No Conversa Com o Presidente, Lula anuncia amplo programa de infraestrutura
“Já sabemos o que fazer daqui para frente, nós sabemos que temos que fazer muito mais do que fizemos em qualquer outro mandato que tivemos, porque precisamos reconstruir o Brasil”, disse Lula, na estreia do programa, nesta terça (13)
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A live Conversa com o Presidente Lula estreou nesta terça-feira (13), como uma nova forma de comunicação entre o chefe do governo e a população. Entrevistado pelo jornalista Marcos Uchôa, o presidente falou sobre as várias realizações de sua administração em apenas cinco meses, a exemplo do aumento real do salário mínimo e da recriação de programas sociais voltados à melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. Ele também anunciou ações importantes que serão adotadas a partir de julho, como o lançamento de um amplo programa para o desenvolvimento nacional, com obras de infraestrutura.
A live foi transmitida nas redes sociais de Lula e na TvPT. A entrevista começou tratando de ações do governo que impactam diretamente o bolso dos trabalhadores, como o aumento real do salário mínimo, a correção da tabela do imposto de renda, a redução dos preços dos combustíveis, do gás de cozinha; o Minha Casa, Minha Casa, Minha Vida, a antecipação do 13º para aposentados e pensionistas e o novo Bolsa Família.
Lula afirmou que a intenção do governo era recuperar políticas públicas que deram certo em seus dois governos anteriores e que foram desmanteladas nos últimos anos. “Como nós tínhamos uma quantidade enorme de políticas públicas que tinham dado certo, a gente, então, resolveu recriar essas políticas públicas para, a partir de agora, a partir do dia 2 de julho, lançar um grande programa de obras, um grande programa para o desenvolvimento nacional, com obras de infraestrutura em todas as áreas. É isso que vai acontecer no país, e por isso eu estou satisfeito com o trabalho que nós estamos fazendo”, acrescentou.
“Nós já sabemos o que fazer daqui para frente, nós sabemos que nós temos que fazer muito mais do que fizemos em qualquer outro mandato que nós tivemos, porque nós precisamos reconstruir o Brasil. Eu chego em estados por aí, em cada estado que eu chego eu pergunto se alguém lembra de alguma obra de infraestrutura feita pelo governo passado. Ninguém lembra”, disse o presidente.
“Em estado que eu vou, ninguém lembra de obra. Então nós temos que reconstruir. Só para você ter uma ideia, Uchôa, nós encontramos 14 mil obras paradas; só na educação são 4 mil obras paradas. No Minha Casa, Minha Vida, são milhares de obras que ficaram paradas desde o governo Dilma [Rousseff]”, sublinhou Lula, acrescentando que seu objetivo é, em 2026, “entregar o país melhor do que eu já entreguei em 2010”.
Perguntado sobre os resultados positivos na economia, como queda da inflação, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e diminuição da taxa de desemprego, o presidente reafirmou o que sempre disse durante a campanha eleitoral: para governar é preciso ter “credibilidade, estabilidade, e previsibilidade”, fatores que, segundo ele, aumentam a confiança tanto dos trabalhadores quanto dos empresários e investidores.
Acordo com União Europeia
Lula também falou sobre a reunião que teve, na segunda-feira (13), com a presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Palácio do Planalto. No encontro, um dos principais temas foram as negociações voltadas à conclusão do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.
Durante a live, Lula reiterou que o Brasil não aceita a cláusula que abriria espaço para a inclusão de produtos europeus nas compras governamentais do país.
“Ela veio conversar comigo sobre o acordo do Mercosul e a União Europeia, e eu disse que nós temos um problema, que nós não aceitamos colocar compras governamentais no acordo, porque senão a gente mata a pequena e média empresa brasileira”, disse o presidente, defendendo a manutenção da exclusividade dos produtos nacionais nas aquisições do governo. Apesar do impasse, Lula disse estar otimista em relação às negociações. “Eu quero fazer o acordo, e, se Deus quiser, quero fazer até o fim do ano”, disse.
Viagem à Itália
Ainda na live, Lula falou sobre a visita que fará ao papa Francisco, durante viagem a Roma, na próxima semana. Ele informou que também terá um encontro com o presidente da Itália, Sergio Matarella, e pontuou que essa visita é importante, entre outros motivos, porque há muitos anos um governante italiano não visita o Brasil.
“Eu vou tomar a iniciativa. Eu quero não apenas me encontrar com o papa, mas eu quero me encontrar com o presidente da Itália, e depois vou participar de um encontro econômico em Paris. Vou fazer o encerramento de um encontro econômico”, disse Lula, sublinhando que o Brasil “tem 30 milhões de italianos e descendentes de italianos” e que é importante uma reaproximação com o país europeu.
