domingo, 30 de outubro de 2022

LULA VITORIOSO: “Somos um único país, um único povo, uma grande nação”

 

  

Lula: “Somos um único país, um único povo, uma grande nação” 

Após ser eleito presidente do Brasil, Lula prega a união e promete um governo comprometido em construir a real democracia. Assista e leia a íntegra do discurso

Ricardo Stuckert

Lula, Alckmin e Dilma, após discurso da vitória: "juntos seremos capazes de consertar este país, e construir um Brasil do tamanho dos nossos sonhos" (foto: Ricardo Stuckert)

“A partir de 1º de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiros”, afirmou Lula, em São Paulo, em seu primeiro discurso após ser eleito presidente do Brasil, neste domingo (30), com mais de 60 milhões de votos (assista e leia a íntegra abaixo). 

“Somos um único país, um único povo, uma grande nação”, completou Lula, que pregou a união dos brasileiros. “É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos. (…) Este país precisa de paz e de união.”

Antes de ler o discurso preparado para este “30 de outubro histórico”, Lula agradeceu a Deus e “a cada companheiro e cada companheira que tiveram um papel importante na campanha, sobretudo as pessoas que vieram no segundo turno”.

Em seguida, tendo ao seu lado lideranças políticas que representam a grande frente democrática que se uniu em torno da chapa Lula-Alckmin, o agora presidente eleito iniciou a leitura, em um salão abarrotado de jornalistas de todos os cantos do mundo.

Logo no início, afirmou que as eleições têm “um único e grande vencedor: o povo brasileiro”. “Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora.”

E Lula explicou o que considera ser a democracia real. Democracia, disse, é mais do que o direito de protestar contra a fome, o desemprego, o salário insuficiente. Democracia é o povo viver bem, comer bem, morar bem.

“É assim que eu entendo a democracia. Não apenas como uma palavra bonita inscrita na Lei, mas como algo palpável, que sentimos na pele, e que podemos construir no dia-dia. E é essa democracia que nós vamos buscar construir a cada dia do nosso governo”, prometeu.

Por isso, o combate à fome será, mais uma vez, a prioridade de seu novo governo. Assim como a geração de empregos, a valorização do salário mínimo, a retomada do Minha Casa Minha Vida, o apoio aos pequenos e microempresários. E também o respeito ao meio ambiente e a busca da reindustrialização aliada ao desenvolvimento sustentável, bem como a valorização da saúde, da educação, da ciência e da cultura.

E concluiu dizendo que precisará da ajuda de toda a sociedade para alcançar esses objetivos. “Volto a dizer aquilo que disse durante toda a campanha. Aquilo que nunca foi uma simples promessa de candidato, mas sim uma profissão de fé, um compromisso de vida: O Brasil tem jeito. Todos juntos seremos capazes de consertar este país e construir um Brasil do tamanho dos nossos sonhos – com oportunidades para transformá-los em realidade.” 

Leia a íntegra do discurso de Lula:

Meus amigos e minhas amigas.

Chegamos ao final de uma das mais importantes eleições da nossa história. Uma eleição que colocou frente a frente dois projetos opostos de país, e que hoje tem um único e grande vencedor: o povo brasileiro.

Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora.

Neste 30 de outubro histórico, a maioria do povo brasileiro deixou bem claro que deseja mais – e não menos democracia.

Deseja mais – e não menos inclusão social e oportunidades para todos. Deseja mais – e não menos respeito e entendimento entre os brasileiros. Em suma, deseja mais – e não menos liberdade, igualdade e fraternidade em nosso país.

O povo brasileiro mostrou hoje que deseja mais do que exercer o direito sagrado de escolher quem vai governar a sua vida. Ele quer participar ativamente das decisões do governo.

O povo brasileiro mostrou hoje que deseja mais do que o direito de apenas protestar que está com fome, que não há emprego, que o seu salário é insuficiente para viver com dignidade, que não tem acesso a saúde e educação, que lhe falta um teto para viver e criar seus filhos em segurança, que não há nenhuma perspectiva de futuro.

O povo brasileiro quer viver bem, comer bem, morar bem. Quer um bom emprego, um salário reajustado sempre acima da inflação, quer ter saúde e educação públicas de qualidade.

