terça-feira, 8 de março de 2022

Dilma: “Nós colocamos a mulher no centro da política pública”

No Dia Internacional da Mulher, Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann e ex-ministras lembram o legado do PT na promoção dos direitos das mulheres e denunciam o desmonte de programas executado por Bolsonaro
 08/03/2022 18h57
Roberto Stuckert Filho

Dilma: o golpe de 2016 se aproveitou do machismo e usou uma linguagem misógina para atacar a democracia e a soberania do país


Mediado pela secretária de Finanças e Planejamento do PT, Gleide Andrade, o debate foi aberto por Dilma Rousseff, que destacou as principais políticas de valorização das mulheres implementadas no seu governo e no do presidente Lula. “Antes de nós, as políticas para as mulheres, assim como para os negros, os jovens, os mais pobres, eram sempre projetos pilotos, ou seja, atingiam uma minoria muito pequena. Nós colocamos, no centro da política pública brasileira, a mulher, a mulher negra e os pobres deste país”, afirmou.No Dia Internacional da Mulher, um grupo de brasileiras muito especiais se reuniu para lembrar que houve um tempo em que as mulheres estiveram no centro da política nacional, tanto como criadoras quanto como beneficiárias das ações de governo. Foi esse o tema central do debate “O Legado do PT para as Mulheres”, parte da programação especial apresentada nesta terça-feira (8) pela TvPT e que contou com as participações da ex-presidenta Dilma Rousseff; da presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann; e de ex-ministras(assista à íntegra do programa ao fim desta matéria).

Segundo Dilma, a principal característica dos governos do PT foi o combate a todas as formas de desigualdade, por meio de programas executados em sintonia por diferentes áreas do governo. E como a desigualdade no Brasil atinge especialmente as mulheres e a população negra, essa parcela da população acabou recebendo especial atenção.

A ex-presidenta destacou, por exemplo, o impacto do Bolsa Família, que protegeu as crianças e, ao mesmo tempo, empoderou como nunca as brasileiras, garantindo a elas a titularidade do benefício, uma medida que rompeu com o patriarcalismo histórico do país. “Ao longo da história brasileira, uma das características mais fortes do patriarcalismo foi impedir as mulheres de ter a propriedade no nome delas. Ter acesso à propriedade é um elemento fundamental de autonomia”, argumentou.

Dilma lembrou, ainda, que as mulheres foram as maiores beneficiárias de programas como Pronatec, ProUni, Água para Todos e o de concessão de créditos para microempreendedores. Outros marcos foram a PEC das Domésticas, a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, essas duas últimas voltadas à proteção de todas as mulheres, incluindo as de nível socioeconômico mais alto, também vítimas da violência decorrente do patriarcalismo que predomina até hoje no país.

Destruição com Bolsonaro

Dilma denunciou que o golpe de 2016 aproveitou o machismo e adotou uma linguagem misógina para desqualificá-la e tirá-la de forma fraudulenta do poder. Ela recordou, por exemplo, como o MBL abusou de expressões como “burra” e “vagabunda” para desqualificá-la, com a total complacência da mídia. O resultado foi a ascensão de dois governos, os de Temer e Bolsonaro, que, ao mesmo tempo em que sabotaram a soberania nacional e se curvaram para o neoliberalismo, abandonaram por completo as políticas voltadas paras as mulheres.

A denúncia foi reforçada pelas demais participantes, como a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann. “Bolsonaro trouxe para a Presidência da República um rosário de ofensas, agressões e violências contra a mulher, além de ter desmontado todas as políticas públicas que a gente estruturou”, disse Gleisi, que enumerou os vários ataques às mulheres praticados pelo atual presidente, que incluem agressões físicas.

A deputada federal pelo Paraná lembrou, porém, que agora o Brasil tem a oportunidade de interromper esse período de governos machistas. “Neste ano, a gente tem a oportunidade de mudar o destino deste país, de tirar o traste que está lá, esse homem que não consegue cuidar do seu povo, que não tem empatia. (…) E está na mão das mulheres, que são a maioria da população e a maioria das eleitoras, fazer essa mudança”, pregou.

Importante legado

Ex-ministra das Mulheres, Eleonora Menicucci acrescentou à lista de ações realizadas pela PT dois programas de imenso impacto na cidadania das mulheres: o de documentação das mulheres rurais, que entregou 2 milhões de carteiras de identidade a brasileiras que vivem no campo e nas florestas, e o Mulher Viver sem Violência, que destinou recursos às Casas da Mulher Brasileira, para acolher vítimas de violência doméstica. “Bolsonaro acabou com todos esses programas. Por isso, hoje, vamos à rua dizer que basta de Bolsonaro, pela vida das mulheres, com direto, com democracia e com nosso país de volta”, afirmou.

Para Nilma Lino Gomes, ex-ministra da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, os governos petistas colaboraram imensamente para a percepção de que as políticas de gênero e antirracistas não podem andar separadas em um país como o Brasil. “Junto às políticas de desigualdade de gênero, precisamos ter políticas antirracistas. Essas políticas não podem caminhar separas de forma alguma. Precisamos pensar ações integradas de raça e de gênero que vão além das que já realizamos e que, infelizmente, foram destruídas”, disse.

Por fim, Ideli Salvatti, ex-ministra de Direitos Humanos, ressaltou o quão revolucionários foram os governos Lula e Dilma ao colocar as mulheres em postos de comando. Salvatti lembrou que foi nas gestões do PT que pela primeira vez uma mulher assumiu cargos como os de ministra de Minas e Energia (Dilma Rousseff), presidenta da Caixa Econômica Federal (Maria Fernanda Coelho), presidenta da Petrobras (Graça Foster), ministra de Planejamento (Miriam Belchior), ministra do Meio Ambiente (Izabella Teixeira) e tantos outros, como mostram as próprias debatedoras. “Lula e Dilma deram oportunidade para as mulheres mostrarem que elas podem estar em qualquer posto, no comando de qualquer área.” 

Da Redação

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