sábado, 30 de novembro de 2024

Turismo de 'agora ou nunca': ameaçado, Cerrado é destino dos sonhos em 2025

Turismo de 'agora ou nunca': ameaçado, Cerrado é destino dos sonhos em 2025

Lobo-guará Larápio no Parque Nacional da Serra da Canastra Imagem: Marielle van Uitert

Mesmo sob risco de desaparecer com as crescentes queimadas na região, o Cerrado brasileiro é um dos 25 melhores destinos do mundo para explorar em 2025, apostou a revista National Geographic.

A publicação, que elege todo fim de ano sua lista de apostas para o turismo dos 12 meses seguintes, destacou a região em uma lista diversa, que inclui viagens em trens de luxo pela Malásia, escalada de um vulcão ativo na Guatemala, entre outras.

Vegetação do Cerrado
Imagem: Getty Images/iStockphoto

A National Geographic considerou o Cerrado um "bioma próspero", apesar das tragédias ambientais dos últimos anos, e acredita que este é o melhor momento para ver de perto pássaros raros e lobos-guarás, espécies endêmicas da região e que dificilmente o visitante verá em outro lugar.

Por quê? Pois pode ser agora ou nunca, caso a destruição não seja contida

Serra da Canastra, Cerrado mineiro
Imagem: Roberto Moreno/Monono

"O vasto Cerrado sustenta 850 espécies de pássaros e 12 mil espécies de plantas, mas perdeu mais de 100 mil quilômetros quadrados na última década", destacou a revista.

O Cerrado é um local tão subestimado, mas tão incrível, e está desaparecendo diante dos nossos olhos como resultado da agricultura industrial e da criação de gado de larga escala, denunciou a fotógrafa da revista, Katie Orlinsky



Ipê amarelo é uma árvore típica do Cerrado brasileiro
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Segundo o Monitor do Fogo, do projeto colaborativo MapBiomas, o Cerrado teve 8,4 milhões de hectares consumidos pelo fogo entre janeiro e setembro de 2024, um aumento de 117% em relação ao mesmo período de 2023.

Mais da metade da área queimada nos nove meses foi consumida no mês de setembro: 4,3 milhões de hectares, o maior número em cinco anos e 64% a mais do que a média histórica para o período. 83% das áreas queimadas eram de vegetação nativa.

Anta em meio a um milharal colhido no norte do Mato Grosso, em uma área de transição entre o Cerrado e a Amazônia
Imagem: Victor Sanches/Incab/IPÊ

O que fazer por lá?
A National Geographic recomenda apoiar projetos que apoiam a conservação da região durante sua estadia e destacaram a Pousada Trijunção, um conjunto amplo de apenas sete suítes na divisa dos estados de Minas, Bahia e Goiás

Os 25 melhores destinos do mundo para 2025, segundo a National Geographic

Antigua, Guatemala

Floresta Nacional de Ocala, EUA

Bangcoc, Tailândia

Raja Ampat, Indonésia

Guadalajara, México

Mosteiros Cenobitas, Itália

Los Angeles, EUA

Groenlândia, Dinamarca

Kanazawa, Japão

Eastern & Oriental Express, Malásia

Brasov, Romênia

Cerrado, Brasil

Northland, Nova Zelândia

Senegal

Haida Gwaii, Canadá

Barbados

Vale de Suru, Índia

Boise, EUA

Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos

Murray River, Austrália

Kwazulu-Natal, África do Sul

Arquipélago de Estocolmo, Suécia

Cork, Irlanda

Hébridas Exteriores, Escócia

Tunísia

Para conferir na lista as imagens de cada destino, recomendações do que fazer e mais, é só acessar o site do Best of the World 2025, da National Geographic.

https://www.instagram.com/pousadatrijuncao/?utm_source=ig_embed&ig_rid=bf0f5b93-80ce-49cc-974a-ffe7518614cc

A pousada possui parceria com a organização Onçafari, que monitora as populações de lobo-guará da região e leva turistas para safáris sustentáveis.

https://www.instagram.com/p/DC91NZsPUGN/?img_index=1

A ÁRVORE DE NATAL DA CASA DE DONA PAULA CLUBE DO LULA LIVRO REDE COMUNITÁRIA DE COMUNICAÇÃO

quarta-feira, 27 de novembro de 2024


 


 

“Não se pode afrontar o Estado Democrático de Direito”, diz Cármen Lúcia

 