Quer liberdade religiosa. Quer livros em vez de armas. Quer ir ao teatro, ver cinema, ter acesso a todos os bens culturais, porque a cultura alimenta nossa alma.

O povo brasileiro quer ter de volta a esperança.

É assim que eu entendo a democracia. Não apenas como uma palavra bonita inscrita na Lei, mas como algo palpável, que sentimos na pele, e que podemos construir no dia-dia.

Foi essa democracia, no sentido mais amplo do termo, que o povo brasileiro escolheu hoje nas urnas. Foi com essa democracia – real, concreta – que nós assumimos o compromisso ao longo de toda a nossa campanha.

E é essa democracia que nós vamos buscar construir a cada dia do nosso governo. Com crescimento econômico repartido entre toda a população, porque é assim que a economia deve funcionar – como instrumento para melhorar a vida de todos, e não para perpetuar desigualdades.

A roda da economia vai voltar a girar, com geração de empregos, valorização dos salários e renegociação das dívidas das famílias que perderam seu poder de compra.

A roda da economia vai voltar a girar com os pobres fazendo parte do orçamento. Com apoio aos pequenos e médios produtores rurais, responsáveis por 70% dos alimentos que chegam às nossas mesas.

Com todos os incentivos possíveis aos micros e pequenos empreendedores, para que eles possam colocar seu extraordinário potencial criativo a serviço do desenvolvimento do país.

É preciso ir além. Fortalecer as políticas de combate à violência contra as mulheres, e garantir que elas ganhem o mesmo salários que os homens no exercício de igual função.

Enfrentar sem tréguas o racismo, o preconceito e a discriminação, para que brancos, negros e indígenas tenham os mesmos direitos e oportunidades.

Só assim seremos capazes de construir um país de todos. Um Brasil igualitário, cuja prioridade sejam as pessoas que mais precisam.

Um Brasil com paz, democracia e oportunidades.

Minhas amigas e meus amigos.

A partir de 1º de janeiro de 2023 vou governar para 215 milhões de brasileiros, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somo um único país, um único povo, uma grande nação.

Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio.

A ninguém interessa viver num país dividido, em permanente estado de guerra.

Este país precisa de paz e de união. Esse povo não quer mais brigar. Esse povo está cansado de enxergar no outro um inimigo a ser temido ou destruído.

É hora de baixar as armas, que jamais deveriam ter sido empunhadas. Armas matam. E nós escolhemos a vida.

O desafio é imenso. É preciso reconstruir este país em todas as suas dimensões. Na política, na economia, na gestão pública, na harmonia institucional, nas relações internacionais e, sobretudo, no cuidado com os mais necessitados.

É preciso reconstruir a própria alma deste país. Recuperar a generosidade, a solidariedade, o respeito às diferenças e o amor ao próximo.

Trazer de volta a alegria de sermos brasileiros, e o orgulho que sempre tivemos do verde-amarelo e da bandeira do nosso país. Esse verde-amarelo e essa bandeira que não pertencem a ninguém, a não ser ao povo brasileiro.

Nosso compromisso mais urgente é acabar outra vez com a fome. Não podemos aceitar como normal que milhões de homens, mulheres e crianças neste país não tenham o que comer, ou que consumam menos calorias e proteínas do que o necessário.

Se somos o terceiro maior produtor mundial de alimentos e o primeiro de proteína animal, se temos tecnologia e uma imensidão de terras agricultáveis, se somos capazes de exportar para o mundo inteiro, temos o dever de garantir que todo brasileiro possa tomar café da manhã, almoçar e jantar todos os dias.

Este será, novamente, o compromisso número 1 do nosso governo.

Não podemos aceitar como normal que famílias inteiras sejam obrigadas a dormir nas ruas, expostas ao frio, à chuva e à violência.

Por isso, vamos retomar o Minha Casa Minha Vida, com prioridade para as famílias de baixa renda, e trazer de volta os programas de inclusão que tiraram 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza.

O Brasil não pode mais conviver com esse imenso fosso sem fundo, esse muro de concreto e desigualdade que separa o Brasil em partes desiguais que não se reconhecem. Este país precisa se reconhecer. Precisa se reencontrar consigo mesmo.

Para além de combater a extrema pobreza e a fome, vamos restabelecer o diálogo neste país.

