Comunicação ganha experiência e entusiasmo de Isaac Roitman
Professor da Biologia planeja aumentar o interesse dos brasilienses pela ciência produzida na UnB. Projeto integra reestruturação da SECOM
Da Secretaria de Comunicação da UnB
Entusiasmo de menino e responsabilidade de senhor marcam o perfil do novo coordenador de comunicação institucional da Universidade de Brasília. Isaac Roitman tem 71 anos de idade, meio século de vida acadêmica e sonhos de calouro. Quer usar a comunicação como instrumento de mudança do cotidiano no campus, planeja estratégias para divulgar os trabalhos da comunidade científica e despertar o interesse dos brasilienses pela ciência e pela cultura produzidas na UnB.
“Por um lado, os alunos e, muitas vezes, os professores não aproveitam todas as possibilidades que a universidade oferece. Queremos incentivar isso”, defende. “Por outro lado, a academia precisa melhorar o relacionamento com a população. Infelizmente, as instituições só olham para dentro de si mesmas”, ensina o professor.
Isaac não é jornalista nem comunicólogo nem publicitário. “Sou um apaixonado pela universidade”, resume o ex-decano da UnB de pesquisa e pós-graduação na gestão Cristovam, ex-diretor da SBPC e professor titular do Instituto de Biologia, onde chegou em 1972. “Essa universidade foi criada por Darcy Ribeiro para gerar mudança. A mudança foi interrompida e agora estamos retomando esse papel”, anuncia o biólogo.
Isaac já tinha um pé na Secom desde o lançamento da Revista Darcy, quando assumiu a presidência do Conselho Editorial da publicação. As ideias e os compromissos do professor com a educação científica conquistaram os jornalistas da Secom. Em abril, a secretária-executiva de Comunicação, Ana Beatriz Magno, jornalista formada na UnB e hoje aluna do doutorado, convidou Roitman para assumir a coordenação institucional da Secretaria.
“Isaac é um mestre que combina paixão, conhecimento e desprezo pelas mesquinharias políticas que ainda ecoam em algumas áreas isoladas da universidade”, afirma Ana Beatriz. “Ele terá um papel fundamental em nossa equipe. Vai estruturar a área de comunicação institucional pensando no futuro da universidade e não nas richas internas”.
PORTAL DA COMUNIDADE - Desde a posse do reitor José Geraldo, a Secom trabalha com a ideia de que a informação é um direito da comunidade universitária e de que os veículos de comunicação internos não pertencem a grupos. “A Secom não é do reitor nem da administração. É da universidade. O Portal deve abrir espaço para o contraditório, para o polêmico, para o debate respeitoso. E isso os jornalistas da Secom fazem com muito vigor” , diz o reitor.
A Secom é dividida entre o jornalismo e a área institucional. A parte institucional cuida das campanhas, dos eventos, da assessoria de imprensa da universidade e do boletim UnB Hoje. O jornalismo produz as notícias do Portal, a Darcy e, em breve, lançará o Portal de Ciência, com um banco de dados para as pesquisas científicas. O projeto está sob a responsabilidade da jornalista Ana Lúcia Moura e oferecerá notícias sobre as dissertações e teses da universidade, desejo antigo dos pesquisadores da UnB.
Além do Portal de Ciência, será criado o Blog da Comunidade e ampliada a cobertura de notícias diárias. Para isso, a equipe do jornalismo foi dividida em cinco editorias, incluindo a de Ciência, todas sob o comando do editor-chefe do Portal, o jornalista formado pela UnB Leonardo Echeverria. Ele vai coordenar a atualização do Portal, além de inserir a UnB nas redes sociais da internet. Para isso, contará com o apoio da jornalista Thássia Alves.
As mudanças integram um plano de reestruturação da Secom, iniciado sob a gestão do professor e jornalista Luiz Gonzaga Motta, afastado da secretaria desde março para se preparar para concurso de titular da Faculdade de Comunicação. Motta e Isaac seguem na Revista Darcy, que tem seu quarto exemplar com publicação prevista para o próximo mês. Coordenado pela secretária-executiva, o projeto de reorganização terá também o apoio da professora Maria Jandyra Cunha, da Faculdade de Comunicação, que comandará a interação de todas as áreas da Secom.
Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada. Textos: UnB Agênc
UnB: passado, presente e futuro (Artigo)
Isaac RoitmanCoordenador de Comunicação Institucional da Secretaria de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) Anísio Teixeira, um dos responsáveis pela concepção da Universidade de Brasília (UnB), considerava que a educação é um direito e não um privilégio. Sonhava com uma universidade transformadora. Concebeu em 1935, no Rio de Janeiro, a Universidade do Distrito Federal (UDF), que reuniu educadores de primeira linha, tais como: Afrânio Peixoto, Gilberto Freyre, Hermes Lima, Roquette Pinto, Josué de Castro, Heitor Villa-Lobos, Cândido Portinari e Sérgio Buarque de Holanda. A UDF, considerada como uma utopia vetada, teve vida curta. Em 1939 é incorporada na então Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Anísio, sonhador indomável, no entanto, manteve viva a sua utopia, que finalmente se concretizou na construção e fundação da UnB, por meio da Lei nº 3998 de 15/12/1961. Darcy Ribeiro, parceiro dos sonhos de Anísio, convocou intelectuais brasileiros, tais como Antonio Houaiss, José Leite Lopes, Luiz Fernando Labouriau, José Israel Vargas e Florestan Fernandes, para a conceberem uma universidade que teria como principal missão a transformação e modernização da educação brasileira. Assim como a UDF, o segundo sonho de Anísio é interrompido durante a ditadura militar. Esse episódio é analisado de forma notável por Roberto Salmeron, físico de renome internacional e o primeiro coordenador do Instituto de Física da UnB, em seu livro: A Universidade interrompida: Brasília, 1964-1965. A universidade destroçada foi lentamente reconstruída a partir do final da década de 1960. A reconstrução durou pelo menos duas décadas. Em 1995, Darcy, em discurso na cerimônia de outorga do título de Doutor Honoris Causa da UnB, destacou: "Antevejo algumas batalhas. A primeira delas é reconquistar a institucionalidade da lei original, que criou a UnB como organização não governamental, livre e autoconstrutiva... inclusive e principalmente seu caráter de universidade experimental, livre para reinventar o ensino superior de graduação e pós-graduação, fazendo deles instrumentos de liberação do Brasil". Infelizmente, a UnB tem enfrentado nos últimos anos obstáculos que causam atraso na concretização dos sonhos de Anísio e Darcy. As amarras de uma legislação não apropriada a uma instituição que tem a vocação de estar na vanguarda da sociedade prejudicam de forma sensível a sua missão de formação de recursos humanos e seu papel na produção do saber. Atualmente, a principal luta é pela conquista de autonomia plena, como já apontava Darcy em 1995: "Cumpre libertar-nos da tutela ministerial, assumindo plenamente a responsabilidade de nosso destino". É o momento de libertação da universidade das incoerências burocráticas capitaneadas por segmentos que não valorizam e nada entendem de educação. Citando mais uma vez Darcy, que creio ficaria feliz em ser coautor desse artigo, assim se expressou durante uma emocionante e merecida homenagem no câmpus universitário que leva o seu nome: "Essa não pode ser a concepção de uma universidade que se quer central e inspirada de um país que não deu certo. As classes dirigentes entre nós foram e são as responsáveis maiores por nosso fracasso histórico. São também culpadas pelo tipo de prosperidade mesquinha que temos, incapaz de estender-se ao povo. Em nossas circunstâncias, é tarefa da universidade criar intencionalmente elites novas. Elites orgulhosas do patrimônio que herdamos do passado - um território continental e um povo multitudinário, unificados em uma nação cheia de vontade de felicidade e de progresso, pronta para florescer como uma nova civilização. Mas, sobretudo elites cheias de indignação frente à realidade sofrida do Brasil. Elites fiéis ao nosso povo, prontas a reconhecer que nossa tarefa maior é nos elevarmos à condição de uma sociedade justa e próspera, de prosperidade e generalizada a todos". Esse é o nosso desafio. A universidade do futuro tem um compromisso de formar quadros adequados que sejam compatíveis com os avanços da ciência e tecnologia. Em adição, é fundamental que todos os estudantes que passarem por ela tenham ampla formação cultural e consciência de sua responsabilidade social com a população brasileira. As palavras do mestre Darcy e os novos desafios deverão iluminar os caminhos que levem a um futuro virtuoso que o povo brasileiro merece.
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