5ª geração do Cultura Viva é tema de reunião no MinC
Foto: Museu Coleção Karandash/Divulgação
Nesta quinta (20), o Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura (MinC), dá mais um passo em direção à retomada dos investimentos nos Pontos de Cultura: grupos, coletivos e associações fazedores de artes - nas suas mais diversas formas -, do Oiapoque ao Chuí.
Em uma reunião realizada na sede do MinC, a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg, apresentou diretrizes para ações de resgate do incentivo que, em 2023, chega à sua quinta geração.
“Nossa área tem como competência principal a política nacional de cultura viva. Nosso ponto focal é gerir a política [cultural], coordenar, monitorar as ações dos projetos que façam a promoção da diversidade cultural”, afirmou a chefe da SCDC.
Diretor da Política Nacional de Cultura Viva, João Pontes explicou que o estado não cria pontos de cultura, mas os reconhece. “A Cultura Viva é uma ruptura na história das políticas culturais quando reconhece aquilo que já é feito pelos grupos culturais. Isso, eu acho que é uma das coisas mais incríveis, potentes e revolucionárias, especialmente no momento em que vivemos no Brasil”, salientou.
João detalhou o histórico do Cultura Viva, criado em 2004. Na segunda etapa, iniciada em 2008, vieram os convênios com estados e municípios, mas só em 2014, no terceiro estágio, ganhou o status de política de Estado. Virou lei em 2015. Contudo, o desmonte de 2016 freou as ações que, agora, passam a ser novamente discutidas.
Os dados mais recentes do MinC indicam que existem no país 4.355 Pontos de Cultura espalhados pelo Brasil. Na liderança estão os estados de São Paulo (1.068), Rio de Janeiro (396) e Bahia (366).
Foto: Filipe Araújo/MinC
Barco-Museu
Alagoas, no Nordeste do país, tem cerca de 80 Pontos de Cultura. Um museu itinerante, navegando sob as águas do Rio São Francisco, chama atenção por oferecer cultura a crianças e comunidades ribeirinhas. Idealizadora da ousada proposta de Barco-Museu, chamado posteriormente de Ponto de Cultura Arte em Movimento - Museu Coleção Karandash, a artista plástica Maria Amélia Vieira está animada com o retorno do MinC e das políticas culturais brasileiras, especialmente no fomento dos Pontos de Cultura.
Na década de 1980, Maria Amélia e o marido, Dalton Costa, também artista plástico, criaram a galeria de arte Karandash (pronúncia da palavra lápis, em russo). Duas décadas depois, com intuito de promover uma cultura itinerante entre Alagoas e Sergipe, estados separados pelo Velho Chico, veio a ideia do Barco-Museu. Estima-se que mais de duas mil crianças, jovens e adultos foram atendidos pelo projeto com oficinas que vão de pintura, à fotografia e cinema, passando pela escultura, bordado e artesanato.
“No começo, não entrava na cabeça das pessoas que um barco poderia ser um museu. Os primeiros recursos vieram por meio do Pontos de Cultura e, atualmente, desenvolvemos projetos por meio da Lei Rouanet“, conta a artista.
Professor, escritor e doutor em Literatura pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Roberto Sarmento Lima escreveu artigo em que relaciona o Barco-Museu com grandes obras literárias. “A ideia de expor trabalhos da área das artes visuais e promover oficinas de arte, fazendo interagir profissionais com pessoas desejosas de expressão artística em um barco itinerante, pode estar relacionada com a ideia, bem antiga, da viagem por águas profundas, como a que fez Ulisses, na Odisseia, de Homero, ou, mais recentemente, como a que se vê no “Conto da ilha desconhecida”, de José Saramago”, observou no artigo Reflexões sobre um Barco-Museu: Projeto Museu no Balanço das Águas.
A relação dos mais diferentes tipos de cultura, popular e contemporânea, desenvolvida ali, tem curioso fato histórico. Foi nesse cenário que Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião. atuou. Fruto de inspiração para cinema, literatura e outras artes, o famoso cangaceiro do sertão nordestino faleceu em 1938 onde nasceu o Projeto Barco-Museu.
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