É preciso retomar o diálogo com o Legislativo e Judiciário. Sem tentativas de exorbitar, intervir, controlar, cooptar, mas buscando reconstruir a convivência harmoniosa e republicana entre os três poderes.

A normalidade democrática está consagrada na Constituição. É ela que estabelece os direitos e obrigações de cada poder, de cada instituição, das Forças Armadas e de cada um de nós.

A Constituição rege a nossa existência coletiva, e ninguém, absolutamente ninguém, está acima dela, ninguém tem o direito de ignorá-la ou de afrontá-la.

Também é mais do que urgente retomar o diálogo entre o povo e o governo.

Por isso vamos trazer de volta as conferências nacionais. Para que os interessados elejam suas prioridades, e apresentem ao governo sugestões de políticas públicas para cada área: educação, saúde, segurança, direitos da mulher, igualdade racial, juventude, habitação e tantas outras.

Vamos retomar o diálogo com os governadores e os prefeitos, para definirmos juntos as obras prioritárias para cada população.

Não interessa o partido ao qual pertençam o governador e o prefeito. Nosso compromisso será sempre com melhoria de vida da população de cada estado, de cada município deste país.

Vamos também reestabelecer o diálogo entre governo, empresários, trabalhadores e sociedade civil organizada, com a volta do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

Ou seja, as grandes decisões políticas que impactem as vidas de 215 milhões de brasileiros não serão tomadas em sigilo, na calada da noite, mas após um amplo diálogo com a sociedade.

Acredito que os principais problemas do Brasil, do mundo, do ser humano, possam ser resolvidos com diálogo, e não com força bruta.

Que ninguém duvide da força da palavra, quando se trata de buscar o entendimento e o bem comum.

Meus amigos e minhas amigas.

Nas minhas viagens internacionais, e nos contatos que tenho mantido com líderes de diversos países, o que mais escuto é que o mundo sente saudade do Brasil.

Saudade daquele Brasil soberano, que falava de igual para igual com os países mais ricos e poderosos. E que ao mesmo tempo contribuía para o desenvolvimento dos países mais pobres.

O Brasil que apoiou o desenvolvimento dos países africanos, por meio de cooperação, investimento e transferência de tecnologia.

Que trabalhou pela integração da América do Sul, da América Latina e do Caribe, que fortaleceu o Mercosul, e ajudou a criar o G-20, a UnaSul, a Celac e os BRICS.

Hoje nós estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta. Que o Brasil é grande demais para ser relegado a esse triste papel de pária do mundo.

Vamos reconquistar a credibilidade, a previsibilidade e a estabilidade do país, para que os investidores – nacionais e estrangeiros – retomem a confiança no Brasil. Para que deixem de enxergar nosso país como fonte de lucro imediato e predatório, e passem a ser nossos parceiros na retomada do crescimento econômico com inclusão social e sustentabilidade ambiental.

Queremos um comércio internacional mais justo. Retomar nossas parcerias com os Estados Unidos e a União Europeia em novas bases. Não nos interessam acordos comerciais que condenem nosso país ao eterno papel de exportador de commodities e matéria prima.

Vamos re-industrializar o Brasil, investir na economia verde e digital, apoiar a criatividade dos nossos empresários e empreendedores. Queremos exportar também conhecimento.

Vamos lutar novamente por uma nova governança global, com a inclusão de mais países no Conselho de Segurança da ONU e com o fim do direito a veto, que prejudica o equilíbrio entre as nações.

Estamos prontos para nos engajar outra vez no combate à fome e à desigualdade no mundo, e nos esforços para a promoção da paz entre os povos.

O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas, sobretudo a Floresta Amazônica.

Em nosso governo, fomos capazes de reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia, diminuindo de forma considerável a emissão de gases que provocam o aquecimento global.

Agora, vamos lutar pelo desmatamento zero da Amazônia

O Brasil e o planeta precisam de uma Amazônia viva. Uma árvore em pé vale mais do que toneladas de madeira extraídas ilegalmente por aqueles que pensam apenas no lucro fácil, às custas da deterioração da vida na Terra.

Um rio de águas límpidas vale muito mais do que todo o ouro extraído às custas do mercúrio que mata a fauna e coloca em risco a vida humana.