“Não se pode afrontar o Estado Democrático de Direito”, diz Cármen Lúcia

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia disse nesta quarta-feira (27) que a Constituição Federal é lei e, quem não a cumpre, responde por isso na Justiça. “Não se pode afrontar o Estado Democrático de Direito”, afirmou. A magistrada discursou nesta manhã em um congresso com o tema “Estados, Políticas Públicas e Desenvolvimento”, do Centro Latino-Americano de Administração para o Desenvolvimento (CLAD), em Brasília. Cármen afirmou ainda que a sociedade atual está “adoecida” pelo ódio e pela desinformação e criticou aqueles que dizem que o STF age com “ativismo”. “Estamos apenas cumprindo a Constituição”, disse. A ministra relembrou a criação da Constituição Federal em 1988, marcando o fim completo da Ditadura Militar. Disse que o texto foi muito esperado e que reflete a garantia da cidadania do povo brasileiro. As declarações de Cármen acontecem um dia após o ministro do STF Alexandre de Moraes retirar o sigilo do relatório da Polícia Federal (PF) que investigava tentativa de golpe de Estado e de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Solva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do próprio Moraes. A ministra não citou o caso durante a declaração. O relatório da PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os ex-ministros Walter Braga Netto e Augusto Heleno sob acusações de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Outras 34 pessoas também foram indiciadas. Segundo a PF, Bolsonaro planejou, atuou e teve domínio de todos os atos para um golpe de Estado após o resultado das eleições de 2022. O caso é agora analisado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que pode apresentar denúncia aos indiciados. https://stories.cnnbrasil.com.br/politica/bolsonaro-e-indiciado-pela-terceira-vez-saiba-os-inqueritos-da-pf/

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Lembranças JK

  

Câmara é História

JK: a cassação, o exílio e a morte (09' 51")

13/08/2006 - 00h00

  • JK: a cassação, o exílio e a morte (09' 51")

    Audio Player
    00:00
    00:00

Não deixem o Juscelino falar, diziam seus opositores. Seus inimigos sabiam que o ex-presidente da República entusiasmava o povo com sua personalidade cativante e seus discursos em favor do desenvolvimento do país.

Sabedores de seu poder pessoal, os inimigos de JK foram implacáveis. Após dois meses do golpe de força que levou à queda do presidente João Goulart, o governo militar cassou os direitos políticos do ex-presidente mineiro.

Juscelino foi cassado pela força política que representava no cenário nacional e, portanto, pela ameaça aos donos do poder.

Ele tinha saído consagrado de seu governo junto ao eleitorado popular. Meses depois de deixar o governo, foi eleito senador por Goiás, com mais de 90 por cento dos votos.

Para as eleições presidenciais que estavam previstas para 1965, JK era apontado pelas pesquisas como o mais forte candidato na opinião popular. O que atrapalhava o desejo das Forças Armadas de criar e eleger um candidato que se amoldasse às diretrizes do golpe militar.

No Golpe de 64, Juscelino tinha feito um acordo político com os militares. Se comprometeu em apoiar o general Castello Branco até este terminar o mandato do presidente deposto João Goulart. JK esperava voltar ao poder nas eleições seguintes.

Mas o compromisso político não evitou que no dia 8 de junho de 1964, os direitos políticos de Juscelino fossem cassados por Castelo Branco e as eleições diretas de 65 fossem canceladas.

Aos 62 anos de idade, ao tomar conhecimento de que seria cassado, o predestinado senador pelo PSD discursou no Senado cinco dias antes do ato que o afastou definitivamente da vida política brasileira.

"Senhor presidente, na previsão de que se confirme a cassação dos meus direitos políticos, que implicaria na cassação de meu direito de cidadão, julgo ser meu dever dirigir algumas palavras à Nação Brasileira. Faço agora para que se o ato de violência vier a consumar-se, não me veja eu privado do dever de denunciar o atentado que na minha pessoa vão sofrer as instituições livres. Este ato é um ato de usurpação, e não um ato de punição. Será um ato de traição às promessas da revolução que ofereciam a oportunidade a todos os brasileiros de colaborarem na obra comum de reconstrução do país. Muito mais do que a mim, cassam os direitos políticos do Brasil"

No mesmo discurso, Juscelino prevê que o governo militar endureceria o regime nos anos seguintes, com sérias conseqüências para o povo brasileiro.

