essa ideia e essa campanha é reforçar a luta por um país mais digno, inclusivo e com oportunidades para todos.

Lula não quer ceder ao Congresso e vê chance de debate sobre ricos contra pobres

Presidente dá aval à possibilidade de governo recorrer ao STF e acha que tema favorece petistas.

Com esta manchete a colunista da Folha de São Paulo Mônica Bergamo

Semipresidencialismo

A rejeição ao aumento do IOF proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a pressão do Congresso por corte de gastos do governo, sem incluir as emendas parlamentares, porém, não significam apenas uma queda de braço em relação à política fiscal e um estranhamento entre o Executivo e o Legislativo, mas um desequilíbrio institucional perigoso na relação entre os Poderes. A derrota do governo na Câmara foi acachapante: 383 a 98.

Decretado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 22 de maio, o aumento do IOF incide sobre operações de crédito, câmbio e antecipação de recebíveis (risco sacado), o que também atinge praticamente todo o setor varejista, distribuidores de combustíveis, agronegócio, operações de câmbio e importações. A lógica do governo era aumentar as alíquotas daqueles que ganham muito e pagam pouco imposto. Porém, o Congresso não aceita aumentar a carga tributária.

Do ponto de vista institucional, a decisão transborda essa questão em si. Está mais do que evidente que o sistema presidencialista brasileiro está se tornando cada vez mais disfuncional. Enfraquecido pela desaprovação do governo nas pesquisas de opinião, Lula perdeu o controle de parte dos investimentos federais, que está sendo pulverizada entre as prefeituras do país por meio das emendas parlamentares. E não tem maioria no Congresso para reverter essa situação.

Lula foi emparedado pela oposição, que conseguiu atrair as bancadas do Centrão para suas posições. São dois grupos, respectivamente: um quer inviabilizar o governo, outro faz chantagens para obter mais vantagens. Desde o governo de Michel Temer, a gestão do Orçamento da União vem sendo compartilhada com o Congresso de maneira assimétrica: no lugar do presidencialismo de coalizão, surgiu um semipresidencialismo irresponsável.

Antes de votação, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, declarou que a derrubada do decreto que aumento do IOF provocará a um novo contingenciamento de R$ 2,7 bilhões nas emendas parlamentares de 2025, e de R$ 7,1 bilhões, em 2026. Gleisi argumentou que a medida é necessária para respeitar o arcabouço fiscal sem prejudicar o funcionamento de programas sociais. O governo terá que cortar mais R$ 10 bilhões apenas neste ano para cumprir a meta fiscal.

sábado, 21 de junho de 2025


Putin afirma que Rússia e China estão oficializando a nova ordem mundial

Durante o Fórum Econômico de São Petersburgo, presidente russo destaca que parceria com Pequim é um fator de estabilidade e avanço na multipolaridade

Rússia e China elevam cada vez mais o nível de suas relações
Rússia e China elevam cada vez mais o nível de suas relações (Foto: Global Times)

Putin, sublinhando a relevância estratégica da aliança entre os dois países em meio às transformações geopolíticas contemporâneas.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou nesta sexta-feira (20), que seu país e a China não estão construindo uma nova ordem mundial, mas oficializando uma realidade já em curso. A afirmação foi feita durante a sessão plenária do 28º Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (Spief 2025), em resposta a uma provocação do moderador do evento, que sugeriu que Moscou e Pequim estariam moldando uma nova ordem global. “Já dissemos isso muitas vezes e quero reafirmá-lo mais uma vez, enfatizando que as relações russo-chinesas são, sem dúvida, um fator muito poderoso de estabilidade no mundo”, declarou Putin, sublinhando a relevância estratégica da aliança entre os dois países em meio às transformações geopolíticas contemporâneas.

ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS Juiz que livrou golpista que destruiu relógio entra na mira do STF

Juiz que livrou golpista que destruiu relógio entra na mira do STF
O juiz Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro -  (crédito:  Divulgação)O juiz Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro - (crédito: Divulgação)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF)determinou a volta à prisão do homem que quebrou um relógio histórico do Palácio do Planalto, durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Na mesma decisão, o magistrado ordenou uma investigação para apurar a conduta do juiz Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro, da Vara de Execuções Penais de Uberlândia (MG), responsável por conceder a liberdade ao extremista. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais também abriu procedimento para apurar o caso. Horas depois da ordem de Moraes, a Polícia Federal prendeu o condenado.

Lourenço Ribeiro autorizou a progressão de regime, do fechado ao semiaberto, para o mecânico Antônio Cláudio Alves Ferreira - condenado pelo STF a 17 anos de reclusão por destruir um relógio raro presenteado pela Corte Francesa a Dom João VI.

De acordo com Moraes, o magistrado não poderia ter tomado a decisão de liberar o golpista. "O juiz de direito Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro proferiu decisão fora do âmbito de sua competência, não havendo qualquer decisão desta Suprema Corte que tenha lhe atribuído a competência para qualquer medida a não ser a mera emissão do atestado de pena", enfatizou.