Quando uma criança indígena morre assassinada pela ganância dos predadores do meio ambiente, uma parte da humanidade morre junto com ela.

Por isso, vamos retomar o monitoramento e a vigilância da Amazônia, e combater toda e qualquer atividade ilegal – seja garimpo, mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida.

Ao mesmo tempo, vamos promover o desenvolvimento sustentável das comunidades que vivem na região amazônica. Vamos provar mais uma vez que é possível gerar riqueza sem destruir o meio ambiente.

Estamos abertos à cooperação internacional para preservar a Amazônia, seja em forma de investimento ou pesquisa científica. Mas sempre sob a liderança do Brasil, sem jamais renunciarmos à nossa soberania.

Temos compromisso com os povos indígenas, com os demais povos da floresta e com a biodiversidade. Queremos a pacificação ambiental.

Não nos interessa uma guerra pelo meio ambiente, mas estamos prontos para defendê-lo de qualquer ameaça.

Meus amigos e minhas amigas.

O novo Brasil que iremos construir a partir de 1º de janeiro não interessa apenas ao povo brasileiro, mas a todas as pessoas que trabalham pela paz, a solidariedade e a fraternidade, em qualquer parte do mundo.

Na última quarta-feira, o Papa Francisco enviou uma importante mensagem ao Brasil, orando para que o povo brasileiro fique livre do ódio, da intolerância e da violência.

Quero dizer que desejamos o mesmo, e vamos trabalhar sem descanso por um Brasil onde o amor prevaleça sobre o ódio, a verdade vença a mentira, e a esperança seja maior que o medo.

Todos os dias da minha vida eu me lembro do maior ensinamento de Jesus Cristo, que é o amor ao próximo. Por isso, acredito que a mais importante virtude de um bom governante será sempre o amor – pelo seu país e pelo seu povo.

No que depender de nós, não faltará amor neste país. Vamos cuidar com muito carinho do Brasil e do povo brasileiro. Viveremos um novo tempo. De paz, de amor e de esperança.

Um tempo em que o povo brasileiro tenha de novo o direito de sonhar. E as oportunidades para realizar aquilo que sonha.

Para isso, convido a cada brasileiro e cada brasileira, independentemente em que candidato votou nessa eleição. Mais do que nunca, vamos juntos pelo Brasil, olhando mais para aquilo que nos une, do que para nossas diferenças.

Sei a magnitude da missão que a história me reservou, e sei que não poderei cumpri-la sozinho. Vou precisar de todos – partidos políticos, trabalhadores, empresários, parlamentares, govenadores, prefeitos, gente de todas as religiões. Brasileiros e brasileiras que sonham com um Brasil mais desenvolvido, mais justo e mais fraterno.

Volto a dizer aquilo que disse durante toda a campanha. Aquilo que nunca foi uma simples promessa de candidato, mas sim uma profissão de fé, um compromisso de vida:

O Brasil tem jeito. Todos juntos seremos capazes de consertar este país, e construir um Brasil do tamanho dos nossos sonhos – com oportunidades para transformá-los em realidade.

Mais uma vez, renovo minha eterna gratidão ao povo brasileiro. Um grande abraço, e que Deus abençoe nossa jornada.

Da Redação

BOM DIA VITÓRIA LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA PRESIDENTE DO BRASIL ELEITO HOJE PRESIDENTE DO BRASIL PARA 2023 - 2026
















 

BOM DIA VITÓRIA LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA PRESIDENTE DO BRASIL ELEITO HOJE PRESIDENTE DO BRASIL PARA 2023 - 2026

sábado, 29 de outubro de 2022

Lula: “Com harmonia, vamos reconstruir o país, gerar empregos e vencer a fome”

 

Lula: “Com harmonia, vamos reconstruir o país, gerar empregos e vencer a fome”

No último debate presidencial, Lula promete pacificar e fazer o país crescer em 2023. Nocauteado, Bolsonaro admite derrota e pede voto para deputado federal, confessando que nunca se sentiu presidente

Em debate histórico, Lula desmontou todas as mentiras de Bolsonaro (Foto: Ricardo Stuckert)

A reconstrução do Brasil terá início neste domingo (30), nas urnas de todo o país, com um processo de pacificação nacional. Assim se dirigiu à Nação o ex-presidente, no último debate presidencial, realizado nesta sexta-feira (29) pela Rede Globo. Lula afirmou que é preciso deixar para trás o tempo de ódio e violência bolsonarista e retomar a construção de um tempo de harmonia, com emprego, prosperidade e o fim da fome e da extrema pobreza.

