sexta-feira, 14 de abril de 2023

Acordos assinados entre Brasil e China somam R$ 50 bilhões; veja lista Lula, na China, prega união de países em desenvolvimento

 

Acordos assinados entre Brasil e China somam R$ 50 bilhões; veja lista

Assinados pelos presidentes Lula e Xi Jinping, os acordos vão de medidas para facilitar o comércio a ações que beneficiam a agricultura, passando pela cooperação industrial e a construção de satélite

Ricardo Stuckert

Lula é recebido pelo presidente chinês, Xi Jinping

Acordos firmados, nesta sexta-feira (14), entre Brasil e China devem somar cerca de R$ 50 bilhões em investimentos, segundo cálculos informados pelo Ministério da Fazenda à Folha de S. Paulo. São 15 protocolos, memorandos e planos assinados pelos presidentes Lula e Xi Jinping (veja lista abaixo).

Pelo Twitter, Lula informou que os acordos vão ajudar o Brasil a avançar em áreas como energias renováveis, indústria automotiva, agronegócio, linhas de crédito verde, tecnologia da informação, saúde e infraestrutura.

Um dos destaques é o avanço na parceria entre os dois países na construção do satélite CBERS-6, munido de uma tecnologia que permite o monitoramento de florestas como a Amazônia mesmo com nuvens.

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Foram acertadas ainda a criação de um grupo de trabalho para implementar medidas que facilitem o comércio bilateral e cooperações nas áreas de pesquisa e inovação, tecnologias da informação e comunicação, promoção industrial e investimentos na economia digital.

Na área da agricultura, foram assinados um plano de trabalho de cooperação na certificação eletrônica para produtos de origem animal e um protocolo sobre requisitos sanitários e de quarentena para proteína processada de animais terrestres a ser exportada do Brasil para a China.

Reindutrialização e negociações em real e iene

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (14), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que acompanha Lula na viagem, disse que uma preocupação constante do presidente tem sido com o fortalecimento da indústria no Brasil por meio de investimentos de empresas chinesas.

“O presidente colocou, em todas as reuniões, o desafio de intensificarmos os estudos sobre a viabilidade de reindustrializar o Brasil em parceria com o capital chinês, que está disponível e vê na América do Sul uma oportunidade de criar ali uma plataforma para seus produtos tanto para venda local quanto para exportação”, disse Haddad.

O ministro também comentou a declaração de Lula sobre a possibilidade de China e Brasil começarem a fazer negócios não mais em dólar, mas com suas moedas locais. Na quinta-feira (13), Haddad já havia dito que essa é uma forma de “escapar da camisa de força de ter comércio fixado em moeda de um país que não faz parte da transação”.

Nesta sexta-feira, ele lembrou que se trata de uma discussão inciada anos atrás, tanto no âmbito do Mercosul quanto no dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Essa ideia prosperou com alguma celeridade no Mercosul, mas no período recente retraiu barbaramente. Agora, volta à mesa para que aprofundemos o tema e possamos promover o intercâmbio comercial com base nessa filosofia.”

LISTA DE ACORDOS ASSINADOS

Memorando de entendimento sobre o grupo de trabalho de facilitação de comércio

Protocolo complementar sobre o desenvolvimento conjunto do CBERS-6 ao acordo-quadro sobre cooperação em aplicações pacíficas de ciência e tecnologia do espaço exterior

Memorando de entendimento sobre cooperação em pesquisa e inovação

Memorando de entendimento sobre cooperação em tecnologias da informação e comunicação

Memorando de entendimento para a promoção do investimento e cooperação industrial

Memorando de entendimento sobre o fortalecimento da cooperação em investimentos na economia digital

Memorando de entendimento entre o Ministério da Fazenda do Brasil e o Ministério das Finanças da China

Memorando de entendimento sobre cooperação em informação e comunicações

Acordo de coprodução televisiva

Memorando de entendimento entre Grupo de Mídia da China e Secretaria de Relações Institucionais do Brasil

Acordo de cooperação entre a agência de notícias Xinhua e a EBC (Empresa Brasil de Comunicação)

Memorando de entendimento na cooperação para o desenvolvimento social e rural e combate à fome e à pobreza

Plano de cooperação espacial 2023-2032 entre a Administração Espacial Nacional da China e a agência espacial brasileira

Plano de trabalho de cooperação na certificação eletrônica para produtos de origem animal

