IBGE promove congresso para definir diretrizes e modernizar metodologia de pesquisa
Na abertura do evento, no Rio de Janeiro, Pochmann defendeu a construção de um sistema nacional e soberano de dados. “Se quisermos ser um país autônomo, não apenas política e economicamente, mas também do ponto de vista da informação, é preciso avançar nesse sentido”
Desde que assumiu o comando do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o economista Marcio Pochmann deu início à implementação de um conjunto de medidas para reformular e modernizar o instituto, em consonância com o período de mudanças pelas quais o mundo passa, à luz do uso das novas tecnologias. Nesta quinta (16) e sexta-feira (17), o instituto promove, na Parada de Lucas, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), o “1º Encontro Diálogos IBGE 90 Anos”, às vésperas do aniversário de nove décadas do órgão, a serem celebradas em 2026.
A conferência irá definir as diretrizes do instituto para os próximos três anos e como se darão as mudanças para adequar o IBGE aos desafios da era digital, a fim de fornecer dados mais precisos ao Estado brasileiro sobre a realidade do país. De acordo com a Agência IBGE de Notícias, mais de 400 servidores da ativa, aposentados, sindicalistas e colaboradores do IBGE, além de autoridades e representações diplomáticas internacionais participarão do evento.
Após a conferência, Pochmann deverá encaminhar ao presidente Lula e à ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, um documento contendo as 12 novas diretrizes que irão nortear a atuação do IBGE até o fim de 2026.
“Parada de Lucas é uma localidade emblemática para o IBGE, pois esta unidade abrigou por muitos anos aquela que foi a maior gráfica da América Latina, onde foram confeccionados os questionários dos Censos ao longo de décadas, além de mapas, cartografias e outros importantes documentos do Instituto”, celebrou Pochmann, em declaração à Agência.
“O Brasil vive uma mudança de época”, afirmou Pochmann, na abertura da conferência. “O futuro melhor [que esperamos] depende, cada vez mais, dos dados, da estatística, da geografia, algo que é o elemento fundante do próprio IBGE”.
Informação, modelo de negócio
O economista apontou para fato de que a informação hoje molda modelos de negócios, gerando uma crescente competitividade. “Essa mudança de época faz com que o IBGE não esteja mais sozinho, ele faz parte de uma competição entre empresas e instituições, muitas delas estrangeiras, que dominam os dados e que permitem, inclusive que elas conheçam mais do Brasil que o próprio IBGE”, enfatizou.
Ele defendeu um novo modelo de processamento de dados que permita a construção de um sistema nacional de dados estatísticos autônomo. Pochmann chegou a citar a espionagem do governo americano sobre Dilma Rousseff em pleno mandato presidencial, por meio do acesso indevido ao e-mail da petista.
“Autônomo, é importante dizer, porque não basta integrar as informações se [estas] não forem de nossa propriedade. Essa é uma questão de decisão nacional”, defendeu. “Se quisermos ser um país autônomo, não apenas política e economicamente, mas também do ponto de vista da informação, dos dados, é preciso avançar nesse sentido”, ressaltou.
Cartão-postal
“O IBGE é o cartão-postal do Brasil, é ele que apresenta o país [ao mundo]. Nada mais justo que tenhamos, junto às embaixadas e consulados, nossa produção, nosso material”, observou o economista.
Pochmann reforçou que a liderança do Brasil no G20 representará uma grande oportunidade para o instituto aprimorar seu trabalho e fornecer informações de qualidade ao país no fórum, especialmente dados sobre o desenvolvimento populacional.
A conferência, de acordo com o portal do IBGE, ocorre após um período de três reuniões realizadas em setembro e outubro. “Ao todo, foram mais de dez mil participações e centenas de propostas ao longo de mais de 50 reuniões, e contribuições, em modalidade presencial e remota, nos grupos e subgrupos temáticos”, destaca a Agência.
“A realização deste evento representa a conclusão de um processo de participação e diálogo transversal entre a nova diretoria e o corpo de servidores e servidoras, colaboradores, sindicalistas e aposentados do IBGE”, concluiu Pochmann.
Assista ao primeiro dia da conferência:
Confira as atribuições dos 12 grupos de trabalho:
Grupo 1 – Revitalização do IBGE: estruturas físicas (riscos e oportunidades de uso), tecnológicas (equipamentos) e virtuais (sistemas e servidores)
Grupo 2 – O novo IBGE: estrutura organizacional e funcionamento nacional e descentralização, gestão, carreiras, concursos, ouvidoria, integração, compras, entre outros
Grupo 3 – Plano de estudos e pesquisas cadastrais, censitárias e amostrais: atuais e novas
Grupo 4 – Novo hub público informacional da Nação constitutivo do ecossistema do soberano Sistema Nacional de Estatísticas, Geoinformações e Dados
Grupo 5 – IBGE 90 anos: memória, presente e futuro
Grupo 6 – Produção e difusão de conhecimento: ensino e publicações: atuais e novas
Grupo 7 – Fortalecimento e suporte às superintendências estaduais
Grupo 8 – Presença física e virtual renovada e compartilhada com prioridades regionais estratégicas
Grupo 9 – Reafirmação do protagonismo do IBGE entre as principais instituições homólogas nas nações que possuem os melhores e mais abrangentes sistemas de dados e estatísticas do planeta
Grupo 10 – Rearticulação do IBGE enquanto produtor de dados e informações estatísticas e geográficas da mais alta qualidade internacional com embaixadas e organismos multilaterais e parceiros do Brasil no exterior
Grupo 11 – Preparação, organização e realização do congresso interno das ibgeanas e ibgeanos
Grupo 12 – Apresentação, discussão e aprovação do Plano de Trabalho do IBGE 90 anos
Da Redação, com Agência IBGE de Notícias
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