Durante o debate, Bolsonaro se esquivou de todas perguntas e não explicou porque não governou nos últimos quatro anos. Ao final, nocauteado, o extremista admitiu a derrota e pediu voto para deputado federal, cargo que ocupou por 28 anos com a apresentação de apenas dois projetos no currículo. Ao fim, involuntariamente, Bolsonaro reconheceu que nunca 

“Os melhores momentos que esse país viveu nessas últimas décadas foi no tempo que eu governei esse país”, lembrou Lula, ao se dirigir ao povo brasileiro. “A cultura funcionava, a educação funcionava, o povo trabalhava, o salário aumentava”, destacou o petista. “Durante o meu período de governo, o salário aumentou todo ano acima da inflação, e a gente pode reconstruir esse país, depende única e exclusivamente de você ir votar no domingo”, pediu. “Votar no 13 para gente poder voltar a consertar esse país, fazer o país crescer, gerar emprego, distribuir renda e o povo voltar a comer bem”.

Lula começou o debate colocando Bolsonaro nas cordas ao perguntar porque o extremista de direita nunca aumentou o salário mínimo. “Durante quatro anos, ele governou o país e não deu 1% de aumento real para o salário mínimo”, observou. “Não deu aumento para a merenda escolar, que hoje é de apenas 36 centavos. Essa é a verdade, o povo sabe porque está sentindo na carne, está passando fome e desempregado”, atacou Lula. “A verdade é que o salário mínimo hoje é menor do que quando ele entrou. No meu governo, eu aumentei o salário mínimo em 74%.”

Bolsonaro mentiroso

Lula fez questão de lembrar que Bolsonaro mentiu no exercício do poder por pelo menos 6.489 vezes. “Só no programa de televisão dele ganhamos 6o direitos de resposta por conta das mentiras”, relatou. “A imprensa diz, textualmente, que o presidente é o maior mentiroso da história, fora a campanha”, desmascarou o ex-presidente. No debate, Bolsonaro mentiu o todo o tempo.

Lula desmentiu Bolsonaro sobre acusações de que o Bolsa Família era insuficiente para atender as famílias de baixa renda. “O Bolsa família era apenas um dos programas da política de distribuição de renda que fizemos”, explicou Lula. “Havia condicionalidades de a criança estar na escola, de tomar vacina, as mães fazerem tratamento para o parto, havia programa de compra de alimentos da agricultura familiar, Pnae, cisternas, Luz para Todos, era um conjunto de políticas públicas que fez com que, no meu governo, a economia vivesse um dos melhores períodos da história”, argumentou.

O petista deu o primeiro nocaute em Bolsonaro ao desmascarar o fato de que o Auxílio Brasil não irá continuar no ano de 2023, em caso de vitória do extremista nas eleições. “Bolsonaro não sabe o que é uma cisterna, o que é um cidadão ter luz pela primeira vez em casa e poder comprar uma máquina para fazer suco e ter uma forma de ter renda”.

Brasil empobrecido com Bolsonaro

No segundo bloco, Lula escolheu o tema Combate à Pobreza, e voltou a encurralar Bolsonaro, ao descrever como era a vida dos brasileiros quando foi presidente. “O povo brasileiro tinha dinheiro para comprar comida, para trocar de geladeira, de fogão, de máquina de lavar roupa, tinha dinheiro para viajar para dentro e para fora do Brasil”, contou o ex-presidente.

“Hoje, o Brasil está empobrecido. Hoje, li na Folha de S. Paulo, que existem 24 milhões de pessoas que não têm suficiente para comer em casa”, disse Lula. “Eu gostaria de perguntar ao presidente por que o povo ficou tão miserável depois que ele assumiu a Presidência”. Bolsonaro não respondeu e desviou o assunto citando dados do Ipea, instituto acusado de ter sido aparelhado para dar suporte às narrativas falsas do presidente.