Protocolo sobre requisitos sanitários e de quarentena para proteína processada de animais terrestres a ser exportada do Brasil para a China

Da Redação, com informações do Ministério da Fazenda

Lula, na China, prega união de países em desenvolvimento

Presidente participou da posse de Dilma Rousseff como presidenta do Banco dos Brics e defendeu que países façam comércio em suas próprias moedas. Nesta sexta, ele se encontra com Xi Jinping

Ricardo Stuckert

Lula e Dilma, nova presidenta do NDB: banco é símbolo do poder de união dos países emergentes

Após participar, na quinta-feira (13), em Xangai, da posse de Dilma Rousseff como presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, também chamado de Banco dos Brics, e visitar empresas, Lula se reúne, nesta sexta (14), com o presidente da China, Xi Jinping, e assina importantes acordos entre os dois países.

Serão firmados cerca de 20 acordos em diversas áreas, como saúde, tecnologia, agricultura, combate à fome, internet e meio ambiente. Um deles prevê a construção conjunta do satélite CBERS-6, cuja tecnologia permitirá o monitoramento da Amazônia e outros biomas mesmo com nuvens, o que garantirá um combate ao desmatamento mais eficaz.

Para Lula, países em desenvolvimento devem se unir para, juntos e de forma soberana, alcançar seus objetivos comuns, como o combate à pobreza e à fome e o aumento da renda e da qualidade de vida de suas populações. E um exemplo claro de que essa união é possível é o NDB, criado em 2014 e agora comandado por Dilma.

“A decisão de criar este banco foi um marco na atuação conjunta dos países emergentes. As necessidades de financiamento não atendidas dos países em desenvolvimento eram e continuam enormes”, afirmou Lula ao discursar na cerimônia de posse da Dilma (assista abaixo). 

“Pela primeira vez, um banco de desenvolvimento de alcance global foi estabelecido sem a participação de países desenvolvidos em sua fase inicial. O Novo Banco de Desenvolvimento tem um grande potencial transformador, na medida em que liberta os países emergentes da submissão às instituições financeiras tradicionais, que pretendem nos governar, sem que tenham mandato para isso”, completou.

Lula defendeu ainda que o NDB possa ajudar os países emergentes a realizar suas trocas comerciais utilizando suas próprias moedas, e não apenas o dólar. “Todas as noites eu me pergunto por que os países estão obrigados a fazer seu comércio lastreado no dólar? Por que não podemos fazer na nossa moeda? Hoje, um país precisa correr atrás de dólar para poder exportar, quando poderiam exportar em sua própria moeda.”

Dilma, por sua vez, afirmou que o banco agora presidido por ela não servirá apenas aos países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “Assumir a presidência do NDB é sem dúvida uma grande oportunidade para fazer mais não só pelos países Brics, mas para outros países emergentes e em desenvolvimento”, assegurou.

Reindustrialização e empregos

Ainda na quinta-feira, Lula visitou as empresas BYD, especializada em veículos elétricos; a Huawei, de tecnologia digital; e a China Communication Construction Company, maior empresa de construção civil do país asiático.

Ampliar as relações comerciais entre os dois países de forma a fortalecer a indústria nacional é um dos objetivos centrais de Lula com a visita. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que faz parte da comitiva que viajou à China, essa meta está sendo alcançada.

“Há um desejo muito grande da China em investir no Brasil, em todas as áreas. Nós tivemos reuniões com empresas voltadas para infraestrutura, construção de ferrovias, pontes, comunicação e rede 5G e do ramo automobilístico, em especial do carro elétrico, que é em todo mundo uma tendência de substituição da frota de combustível fóssil por carga elétrica em função da questão climática”, informou Haddad pelo Twitter.

O fluxo de importação e exportação Brasil-China é recorde ano após ano. Vamos reindustrializar o Brasil gerando empregos de qualidade com investimentos estrangeiros e nacionais”, completou o ministro.

A agenda de Lula nesta sexta-feira ocorre em Pequim. Além do encontro com Xi Jinping e das assinaturas dos acordos, o presidente se reunirá com Zhang Zhigang, presidente da State Grid, empresa estatal de energia elétrica; Zhao Leji, presidente da Assembleia Popular Nacional da China; o primeiro-ministro Li Qiang; e representantes da Federação de Sindicatos de Toda a China.

Da Redação

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