Quatro anos de covid: especialistas comentam desafios pós-pandemia
Os impactos do coronavírus vão desde o avanço na tecnologia das vacinas ao fortalecimento do SUS, passando pelo combate às fake news e à evasão escolar. Relembre alguns dos avanços e dos retrocessos desde 2020
Na opinião da professora do departamento de Ciência Política e de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), Rossana Rocha Reis, o Sistema Único de Saúde, em conjunto com a ciência, saiu fortalecido. Ela lembra que, antes da pandemia, havia campanha para privatizar o SUS e, com a doença, a sociedade percebeu os benefícios do serviço público gratuito.
"Do ponto de vista da informação, aprendemos que tem que regular as redes sociais, não tem como as redes sociais não se responsabilizarem pelo o que é publicado", acrescenta a especialista, em referência à alta circulação de notícias falsas veiculadas em perfis da internet durante a pandemia. Desde então, as redes sociais começaram a identificar informações inverídicas como fake news e bloquear as contas que compartilham esse tipo de conteúdo.
A responsabilização jurídica do mundo virtual também é defendida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A questão está em discussão ainda no Senado Federal, onde há proposta de alterações no Marco Civil da Internet para uma maior responsabilidade das empresas de tecnologia.
A onda de notícias falsas na saúde deixou como "herança", também, a politização das vacinas que, de acordo com a professora da USP, reflete atualmente na baixa cobertura vacinal de outras doenças no país. O imunizante da dengue, por exemplo, disponibilizado este ano, está com procura mais baixa do que o esperado na faixa etária prioritária, de 10 a 14 anos. Haverá, inclusive, uma redistribuição de doses para outros municípios que não tinham sido contemplados.
Para defender a importância da vacinação, em um país que é reconhecido internacionalmente pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), o Instituto Butantan criou o Museu da Vacina. Inaugurado em São Paulo, conta a história da criação de todas as vacinas no mundo e no Brasil.
A onda de notícias falsas na saúde deixou como "herança", também, a politização das vacinas que, de acordo com a professora da USP, reflete atualmente na baixa cobertura vacinal de outras doenças no país. O imunizante da dengue, por exemplo, disponibilizado este ano, está com procura mais baixa do que o esperado na faixa etária prioritária, de 10 a 14 anos. Haverá, inclusive, uma redistribuição de doses para outros municípios que não tinham sido contemplados.
Para defender a importância da vacinação, em um país que é reconhecido internacionalmente pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), o Instituto Butantan criou o Museu da Vacina. Inaugurado em São Paulo, conta a história da criação de todas as vacinas no mundo e no Brasil.
Prejuízo educacional
A educação tem papel importante para evitar a disseminação de notícias falsas. A área, porém, sofre até hoje as consequências da pandemia. Carolina Schmitt Nunes, doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destaca que os impactos na área ainda estão sendo medidos. "Todo o sistema de educação foi colocado à prova naquele momento. Especialmente para o ensino infantil e fundamental, foi mais desafiador", explica, ressaltando que a alfabetização foi a etapa escolar mais prejudicada pelo coronavírus. O programa Alfabetização nas Escolas, lançado pelo governo federal em 2023, tenta reverter esse cenário.
"A gente já sabe que houve o aumento da desigualdade educacional. Naquele período pandêmico em que as crianças e adolescentes ficaram fora das escolas, teve uma diminuição significativa no aprendizado. A gente vai levar mais de uma geração para conseguir reverter esse quadro. E ainda tivemos o pior de tudo, que é o aumento da evasão escolar", enfatiza a especialista.
O abandono escolar tem sido uma das principais preocupações do ministro da Educação, Camilo Santana, que lançou o programa Pé-de-Meia como uma estratégia de permanência na sala de aula. A poupança do Ensino Médio paga valor mensal a estudantes inscritos no Cadastro Único (CadÚnico), além de um depósito de R$ 1 mil na conclusão de cada ano. Ao todo, os alunos podem receber até R$ 9,2 mil.
Entre tantos desafios, Carolina diz reconhecer como ponto positivo a aceleração da digitalização nas escolas, que proporcionou novas metodologias de ensino e aprendizagem. Para ela, há ainda um olhar mais atento para questões de saúde mental neste ambiente, tanto para os estudantes, quanto para os professores.
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