Telebras e Serpro serão convocadas a
reestruturar a infraestrutura de dados da administração. Governo também
promete acelerar o projeto de lei que trata da proteção aos dados
pessoais – cujo texto já deixou o Ministério da Justiça e aguarda
posição da Casa Civil. “Vamos incluir nele que as operadoras que
colaborarem com a espionagem terão concessão cassada”, disse o ministro
das Comunicações, Paulo Bernardo.
Há um mês, quando surgiram notícias específicas sobre a espionagem
americana no Brasil, o governo se mostrou indignado, mas as reações
foram mais retóricas do que práticas. Ainda é cedo para apostar, mas com
indícios de que nem os e-mails da presidenta Dilma Rousseff escaparam à
curiosidade da NSA, já há promessa de uma medida efetiva: mudanças na
rede do Estado.
“Vamos rever toda a rede de comunicações do
governo”, afirmou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, pouco
depois da segunda reunião que teve na segunda-feira, 2/9, no Palácio do
Planalto. A ideia é convocar a Telebras e outros órgãos como o Serpro
para a tarefa.
É um avanço em comparação aos anúncios feitos pelo
governo quando apareceram denúncias de espionagem indiscriminada contra
brasileiros, apesar do evidente atraso de uma medida como essa: não só
poderia ter sido tomada essa decisão há quase 30 dias como, em verdade,
há pelo menos três anos.
Afinal, quando a Telebras foi
reestruturada, em 2010, dotar a administração federal de comunicações
seguras era a primeira das seis tarefas determinadas à estatal pelo
Decreto 7175, que estabeleceu o Plano Nacional de Banda Larga. A missão,
como em boa medida o próprio PNBL, não avançaram como previsto.
Mas
além de prometer uma retomada das comunicações de Estado seguras, o
governo indica que vai atacar também em outras frentes. “Vamos votar o
Marco Civil da Internet e também queremos acelerar a lei de proteção de
dados pessoais, que vamos terminar de analisar e mandar ao Congresso”,
diz Bernardo.
Além das questões já inerentes à proposta, a lei de
proteção de dados deve ganhar um item: a cassação de licenças de
operadoras que, de alguma forma, colaboraram com a espionagem. “Isso
talvez já possa ser enquadrado como preceito constitucional, mas vamos
deixar expresso que se houver colaboração terá a concessão cassada”,
emenda o ministro.
No caso do Marco Civil da Internet, o governo
já sinalizara, há um mês, apoiar a votação do projeto de lei. Mas, como
visto, não houve esforço suficiente para romper com o impasse da
proposta – a resistência das teles ao artigo que trata da neutralidade
de rede. A se ver qual será o impacto de a chefe do governo ter sido
pessoalmente vítima da bisbilhotice dos americanos.
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