"Nós vamos virar esse jogo aqui no DF", afirma o distrital Chico Vigilante
Eleito para o quinto mandato consecutivo, o petista falou sobre o desempenho da legenda e os próximos passos da campanha nacional do partido para o segundo turno da disputa presidencial, entre outros temas
Chico Vigilante (PT) foi o convidado do CB Poder — parceria entre Correio e TV Brasília. O deputado distrital foi eleito para o quinto mandato, com a segunda maior votação desta eleição e a terceira maior da história do Distrito Federal. Na entrevista concedida à jornalista Ana Maria Campos, nesta terça-feira (4/10), o petista falou sobre os próximos passos da campanha nacional do PT para o segundo turno da disputa presidencial. Ele também comentou sobre a necessidade da união da esquerda para alavancar a candidatura de Lula (PT). Entre outros temas, Vigilante também aproveitou para falar um pouco sobre o novo mandato dele, no qual pretende dar foco em bandeiras já defendidas como melhorias na saúde e transporte públicos, infraestrutura local. O distrital afirmou que, com a reeleição de Ibaneis, outro ponto será a oposição mais incisiva na Câmara Legislativa.
O senhor está no quinto mandato de deputado distrital. O que está programando para essa nova fase?
Eu tive mais que o dobro da votação da legislatura passada. É demonstração de que estamos no caminho certo e fazendo aquilo que a população do DF espera. Eu vou continuar com o mesmo foco que tinha antes, combatendo o cartel dos combustíveis, que ainda existe. Esse cartel precisa ser fiscalizado e vigiado a cada dia. Vou lutar para que tenhamos atendimento médico-hospitalar melhor. A saúde pública do DF está um caos. Basta verificar que o próprio governo divulga, que tem 27 mil pessoas esperando para fazer uma cirurgia. Agora imagina uma pessoa que está com câncer de estômago ou intestino na fila esperando uma cirurgia e não faz. Isso é uma verdadeira tortura.
E a situação do transporte público?
Outra questão que é muito cara é a do transporte público. Eu sei o que é andar de ônibus. Sei o que é estar cansado no ônibus para chegar em casa e ele quebrar no meio da estrada e, então, esperar outro ônibus mais cheio ainda. Temos uma licitação que foi feita. São cinco empresas que operam cinco bacias. Pelo contrato, as empresas teriam que trocar todos os ônibus até 28 de agosto deste ano. Era o último prazo. Duas empresas cumpriram integralmente, a Pioneira e a Piracicabana, que estão com ônibus novos. A Urbi está cumprindo a determinação (lentamente) e os ônibus novos estão chegando essa semana. A São José e a Marechal, que não cumpriram nada. E o governo do DF cometeu uma ilegalidade, que foi autorizar essas duas empresas a continuar rodando com essas latas velhas até o final do contrato. Fui ao Ministério Público, fui ao Tribunal de Contas (TCDF) também, porque eu quero o cumprimento da lei.
E a questão da mobilidade urbana?
Outra questão é que a população envelheceu e as cidades também ficaram velhas. Taguatinga, Ceilândia, Planaltina estão com todas as calçadas praticamente destruídas. Quando você é novo, pula por cima de tudo e não acontece nada. Já quando você chega numa certa idade, qualquer depressão na calçada é motivo de queda, e você pode quebrar o fêmur, perna, braço, etc. Portanto é preciso que o governo cuide das calçadas e recupere tudo.
São muitos problemas, mas a população do DF deu um voto de confiança para o governador Ibaneis Rocha e ele foi reeleito no primeiro turno. Por que o senhor acha que o Ibaneis conseguiu essa essa aprovação da população e o que que faltou para o Leandro Grass (PV) chegar no segundo turno?
Se cometemos erros na política, pagamos por eles. Teríamos de ter formado uma frente de centro-esquerda no DF. Do meu ponto de vista, incluiria PSB, PT, PCdoB, PV e PSol. Nessa frente também iríamos até o PSD, do Paulo Otávio. Se tivesse juntado todo mundo no primeiro turno, com um candidato a senador e com um candidato a governador, nós estaríamos no segundo turno e ganharíamos do Ibaneis. Infelizmente, não tivemos a capacidade de fazer isso. Ficamos nós, PT, PCdoB e PV numa candidatura arrumada de última hora, com um companheiro brilhante, que demonstrou efetivamente a capacidade que ele tem. Por pouco, não chegamos ao segundo turno, e Ibaneis fez tudo pra ganhar essa eleição no primeiro turno, porque ele sabia que no segundo turno é outro jogo, outro momento e, dificilmente, ele ganharia as eleições.
O senhor acha que se o PSB tivesse ficado numa aliança com o PT, PV e PCdoB teria sido mais vantajoso para os partidos?
Se tivesse feito essa aliança, estaríamos com três deputados federais, o Rollemberg (PSB), a Erika Kokay (PT) e Reginaldo Veras (PV). Acredito também que, nesse cenário, não teria tido a facilidade que Damares Alves (Republicanos) teve para ser eleita.
No começo dos debates, o PT tinha dois pré-candidatos ao governo do DF: Rosilene Corrêa (PT) e Geraldo Magela (PT). O senhor acha que se Rosilene ou Magela tivessem sido candidatos, o resultado teria sido diferente?
Não, Leandro desempenhou esse papel com brilhantismo. Eu andei por muitos pontos aqui do DF junto com ele. Senti um companheiro com garra, com vontade e com conhecimento. As pessoas estranharam um pouco a idade, porque ele é muito novo, e eu dizia que estaríamos junto com ele, para ganhar e governar juntos. Portanto, eu não tenho dúvida de que ele faria um grande mandato como governador do DF. Acho que nós erramos no início, quando o PT ficou batendo cabeça, se escolhia Magela ou Rosilene. Se isso tivesse sido decidido antes, acredito que a história escrita hoje seria outra.
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