247 – O advogado Augusto de Arruda Botelho, um dos mais notórios criminalistas do País, criticou, em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o negacionismo do Direito, que prevalece em alguns setores da opinião pública brasileira – especialmente aqueles que dizem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não foi inocentado", mas apenas teve seus processos anulados. "Para dizer que Lula não é inocente é preciso reescrever a Constituição", diz ele. "Lula não tem sentença condenatória, não tem sequer processo", complementa.
Na entrevista, Arruda Botelho, que se filiou ao PSB para disputar o cargo de deputado federal, falou sobre sua decisão de entrar no mundo da política. "Entrar na política é sair da zona de conforto", diz Arruda Botelho. "Tive medo de um novo golpe de estado no Brasil em 7 de setembro do ano passado".
Arruda Botelho, que presidiu o Instituto de Defesa do Direito de Defesa, também falou sobre a atuação do ex-juiz suspeito Sergio Moro. "Ele está longe de ser um desconhecido para quem começou a atuar nos anos 2000. Os desmandos dele já estavam presentes no Banestado. Meu primeiro artigo sobre os abusos da Lava Jato foi em 2014, quando apontei que prisões preventivas eram uma forma de tortura para forçar delações", relembra. "A força-tarefa da Lava Jato e o ex-juiz Moro não tiveram o cuidado de preservar os empregos", acrescentou, ao comentar a decisão que tornou Moro réu pelos prejuízos causados à economia nacional.
Sobre o momento político, ele defendeu enfaticamente o acordo PT-PSB. "A aliança Lula-Alckmin foi um golaço. O nosso impasse é democracia ou barbárie", disse ele, que adiantou qual será sua agenda na Câmara dos Deputados. "Meu foco será a pauta dos direitos humanos e do acesso à justiça. É a espinha dorsal da minha história. E não dá pra falar de sistema de justiça sem falar na guerra às drogas e no sistema carcerário", apontou.
Arruda Botelho também afirmou que irá entrar em temas espinhosos. "Defendo a descriminalização das drogas. Haverá também uma reforma do código de processo penal. Preciso estar lá para enfrentar Moro e Dallagnol. A agenda das dez medidas não está derrotada", disse ele.
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