“Nós sabemos é que tem 33 milhões de pessoas passando fome, que não tem o que comer em casa. E eu queria saber quando é que o presidente vai resolver esse assunto”, cobrou Lula, mas Bolsonaro fugiu novamente. “Porque o povo ainda está na fila do osso, ainda está comendo carcaça de frango, e o preço do alimento básico do povo está muito caro. É só ir no supermercado para ver”, insistiu Lula.

Previdência

Houve outro momento no qual Bolsonaro passou vergonha diante dos fatos expostos por Lula, caso da reforma da previdência. “Vocês fizeram uma reforma da Previdência, em 2019. Por acaso o Guedes te orientou o que vocês fizeram com o aposentado? Você sabe que vocês reduziram a quantidade de dinheiro que os pensionistas recebem?”, indagou Lula.

“Você sabe que aumentaram o tempo da mulher para se aposentar? Que reduziram o dinheiro dos aposentados e do trabalhador que trabalha o tempo inteiro? Se o Guedes não te falou, no intervalo, liga para ele, para ver porque o povo está passando fome”, aconselhou Lula.

LEIA MAIS: Conheça as propostas de Lula para o Brasil e o povo

Ao ouvir a desculpa esfarrapada de Bolsonaro de que não seria possível promover aumentos por “cláusula pétrea”, Lula retrucou: “Por favor, entra no Google. Pede para a sua assessoria entrar no Google e ver se o Guedes não falou que ia acabar com 13º e férias. Aliás, o que ele diz, você acredita”.

“O benefício para pessoas com deficiência passou de pouco mais de 30 dias para a pessoa receber para 446 dias. O benefício de acidente de trabalho passou de 25 dias para 212 dias. O amparo social ao idoso passou de 11 dias para 228 dias. Um trabalhador que poderia se aposentar com R$ 2 mil, hoje se aposenta com R$ 1.300”, revelou Lula.

“E um pensionista que ganharia R$ 2 mil, hoje ganha R$ 1 mil. É isso que você fizeram de reforma. Ou seja, é sempre em cima do povo pobre, do povo trabalhador. É por isso que o povo está com fome. É por isso que os R$ 600 não resolveram”, sentenciou. 

Desculpas ao Brasil

Lula encerrou o segundo bloco pedindo desculpas à população pelas sandices e destemperos de Bolsonaro, reforçando sua disposição em debater os grandes temas e desafios nacionais para melhorar a vida do povo, mesmo após ganhar direito de resposta por mais uma mentira dita por Bolsonaro sobre aposentados. “Eu, sinceramente, queria pedir desculpas à Rede Globo de televisão. Porque esse comportamento insano é o que vem governando o Brasil há praticamente quatro anos”, lamentou.

“Eu estou aqui para a gente discutir o seguinte: o que a gente vai fazer neste país? Eu vou começar a falar, a partir do próximo bloco, a falar de programa de governo. Eu vou dizer o que que eu vou fazer. Que tipo de política de desenvolvimento eu vou fazer”, apontou.

Negligência na pandemia

Lula voltou a cobrar Bolsonaro por sua negligência no combate à Covid-19. Ele gerou quase 700 mil mortos no país, negou vacina por 45 dias e a própria letalidade do vírus. Lula denunciou ainda que Bolsonaro esvaziou os recursos da saúde, a exemplo de programas como o Farmácia Popular, que perdeu 33% em recursos.

“Se ele tivesse seguido a orientação dos governadores do Nordeste, teríamos no mínimo 200 mil mortes a menos. Um dia vai bater na consciência dele a responsabilidade por pelo menos metade das mortes. Ele, desumano como é, não foi visitar uma pessoa que perdeu um parente”, lamentou o petista.

“Em seguida, Lula deu uma aula sobre políticas públicas voltadas para a área de saúde. “Os números do meu governo: 18 mil vagas pelo Mais Médicos em 3,9 mil municípios, 1.033 centros do Brasil Sorridente, 40,2 mil equipes do Saúde da Família, 2.525 ambulâncias e 583 UTIs pelo SAMU. O Orçamento da saúde aumentou 78% acima da inflação”, elencou, para desespero de Bolsonaro.

“Sabe o que Bolsonaro fez a mais? Comprou 35 mil caixas de viagra para Forças Armadas”, disse, finalizando com um agradecimento aos profissionais do SUS e sua atuação na pandemia.

