sábado, 12 de novembro de 2011

Oficina quer tornar adolescentes protagonistas de políticas sociais


Encontro organizado por grupo de pesquisa sobre violência contra mulheres, crianças e adolescentes quer aumentar participação dos jovens na elaboração de políticas públicas
Henrique Bolgue - Da Secretaria de Comunicação da UnB

Juliana Corrêa Silva, 13 anos, sofreu nas mãos do pai, em Manaus. A violência em casa fez com ela perdesse um ano da escola. Com medo de denunciar a situação, foi acolhida pela Casa Mamãe Margarida e hoje, além de ter voltado a sonhar, com a música – quer ser cantora –, ajuda outras meninas a superar as mesmas dificuldades – a violência e a exploração sexual.
Exemplos de vida como Juliana serviram como tema de debate da 1º oficina nacional "Disseminação da Metologia Pesquisa-Ação e Intervenção Social (PAIS) com adolescentes em situação de exploração sexual nas cidades-sede da Copa Mundial de Futebol 2014. A abertura do encontro aconteceu na manhã desta sexta-feira, 11, no auditório do Hotal Brasília Imperial. Uma iniciativa para unir jovens e educadores em busca da melhoria das políticas públicas para crianças e adolescentes.
MÉTODO - "A política para o jovem tem que ser feita e pensada por eles", afirma Maria Lúcia Leal, coordenadora do Violes – Grupo de Pesquisa sobre o Tráfico de Pessoas, Violência e Exploração Sexual de Mulheres, Crianças e Adolescentes, do Departamento de Serviço Social da UnB, organizador do evento. Por isso mesmo, a oficina divide os participantes das discussões em dois blocos: de um lado os jovens; de outro, diretores dos institutos que os acolhem. Ao final, juntam-se as propostas. A ideia é tornar o método de elaboração de políticas mais democrático e participativo.
Na noite desta sexta-feira, a partir das 19h, os jovens foram os protagonistas de um grande show de talentos no Museu Nacional. Eles apresentaram vídeos que contam suas experiências e espetáculos de balé, música e teatro. Um dos espetáculos, a peça "É", será realizada por meninos de rua do Distrito Federal e dirigida pela professora do Instituto de Artes, Izabela Brochado.
Foram homenageados o reitor José Geraldo de Sousa Júnior, que contribuiu para a realização da oficina, e a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), que financiou o evento. A oficina estende-se até este sábado, quando está prevista plenária com a participação de todos os participantes. A ideia é definir uma agenda de encontros e ações envolvendo os jovens até a Copa de 2014.
MARGINALIDADE - A abertura da atividade reuniu 56 adolescentes representando 22 instituições de todas as regiões do País e contou com depoimentos emocionantes. Apesar do nome da oficina, as histórias dos adolescentes foram além da exploração sexual, e demonstram que eles também estão à margem da sociedade em outros aspectos.
Wanderson de Sá Mendes, que faz parte da instituição Oficina de Imagens, afirma que muitas crianças nas ruas não querem e nem podem voltar para suas famílias. Jamila de Oliveira Lopes, 19, é um exemplo de que, mesmo pobre, o apoio da família pode reverter o quadro social. De aluna de balé da instituição EDISCA (Escola de Dança e Integração Social para Criança e Adolescente) em Fortaleza, tornou-se a professora. "Por meio da arte pude realizar o sonho de ajudar os outros", diz.
Para Maria Lúcia os depoimentos demonstram que a defesa dos direitos das crianças e adolescentes ganha muito mais força com a participação deles mesmos. Ela acredita que o jovem precisa tomar consciência de seus direitos para exigi-los. "Precisamos formar lideranças que chamem para si a defesa dos seus direitos". O professor Carlos Lima, do núcleo de estudos e pesquisas de políticas sociais da UnB, observa que as leis existirem, grande parte dos jovens não vêem seus efeitos. "Ainda estamos engatinhando na implantação dessas medidas", diz.
Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada. Textos: UnB Agência. Fotos: nome do fotógrafo/UnB Agência.

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