O ministro destacou, também, que Lourenço Ribeiro não seguiu requisitos previstos em lei para a concessão da progressão de regime. Também argumentou que o condenado cumpriu apenas 16% da pena. O ministro ressaltou que Antônio Ferreira foi sentenciado por crimes praticados com violência e grave ameaça, o que exige o cumprimento mínimo de 25% em regime fechado.

"Como se vê, além da soltura ter ocorrido em contrariedade à expressa previsão legal, foi efetivada a partir de decisão proferida por juiz incompetente em relação ao qual - repita-se - não foi delegada qualquer competência", escreveu Moraes. Nos bastidores, a postura de Lourenço Ribeiro é vista como uma provocação à Suprema Corte, com possível motivação política.

Ao conceder a progressão, o juiz de Minas Gerais argumentou que o bolsonarista teria direito porque "cumpriu a fração necessária de pena imposta no regime semiaberto, conforme se extrai do cálculo de liquidação de penas". Também alegou "boa conduta" do extremista.

O condenado deixou o Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia, na terça-feira, cerca de um ano e meio depois de ter sido detido. Ele foi liberado sem as medidas cautelares necessárias. O Tribunal de Justiça do estado afirmou que não havia tornozeleira eletrônica e, por isso, o mecânico saiu da prisão sem o equipamento de monitoramento. No entanto, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) negou a falta de tornozeleiras e afirmou que cerca de 4 mil estão disponíveis.

Ao liberar o golpista, Lourenço Ribeiro ordenou que o mecânico não saísse de Uberlândia, comparecesse ao presídio sempre que solicitado e mantivesse atualizado no sistema penitenciário estadual os dados de contato.

Corregedoria

Também nesta sexta-feira, a Corregedoria-Geral do TJ-MG instaurou procedimento para apurar o caso, apesar de não citar diretamente Lourenço Ribeiro. "Na oportunidade, o TJ-MG reafirma o seu compromisso com a legalidade, os princípios do Estado Democrático de Direito e o irrestrito respeito às ordens judiciais emanadas dos tribunais superiores", completa o comunicado.

O presidente da Associação Nacional da Advocacia Criminal (Anacrim), Eduardo Araújo, destacou que os processos que envolvem o 8 de janeiro devem ficar sob responsabilidade da Suprema Corte. "É o regimento interno do STF que regula essa matéria. A execução penal nesses casos também é de competência do tribunal", disse.

Para o criminalista, não há abuso de autoridade na decisão de Moraes, e todas as condutas devem ser apuradas. "Não se está cravando a responsabilidade do magistrado ainda, mas é um caso que levanta suspeitas e que precisa, pelo menos, ser investigado, como foi determinado", completou Araújo.

O professor de processo penal João Pedro Mello partilhou do mesmo entendimento. "Se o ministro, em sua independência, viu indício de crime, está no âmbito de suas atribuições, de seus poderes-deveres, recomendar a investigação. Poderia, no entanto, ter-se fundamentado de forma mais analítica. Não está claro sequer qual é a hipótese criminosa em face do juiz, em qual tipo penal, em tese, sua conduta se enquadraria", ressaltou.

Mello frisou que o juízo natural para os procedimentos decorrentes dos casos do 8 de janeiro é o Supremo Tribunal Federal porque há a possibilidade de envolvimento de autoridades com prerrogativa de foro. "Não é uma questão sem controvérsias. Historicamente, a atração por conexão da competência para julgar pessoas que não são autoridades públicas produz debates sempre que há casos de grande repercussão. Nesse caso, o STF decidiu por maioria por sua própria competência", explicou.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Preço do café disparou e dobrou desde janeiro de 2021


Preço do café disparou 98,4% desde janeiro de 2021
Saca de 60 quilos de café foi vendida pelo preço médio de R$ 2.382,57 em maio. A cotação foi verificada em uma das maiores cooperativas de café do Brasil, a Cooxupé, em Guaxupé, Minas Gerais. No mesmo mês do ano passado, ela era comercializada por R$ 1.186,17. Ou seja, mais do que dobrou em 12 meses. Em maio de 2021, o preço era R$ 811,06.

De repente, um café expresso em qualquer padaria pode custar R$ 10 ou mais. Diante do que parece um despropósito, você começa a diminuir o número de xícaras por dia e surge a dúvida: quando o preço do café vai cair? Se voltar, será em 2026 e não deve ser no mesmo patamar de antes, dizem especialistas do setor.

O que aconteceu

Grão do café torrado e moído saltou 98,4% em um ano e meio. Os números do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) correspondem à variação acumulada desde janeiro do ano passado, período marcado por 17 altas consecutivas. Somente em maio, o aumento dos preços nas gôndolas foi de 4,6%.

Inflação refletiu na redução do consumo. Diante da alta dos preços, as compras de café caíram 16% em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). Nos primeiros quatro meses deste ano, a retração alcançou 5%.

Oferta menor do grão deu origem à alta dos preços. 