Segurança pública e Roberto Jefferson

Lula refutou a tese preconceituosa de Bolsonaro de que só há criminosos nas favelas do país. “Fui ao Complexo do Alemão visitar gente extraordinária”, apontou Lula, “para tratar todo mundo com respeito, gente trabalhadora, que quer a chance de estudar, que não quer ser vitimado pela polícia”.

“Eu fiz a maior campanha de desarmamento do país. E no meu governo nós vamos distribuir livros, cultura. Acesso às coisas que educam, não que matam”, anunciou Lula.

Ele condenou a ligação tenebrosa de Bolsonaro com Roberto Jefferson. “Sabe qual o modelo de cidadão pacífico do Bolsonaro? O Roberto Jefferson, armado até os dentes atirando na Polícia Federal”, denunciou. “Bolsonaro mandou até seu ministro negociar para o Roberto Jefferson, seu amigo. Por isso ficou nervoso. Chegou a dizer que não tinha foto com ele, e a imprensa mostrou suas fotos com ele”, ironizou.

Cortes de verbas de programas para mulheres

Bolsonaro também não soube responder porque autorizou cortes de verbas de programas para mulheres. “Por que Bolsonaro cortou praticamente toda a verba dos programas que protegem as mulheres da violência?”, indagou Lula.

“Quem criou o ministério das Mulheres fomos nós. Quem fez o Minha Casa Minha Vida para mulheres fomos nós. Se teve um governo que cuidou das mulheres com respeito foi o nosso. As mulheres não podem ser vítimas de violências absurdas como são hoje”, justificou Lula.

Empregos

Falando sobre o desafio da geração de empregos no país, Lula criticou a precarização do trabalho do atual governo. “Mudaram a lógica da medição de emprego, colocaram o MEI como se fosse emprego, emprego informal como se fosse emprego. No meu tempo a medição de emprego era carteira profissional assinada”, alegou Lula. O petista assegurou que os empregos formais voltarão.

“Vou me reunir com governadores para estabelecer um programa de desenvolvimento do país”, reafirmou Lula. “Os prefeitos do Brasil sabem que nunca antes um presidente tratou eles com a dignidade que eu tratei. Tínhamos  uma sala para receber prefeitos. E isso nós vamos voltar a fazer, porque é na cidade que surgem os problemas do povo”.

“Nós geramos 22 milhões de empregos com carteira profissional”, lembrou. “Vamos rediscutir a CLT para que os trabalhadores não sejam tratados como escravos, eles têm o direito a segurança social, o que não têm hoje”, justificou. “O povo já viu o país crescer, gerar empregos. O que não dá é para acreditar em fantasias. O salário mínimo não teve aumento real em todo o mandato do Bolsonaro e agora ele vem com a cara de pau prometer que vai fazer. Não vai”.

Pedido final

O debate foi encerrado com um pedido final: “Eu espero que tenha merecido a sua consideração e peço para você votar no 13. Votar no 13 para gente poder voltar a consertar esse país, fazer o país crescer, gerar emprego, distribuir renda e o povo voltar a comer bem”.

Da Redação

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Lula divulga “Carta para o Brasil do Amanhã”; veja a íntegra do documento

Lula divulga “Carta para o Brasil do Amanhã”; veja a íntegra do documento

“É com a força do nosso legado e os olhos voltados para o futuro que dirijo esta carta para o Brasil do amanhã”, afirmou Lula em seu perfil de Twitter.

Ricardo Stuckert

Lula, uma vida dedicada ao Brasil e ao povo. Foto: Ricardo Stuckert

Lula divulgou nesta quinta-feira, 27, a “Carta para o Brasil do Amanhã” (baixe aqui).

“O Brasil precisa de um governo que volte a cuidar da nossa gente, especialmente de quem mais necessita. Precisa de paz, democracia e diálogo. É com a força do nosso legado e os olhos voltados para o futuro que dirijo esta carta para o Brasil do amanhã”, afirmou Lula em seu perfil de Twitter.

Veja abaixo a integra do documento:

Da Redação


Ao vivo 27/10 | Lula conversa com rádios da Rede Clube FM

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 77 ANOS FELICIDADES BRASIL

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 77 ANOS FELICIDADES BRASIL