Lula: “O que está em jogo é a gente recuperar o país ao povo brasileiro”
Em Ato pela Democracia na PUC, em São Paulo, nesta segunda (24), Lula reafirmou compromisso com um governo popular. “Voltaremos a investir muito em educação, senão esse país nunca será desenvolvido”, afirmou
Publicado em
Diante de uma multidão na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, na noite desta segunda-feira (24), o ex-presidente Lula pediu a todos que façam um grande esforço em nome da democracia e para devolver o Brasil ao povo brasileiro. Lula reforçou a importância da eleição de Haddad ao governo de São Paulo, para que o estado mais rico da federação possa trabalhar em conjunto com sua gestão, caso seja eleito presidente no próximo dia 30. Mais cedo, ele falou a estudantes, lideranças e personalidades no teatro Tuca.
“O que está em jogo é a gente recuperar o país ao povo brasileiro, a democracia, voltar a investir em educação, saúde, em ciência e tecnologia”, ressaltou o ex-presidente. “Estamos vivendo, possivelmente, a semana mais importante da nossa história. Quem teve dúvida sobre a importância de a gente reconquistar e praticar a democracia não pode mais”, apontou Lula.
“Quero voltar a ser presidente, tenho vontade, mais do que em 2002. Esse país foi destruído, tudo o que demoramos oito anos para fazer, mais quatro da Dilma, foi destruído em um segundo. Diminuíram dinheiro da educação, da saúde, da ciência e tecnologia, Prouni, Fies, até não termos mais nada”, criticou.
“Voltaremos a investir muito em educação, senão esse país nunca será desenvolvido, passaremos mais um século sendo o país do futuro, em pré-desenvolvimento”, explicou Lula. “O Brasil foi ter a primeira universidade em 1920, uma demonstração de que a elite política nunca teve interesse em que o pobre chegasse até a universidade”, ponderou.
“E precisamos provar: pobre, negro e nordestino, é gente, todo mundo quer ter o direito de se desenvolver, ter oportunidade. De disputar a mesma vaga, o mesmo emprego.
Lula reafirmou que o governo será amplo, além das bases do PT. “Será um governo do povo brasileiro. Um governo nosso não será um governo do PT. Terá que ser além. O Henrique Meirelles não era do PT, o Furlan, o Gilberto Gil, o Celso Amorim não eram do PT”, frisou, ao falar de seu primeiro mandato.
Intolerância bolsonarista
Na semana passada, um presidente da República confundiu uma menina venezuelana, de 14 anos, como se fosse objeto sexual. No cargo de presidente, jamais poderia ter tido a atitude de pedófilo que ele teve, não respeitando uma criança”, disse Lula, com a voz embargada. A consciência lhe doeu tanto que ele foi obrigado a acordar 1h da manhã para fazer uma live, quem sabe, pedindo desculpa a Deus. Porque nós não podemos perdoá-lo.
Lula também voltou condenar os crimes de racismo cometido contra Seu Jorge em Porto Alegre, na semana passada, e o humorista Eddy Jr, em São Paulo, além dos ataques de Roberto Jefferson contra a ministra do ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia. “Esses acontecimentos exigem de nós que a gente exija democracia”.
“Temos de ter consciência: é agora, ou vamos nos arrepender para o resto da vida”, advertiu. Jamais imaginei, depois da nossa experiência de governo, o retrocesso que tivemos”.
Inclusão social
“Não existe milagre em economia, ninguém inventa. As coisas devem ser feitas com seriedade. Esse país tem uma dívida com o povo pobre, negro, com as mulheres, com os indígenas. E temos de pagar essa dívida fazendo política de inclusão social”, apostou Lula.
“Nós temos responsabilidade fiscal. No nosso governo, fomos o único país do G20 que, durante oito anos, fez superávit primário”, relatou. “Tínhamos compromisso, com seriedade.
Lula observou que o FMI “vinha todo mês” fiscalizar as contas do país e decidiu que era hora de dar um basta. “Pagamos a dívida, emprestamos 15 milhões e fiemos uma reserva de US$ 370 bilhões, que é que está salvando o país”.
Lula encerrou sua fala com a certeza da vitória no próximo domingo, 30.
Revolução no ensino
O candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad pontuou que Bolsonaro representa um histórico de coisas ruins nos últimos 500 anos. “Acho que às vezes as pessoas perdem noção do quanto a gente já se rebaixou tendo essa figura grotesca na Presidência, declarou, enfatizando que não pode haver base de comparação entre o extremista e Lula.
Haddad lembrou de seus anos à frente do Ministério da Educação, onde, a partir de 2005, promoveu uma revolução no ensino do país. “Quando Lula deixou a Presidência, em 2010, era uma apoteose”, disse, referindo-se às conferências nacionais.
Agora, insistiu o petista, é hora de devolver esperança ao povo, de voltar a sonhar. “Lula está na frente, temos de consolidada a liderança dele para ser um banho no domingo. Mas se a gente um esforcinho a mais, estou a cinco pontos do Tarcísio. Vamos fazer esse esforço, a onda está vindo, o vento está soprando.
São Paulo e o Brasil de mãos dadas, reconciliados, e podendo fazer tanto pelo nosso povo, que espera muito e tem pressa. Não tem medicamento no posto, comida na mesa, emprego digno, Não tem salário. Essa pressa precisa ter uma resposta e a gente trabalhar junto”.
Momento histórico
“Este é um momento histórico, esse foi o palco, onde, na década de 70, quando a polícia da ditadura invadiu a Pontífice da Universidade Católica”, recordou o candidato a vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin. “Quase meio século depois, estamos aqui de novo para defender a democracia”.