Segundo a diretora-executiva da OIC (Organização Internacional do Café), Vanusia Nogueira, o preço elevado do grão em 2025 é sustentado por uma "tempestade perfeita". Entre os problemas citados aparecem as mudanças no clima das principais regiões produtoras e as incertezas no cenário geopolítico, que contribuem para a variação de preços em diversos países.

Soma-se a isso o avanço em mercados internacionais. Segundo a OIC, o consumo na China passou de 231 mil sacas de 60 kg em 2002 para 2,8 milhões em 2022. "Irregularidades climáticas em regiões produtoras-chave, como secas prolongadas ou chuvas intensas no período de florada, limitaram a oferta. Do lado logístico, apesar de algumas melhorias, ainda enfrentamos atrasos no transporte e custos elevados de frete", afirma Nogueira.

No aspecto de mercado, o aumento dos custos de produção e a incerteza econômica global também têm contribuído para manter os preços em alta.

Vanusia Nogueira, diretora-executiva da OIC


Preço vai cair?

A perspectiva de uma queda consistente de preços do café permanece incerta. De acordo com Nogueira, "correções pontuais são possíveis nos próximos meses, mas um retorno aos níveis historicamente normais pode não acontecer antes de 2026 — se acontecer".

As expectativas de redução dos preços estão ligadas aos resultados das próximas safras. Os focos para a redução dos preços envolvem, principalmente, as colheitas no Brasil e no Vietnã, os dois maiores produtores de café do mundo. "Se o clima colaborar e as condições logísticas continuarem melhorando, podemos ver uma redução gradual", diz Nogueira.

Alívio no bolso pode começar a ser sentido já no segundo semestre. 

Se as floradas de setembro e outubro forem favoráveis e as colheitas de 2026 se confirmarem boas, o mercado pode ver um alívio temporário nos preços. Ainda assim, a diretora da OIC avalia que a queda pode ser apenas parcial, já que os custos estruturais devem permanecer elevados.

A pergunta "quando o café vai voltar ao preço normal?" talvez esteja mal formulada. Para especialistas e produtores, o que estamos vendo é uma nova realidade de toda a cadeia de produção. À rotina dos cafeicultores se incorporaram rapidamente algumas exigências do mercado, como rastreabilidade, certificações, métodos sustentáveis e a adaptação às mudanças climáticas. Tudo isso somado encarece a produção.


O conceito de preço normal precisa ser atualizado. O novo normal do café deve incorporar esses fatores estruturais e refletir o verdadeiro valor da cadeia. 

Vanusia Nogueira, diretora-executiva da OIC


Saca de 60 quilos de café foi vendida pelo preço médio de R$ 2.382,57 em maio. A cotação foi verificada em uma das maiores cooperativas de café do Brasil, a Cooxupé, em Guaxupé, Minas Gerais. No mesmo mês do ano passado, ela era comercializada por R$ 1.186,17. Ou seja, mais do que dobrou em 12 meses. Em maio de 2021, o preço era R$ 811,06.

Produtores e comerciantes sentem os efeitos negativos. Em Franca (SP), Bruna Malta, produtora rural e dona da cafeteria Olinto, ao lado do marido, José Tadeu Oliveira, resumem a sensação adversa. "Seria ótimo aproveitar esses preços altos, mas não há café para vender. Quem conseguiu colher e estocar está se dando bem. A maioria não teve essa sorte", afirma ela.


Custos de produção já estavam altos antes da disparada dos preços. Malta atribui a situação ao preço dos fertilizantes. "Hoje conseguimos alguma margem porque o custo se manteve e o preço subiu", revela. Ela, no entanto, se mantém cautelosa. "Tudo depende da florada. Se o clima ajudar agora e em 2026, os preços podem começar a recuar. Até lá, ainda vamos sentir no bolso."


Na ponta da cadeia, quem vende o café pronto também enfrenta desafios. José Tadeu conta que teve que repassar aumentos aos clientes. "No varejo, subimos mais de 20%. No atacado, entre 10% e 15%. Perdemos alguns clientes por conta disso", afirma. Mesmo com a valorização do grão, ele lamenta que o lucro não é garantido.


A maioria dos produtores está usando esse momento para pagar dívidas, acertar contas com bancos. Aqui, decidimos focar em investimentos planejados anteriormente como melhorias na irrigação e torrefação.

Bruna Malta, produtora rural e dona de cafeteria


A alta do preço do café pode ser uma boa notícia para quem tem estoque. Por outro lado, a valorização da matéria-prima co cotação internacional também impõe aos produtores a preocupação com a segurança. Casos de roubos de carga e de invasão de propriedades passaram a ocorrer com mais frequência, principalmente no sul de Minas Gerais. "Existe um medo latente, mas fizemos um investimento pesado em câmeras, monitoramento e vigia", diz Malta.


Tem um pessoal que vigia a lavoura 24 horas por dia. Tudo isso está sendo feito este ano para a gente evitar grandes dores de cabeça, mas foi um investimento bem alto.

Bruna Malta, produtora rural e dona de cafeteria


Preço do café dobrou desde 2021 e perspectiva de queda fica apenas para 2026

Emilio Sant'Anna

16/06/2025 05h30