"Neste momento, com ou sem direitos políticos, prosseguirei na luta em favor do Brasil. Sei que nessa terra brasileira as tiranias não duram. Que somos uma nação humana penetrada pelo espírito de justiça. Homem do povo, levado ao poder sempre pela vontade do povo. Adianto-me apenas ao sofrimento que o povo vai enfrentar nessas horas de trevas que já estão caindo sobre nós. Mas dela saíremos para a ressurreição de um novo dia. Dia em que se restabelecerão a justiça e o respeito à pessoa humana. O ato das forças tirânicas que ameaçam apossar-se da revolução, de banir-me da vida pública, terá consequências que dificilmente poderão ser previstas"

JK viveria por alguns anos no exílio entre Paris, Lisboa e Nova York. Mas a saudade da terra natal angustiava o ex-presidente, ressaltou o deputado Tancredo Neves, em discurso na Câmara dos Deputados, na sessão solene do dia 24 de setembro de 1976, em memória do ex-presidente.

"Os interrogatórios inquisitoriais não demoliram o seu ânimo. As ameaças do terror não o abalaram, mas do exílio ele se entibiou. No exílio, ele sofreu. A saudade da pátria distante. O pavor de que não pudesse mais revê-la o angustiava e penetrava no seu coração com a agonia. De Nova Iorque ele escreve para um amigo palavras de dor e sofrimento. O dia de Natal amanheceu triste. Sentia uma solidão mortal."

Para Tancredo, grandes personagens da história como Cícero, Napoleão, Vitor Hugo e Rui Barbosa também pagaram o preço da glória com o exílio.

"O exílio é o preço que os grandes homens pagam para conseguir um lugar no coração do povo. Eles são supliciados, antes de serem glorificados. Mas o exílio realmente glorifica. Não há grande homem que não o tenha conhecido."

Juscelino volta ao Brasil em abril de 1967. É vigiado e proibido de atuar na política.

Em 1968, JK apóia a Frente Ampla, movimento que em busca da restauração da democracia no país reuniu um inusitado conjunto de políticos de tendências opostas como João Goulart e Carlos Lacerda. Mas o movimento foi proibido pela censura política militar.

Em 1975, Juscelino sofreu sua única derrota eleitoral, por uma cadeira como imortal na Academia Brasileira de Letras, que perdeu para o escritor goiano, Bernardo Ellis.

Angustiado pela mordaça que o obrigava a se calar, Juscelino Kubitschek, agora apenas um velho fazendeiro, morre a 22 de agosto de 1976 em um acidente automobilístico na Via Dutra, próximo à cidade de Rezende, no Rio de Janeiro.

O acidente nunca foi bem aceito pela opinião pública que até hoje levanta a suspeita de uma possível sabotagem, já que semanas antes do acidente, havia se espalhado pela mídia um boato sobre a morte de JK em condições semelhantes ao que aconteceu a seguir.

O sepultamento do político mineiro em Brasília uniu milhares de pessoas que lotaram a via W3.

O calor da emoção nas ruas de Brasília, na maior manifestação que a cidade teve até aquele momento, também foi lembrado pelo deputado Tancredo Neves em discurso.

"Na tarde e noite do último 23 de agosto, contemplamos uma multidão imensa que se agitava no coração desta capital e se colocava por extenso ao longo das ruas e avenidas aguardando horas a fio respeitosamente o instante de prestar sua última homenagem ao presidente, ao servidor do povo, ao amigo de todos, que horas antes a morte nos arrebatara tragicamente"

Neste ano de 2006, portanto, Juscelino Kubitschek é lembrado duplamente. Pelos 50 anos de sua posse como presidente da República e pelos 30 anos de sua morte.

Este programa Câmara é História teve como trilha sonora a música "Peixe Vivo", por Lui Coimbra, no início, e por Milton Nascimento, no final.

Consultoria musical de Marcos Brochado
Trabalhos técnicos de Milton Santos
Produção, texto e apresentação: Eduardo Tramarim
Coordenação de Jornalismo: Aprigio Nogueira.

O Câmara é História é uma produção da Rádio Câmara retransmitida por centenas de emissoras em todo o país. O programa resgata discursos e momentos relevantes do Parlamento e da política brasileira, situando-os no contexto histórico da época em que foram proferidos.

O programa pode ser baixado e reproduzido gratuitamente por qualquer emissora do país.

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Assinatura da Mensagem de Anápolis por Juscelino Kubitschek POR QUE CONSTRUÍ BRASÍLIA Pags 8 -10

 Assinatura da Mensagem de Anápolis por Juscelino Kubitschek   

...

