terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Com vilões ridículos, 'Terra e Paixão' nos faz ter saudade de Manoel Carlos

Com vilões ridículos, 'Terra e Paixão' nos faz ter saudade de Manoel Carlos

O que mais ouço ultimamente é que a Globo perdeu a mão para novelas. Na verdade, para um acerto como "Vai Na Fé" ou "Amor Perfeito" há muitas tentativas e erros. E um equívoco bem grande tem sido assinado nos últimos meses por Walcyr Carrasco.


A trama de "Terra e Paixão" parece até um remake de tão lugar-comum. Mais do que isso, é uma história de caricaturas. Seus personagens não se assemelham a pessoas de verdade. São vilões demais, ridículos demais, interesseiros demais.


Alguém pode perguntar: "Mas o mundo não está cheio de interesseiros?" Sim, está, mas nenhum tão óbvio quanto as criaturas criadas por Walcyr Carrasco.


Além disso, a trama não se sustenta sem definição: se é uma comédia-pastelão ou um drama pesado. Thelma Guedes tentou redefinir a história para um drama, mas a comédia, a farsa já tinham sido muito expostas. Ficou nem lá, nem cá. Ou seja, nada.


Aquele bordel, uma insistência do autor, chega no máximo a uma caricatura, assim como o coronel ambicioso e suas mulheres lambonas e sanguinárias que, por sorte, conseguiram intérpretes maiores, magníficos, que conseguem transformar pedras baratas em barras de ouro.


Tony Ramos, por exemplo, nestes últimos capítulos conseguiu dar show de humanização no seu espectro de personagem. Assim brilharam também Gloria Pires e Eliane Giardini nos mais recentes capítulos, com seus arremedos de gente.


Tata Werneck também consegue se equilibrar entre o histrionismo e a tragédia com galhardia. Mas novela é antes de tudo trama, e está aí o maior pecado no ar no horário das 9 da noite da Globo.


A historieta não se sustenta e verga com o peso de tantos talentos e uma direção forte. Ai, que saudades de Ivani Ribeiro, Manoel Carlos e Benedito Ruy Barbosa.


Opinião

Leão LoboLeão Lobo                                                                                Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fato

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