“Agora, no segundo turno, temos essa grande frente democrática, com Simone Tebet, o PDT do Lula, do Ciro, o Cidadania do Roberto Freire, todo unidos, para a gente fazer o Brasil superar essa fase triste. Lula representa essa esperança de felicidade. Por isso, o Bozo tem tanto medo”, enfatizou. “Onde tem esperança e felicidade, não tem ódio, e não queremos bolsonarista em São Paulo. É Haddad governador e Lula presidente”.
Amor pela democracia
“Eu e Lula pensamos diferente em muitos pontos, mas há algo muito maior que nos une, o amor pelo nosso país, pelo nosso povo e pela democracia, da qual não abro mão”, argumentou a ex-candidata do MDB à Presidência, Simone Tebet.
“Nosso grito é contra todo o retrocesso civilizatório de um presidente desumano, que nega a ciência, a vacina no braço do povo. Um presidente que não ama o seu povo, um autocrata que não respeita o direito das minorias e, com um segundo mandato, instalaria no Brasil uma ditadura branca”, disse Tebet.
“Nesse momento, Lula é único capaz de reconstruir o Brasil, na coragem, na liderança e na experiência, num grande pacto, uma frente democrática para o Brasil”, reiterou.
Simbologia
“Estamos chegando na reta final da campanha e esse encontro tem uma simbologia muito grande. Enquanto o outro lado está com muita dor de cabeça, nós estamos em festa, porque, quem planta ventos vai colher tempestade. Estão colhendo porque não respeitam a diversidade do país”, discursou a deputada eleita pela Rede de São Paulo, Marina Silva
“Quem defende a democracia, fica do lado da educação, dos trabalhadores, faz políticas públicas e sociais que colocam os pretos, os indígenas, nas universidades. Por isso, vamos eleger o melhor ministro da Educação governador de São Paulo, porque São Paulo tem de ter alguém que dê sustentação ao futuro governo”.
“Esse é um movimento em que cada um vai colando seu sonho: quem é empresário e quer ver o seu projeto de desenvolvimento empresarial prosperar, quem tem uma fé e que ver sua liberdade religiosa, escola de qualidade, desenvolver sua arte com liberdade, é na democracia. E quem reúne as melhores condições para fazer é Lula”, festejou.
Políticas de promoção da igualdade racial
“Tudo o que Bolsonaro e Tarcísio odeiam é o que nos mantém vivos”, declarou Douglas Belchior, da Coalisão Negra por Direitos. “É por isso que Bolsonaro fez as pazes com Moro, para ressuscitar o excludente de licitude e as políticas de encarceramento e morte”.
Belchio apontou as políticas de promoção da igualdade racial dos governos Lula e Dilma. “Por muitos anos o Brasil foi exemplo para o mundo”, lembrou. “Nossos irmãos da Diáspora olhavam para o Brasil para aprender sobre como fazer políticas públicas para a população negra”, disse, destacando a urgência das eleições de Lula e Haddad.
Tradição da histórica da PUC
A reitora da PUC, Maria Amalia Andery disse que a faculdade é “macaco velho” em receber candidatos que são democratas e têm projeto para o país, para que seja mais democrático, mais justo, diverso, soberano, autônomo.
“A simbologia das campanhas ao escolherem este teatro, esta universidade, para começar a última semana de uma campanha dura, é única, e só vocês poderiam usar. O outro lado não pode entrar em uma universidade, não há como”, opinou a reitora. “Nosso coração é de vocês, tenho certeza de que essa dupla fará o Brasil que todos almejamos“.
Construção de consensos
A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy iniciou sua fala também manifestando solidariedade a Carmen Lúcia. Ela ainda saudou a chegada de Simone Tebet na campanha de Lula e Alckmin. “Acredito que com sua capacidade de ampliação, de união”.
Suplicy ressaltou que Lula sempre respeitou todas as crenças e credos religiosos e que é o único capaz de construir consensos. E mais: terá sua vitória consagrada pelas mulheres. “Não nos esquecemos de quem fez Cisternas, Luz para Todos, Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, quem lutou pela Lei do Feminicídio e, principalmente, que é o que esse governo não dá, ele tira: o respeito a toda mulher brasileira”.
Enfrentamento às desigualdades
A socióloga e educadora Neca Setubal afirmou que a candidatura de Lula e Alckmin representa educação para os jovens, o enfrentamento das desigualdades “sociais, raciais, territoriais, de gênero e a defesa do meio ambiente”.
“Só com Lula presidente e Haddad governador poderemos fazer uma grande concertação democrática em um país que vai poder articular justiça social e desenvolvimento sustentável”, concluiu Setubal.
Juristas
“É imensa a responsabilidade do Lula, disse o jurista José Gregori. “Mas compreendo e confio na força de suas alianças, em especial com Simone Tebet”.
No evento, também foi exibida uma mensagem de apoio a Lula do ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa.
Cheque em branco
“Dizem que Lula quer um cheque em branco. Quem quer é o Bolsonaro, que estourou a parte fiscal, levou a inflação para a lua, o Banco Central subiu a taxa de juros, tem 30 milhões de desempregados”, observou Henrique Meirelles, ex-presidente do BC na gestão de Lula.
“O cheque de Lula está assinado, ele trabalhou, realizou, criou emprego, renda. Agora é só questão de chegar com força no domingo”.
Plano Real
Um dos criadores do Plano Real, Pérsio Arida comentou que alertou, em 2018, para os perigos da eleição de Bolsonaro pelas tendências autoritárias. “Afirmei que ele era desqualificado para o cargo, um obscurantista.
“O que está em jogo nessa eleição é muito mais do que economia, que está péssima. Mas o futuro do Brasil: um país plural, civilizado, do debate, da conversa”, advertiu o economista. “Só temos algo a fazer, é votar 13 e eleger Lula e Haddad”.
Da Redação
Nenhum comentário:
Postar um comentário