             Antes, porém da remessa da mensagem ao Congresso, julguei que deveria tomar algumas providências - estas de natureza política. Naquele momento, a Oposição tudo vinha fazendo para impedir a aprovação de uma lei sobre o Imposto de Consumo, que era de grande interesse para o Governo. O mesmo iria acontecer certamente em relação ao anteprojeto de lei referente à mudança da Capital. A solução seria transferir o patrocínio da iniciativa para o Governo de Goiás - o Estado mais estreitamente vinculado ao problema. Falei, a respeito, com o Governador José Ludovico, que aceitou, com entusiasmo, a sugestão. Não só atuaria junto aos representantes do Estado - inclusive aos udenistas - no sentido de se criar um ambiente favorável à idéia, mas, também, promoveria a realização de uma cerimônia em Goiânia, que acentuaria ainda mais o caráter regionalista da iniciativa. Tratava-se de um "ato público" a ter lugar na principal praça da Capital do Estado, durante o qual eu assinaria, na presença do povo, a mensagem que seria enviada ao Congresso. Tudo combinado, anunciei a data da cerimônia: 18 de abril de 1956.

             Na época, o único avião de que dispunha a Presidência era um DC-3 - aparelho ronceiro que levava dois dias do Rio a Belém do Pará. Daí o apelido que lhe era dado: "carroça aérea". Era nesse avião que eu iria fazer a viagem até Goiânia, deixando o Rio pouco antes da meia-noite. O Brigadeiro Fleiuss, Ministro da Aeronáutica, considerou uma temeridade o vôo noturno. Iríamos sobrevoar justamente a região mais deserta e sem recursos do interior do Brasil. Além disso faríamos o percurso em plena escuridão. Se houvesse uma pane, estaríamos perdidos.

Habituado aos azares das viagens aéreas, não levei em consideração as ponderações do Ministro da Aeronáutica. Deixamos o Rio às 11 horas da noite, com um céu sem estrelas e prenúncios de tempestade. A viagem transcorreu normalmente até às 3 da madrugada, quando sem qualquer pressão, o avião perdeu a rota e se deixou levar, sem rumo. Voávamos às cegas, pra em círculos, ora em linha reta, na expectativa de um desastre iminente. Quanto amanheceu, vimos uma localidade que o piloto reconheceu ser a cidade de Morrinhos, não muito distante da Capital do Estado. Tomando-se como ponto de referência, orientou o avião na direção que desejávamos.

             Sobrevoamos Goiânia ainda muito cedo e, mesmo assim, pudemos constatar qua cidade estava engalanada com milhares de pessoas nas Ruas. Preparamo-nos, então, para a descida, quando ocorreu um fenômeno curioso, O avião já havia sido colocado na posição adequada, e eis que uma nuvem densa e branca, como imenso floco de algodão, estacionou exatamente em cima da pista, impedindo a aterrissagem. O mais surpreendente era que a nuvem ocultava apenas a pista, como se tivesse o propósito de evitar o pouso. Sobrevoando o local, podíamos ver, com absoluta nitidez, a multidão que superlotação as imediações do aeroporto.

             Após várias tentativas de aterrissagem e todas fracassadas, decidimos seguir para Anápolis, distante meia hora de vôo. Ali o avião pousou sem novidade.

              Encontramos o aeroporto deserto. Não havia vivalma nem no campo de pouso nem no edifício da administração. Deixando o aparelho, atravessarmos o edifício da administração. E entramos num pequeno café, que acabara de abrir suas portas. Sentamo-nos a um canto e pedimos "média com pão e manteiga". Surgiram, pouco depois, quatro ou cinco pessoas, atraídas certamente pelo ruído dos motores. Olharam- nos com surpresa e foram em busca do prefeito e do chefe politico do município. Quando estes chegaram, expliquei-lhes o motivo da inesperada visita e esclareci que, não podendo perder tempo - pois estava de viagem marcada para Manaus, onde me aguardava o Coronel Janari Nunes, então presidente da Petrobrás, a fim de visitarmos, juntos, o poço pioneiro de Nova Olinda -, havia resolvido realizar ali a cerimônia de assinatura da mensagem a ser enviada ao Congresso.

             Assim, o "ato público", que deveria ter tido lugar na principal praça pública de Goiânia e na presença de milhares de pessoas, acabou sendo realizado no interior de um botequim, ao lado do aeroporto de Anápolis, e assistido apenas por meia dúzia de curiosos. Assinei ali a mensagem e solicitei que se redigisse uma ata, a ser subscrito por todos os presentes, consignando, no seu texto, tudo quanto acontecera naquela manhã. A mensagem e a ata tiveram a mesma data: 18 de abril de 1956.


Juscelino Kubitschek 1902-1976

POR QUE CONSTRUÍ BRASÍLIA 

Pags 8 -10


Por que construí Brasília/Juscelino Kubitschek.  - 

Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2000.

XVI+477 p. - (Coleção Brasil 500 anos)

1. Brasília (DF), história. 2. Capital (Cidade), Brasil.

I. Título. II. Série


CDD 981.74