Agronegócio
O jornalista Marcos Uchôa perguntou a Lula sobre a relação entre o governo e o agronegócio. O presidente disse não ter qualquer restrição aos grandes produtores rurais e citou ações importantes que ele adotou para o fomento do setor.
“Eu nunca tive problema com o agronegócio. Eu governei por oito anos este país, e eles sabem o que nós fizemos por eles. Eles sabem que nós temos responsabilidade com o salto de qualidade que deu a agricultura brasileira por causa do financiamento que nós fazíamos, financiamento de máquinas”, disse o presidente.
“No nosso tempo, essas máquinas colheitadeiras grandes, que parecem um robô, essas máquinas eram financiadas com 2% de juros ao ano. Hoje eles estão pagando 14% ou 18% ao ano. Então eles sabem que, do ponto de vista econômico, eles não têm problema conosco, do ponto de vista do financiamento. O problema pode ser ideológico. Se é ideológico, paciência, a gente vai estar em campos opostos”, afirmou.
Lula também criticou setores que estimulam um conflito entre o agronegócio e os pequenos e médios produtores rurais. “Não há incompatibilidade entre o pequeno e médio produtor e o grande produtor. Não há incompatibilidade. Isso está na cabeça de quem não quer pensar direito, porque, na verdade, o Brasil precisa dos dois. Os dois são complementares, os dois ajudam o Brasil”, disse. “Nós vamos anunciar o Plano Safra, agora, tanto para a agricultura familiar quanto para o agronegócio, e eles vão perceber que, da parte do governo, não há nenhuma objeção a eles. O que nós queremos é que todos produzam, cresçam, e o Brasil cresça junto”, acrescentou o presidente.
Reforma agrária
Durante a live, o presidente reafirmou o compromisso do governo com a reforma agrária. “Nós temos aproximadamente 4,6 milhões de propriedades com menos de 100 hectares. Essas propriedades geram bastante oportunidades de trabalho, porque ninguém consegue produzir em 50 hectares sozinho, 100 hectares sozinho. Então, é preciso que as pessoas tenham gente que trabalhe. Isso é importante, porque o trabalho dá dignidade à pessoa”, disse Lula. “Então nós vamos fortalecer a pequena e média propriedade, nós vamos fortalecer o agronegócio, nós vamos continuar a fazer a reforma agrária, porque onde precisar assentar gente nós vamos assentar”, declarou
“Eu falei para o Paulo Teixeira [ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar]: ‘não precisa invadir terra. Se quem faz o levantamento das terras improdutivas é o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), é o Incra que comunica ao governo quais são as propriedades improdutivas que existem em cada estado brasileiro, e, a partir daí, nós vamos discutir a ocupação dessas terras’. É simples. Não precisa ter barulho, não precisa ter guerra. O que precisa ter é competência e capacidade de articulação”, afirmou.
O presidente disse ainda que, com base nas informações repassadas pelo Incra, o governo vai realizar a reforma agrária. “Então disse para o Paulo: ‘eu quero que o Incra me dê a quantidade de terras ociosas que ele acha que tem no Brasil’. É em torno disso que a gente vai discutir com a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), com os Sem Terra, com a Cetraf (Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar), para que a gente possa fazer os assentamentos necessários com muita tranquilidade”, disse o presidente.
“Tem que colocar os trabalhadores que querem trabalhar para trabalhar. Não tem problema, não tem que haver luta, não tem que haver guerra. O que tem que haver é compreensão de que o Brasil precisa ter segurança alimentar e, por isso, o Brasil precisa muito, para que a gente tenha, inclusive, estoque regulador”, frisou. “Se tiver uma crise de alimentos no mundo, nós temos que ter a garantia de que não vai faltar nem o arroz nem o feijão para o nosso povo”.
Enem
Como fez em viagem recente a Pernambuco, o presidente voltou, durante a live, a convocar os estudantes a participarem do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “É importante que todas as pessoas que têm idade para se inscrever para o Enem se inscrevam até o dia 16, porque o Enem estava muito desativado. O Enem estava um pouco desmoralizado, e nós precisamos recuperar a força do Enem, porque o Enem foi a coisa mais extraordinária. Nós chegamos a ter 16 milhões de pessoas inscritas”, disse. “Então, é importante que todo mundo que queira fazer universidade, se inscreva no Enem até o dia 16 de junho, para que você possa ter a oportunidade de entrar em uma universidade, fazer um curso e virar doutor ou doutora”.
Da Redação
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