Exposição imagina o Planalto Central antes da construção de Brasília
Exposições de Zuleika de Souza, Júlia MIlward e Raylton Parga têm abertura marcada para este sábado em galerias da cidade
A fotógrafa Zuleika de Souza escolheu duas comunidades, ao sul e ao norte de Brasília, para realizar a série de 20 fotografias que apresenta na Alfinete Galeria a partir deste sábado (1º/7). Captadas entre 2010 e este ano, as imagens de Norte [linha] Sul fazem um mapeamento poético de povoados que eram habitados antes da construção de Brasília e cujos habitantes ajudaram, de alguma forma, a erguer a nova capital.
Zuleika conta que começou a fotografar as comunidades depois de se pegar pensando em como seria a região do Planalto Central antes da chegada das máquinas e do início das obras. "Fiquei pensando na Brasília do antes, nessa coisa das pessoas ficarem falando que não tinha ninguém aqui, nesse incômodo da vinda da cidade para o Planalto Central", conta. "Aí pensei em duas comunidades, uma na linha norte e outra na linha sul, que estavam aqui antes da construção. Essas pessoas ajudaram a construir a cidade, deram comida para quem estava construindo e continuam no mesmo lugar, mas ninguém sabe que eles existem, tem uma invisibilidade."
A fotógrafa explica que não há nada de jornalístico nas imagens. A intenção não é fazer uma reportagem nem um inventário figurativo. "É uma coisa de procurar vestígios dessa ocupação, de pensar em como poderia ter sido, como poderia ser. Uma rachadura, um adobe, um fogão de lenha, um fósforo, santinhos numa parede. É mais abstrato", avisa.
Também na Alfinete, Júlia Milward apresenta Manual ou o que fazemos com as mãos, uma série de imagens nas quais a artista reflete sobre a palavra manual e seus significados. "É um trabalho que faço pensando em toda a amplitude da palavra: vou atrás de diferentes tipos de manuais à procura de imagens", explica. No total, são 26 imagens, cada uma correspondente a uma letra do alfabeto. "Começo com uma imagem e, a partir dela, procuro uma associação com uma segunda imagem, às vezes uma forma, um conceito, um elemento que percebo e que vai se conectar a uma terceira, até a 26ª, num encadeamento de imagens que vão se conectando umas às outras", diz.
Referências geométricas
Desenhos, pinturas e objetos escultóricos que têm como referência a abstração geométrica são a base da exposição FORMS, de Raylton Parga, em cartaz a partir de amanhã na galeria Casa Albuquerque. A série começou a ser produzida em 2017, tendo como ponto de partida objetos banais do cotidiano. Mesas, cadeiras e armários serviram de ponto de partida para as 300 obras, boa parte delas desenhos, apresentadas na galeria. “O que eu faço são desenhos a mão livre, usando caneta esferográfica, que chamo de simplificação das formas do cotidiano com que a gente convive. A partir delas, dou forma a esses outros objetos. São sempre geométricos, não fazem muito sentido, sempre partindo do quadrado, do círculo, do triângulo, do retângulo”, explica o artista.
Serviço
Manual ou o que fazemos com as mãos
De Júlia Milward
Norte [linha] Sul
De Zuleika de Souza
Abertura sábado (1º/7), às 19h, na Alfinete Galeria (W3 Sul, Qd 509, Entrada 58). Visitação até 6 de agosto, sextas e sábados, das 16h às 20h
FORMS
Exposição de Raylton Parga. Curadoria: Carlos Lin. Abertura sábado (1º/7), das 10h às 13h, na Casa Albuquerque Galeria de Arte (SHIS QI 05 bl. C lj. 09 - sobreloja - CL- Lago Sul). Visitação até 29 de julho, de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, e sábados, das 10h às 13h.
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